Semanal de Café

Preços de café estendem trajetória baixista
 
Fernando Maximiliano
 
Leonardo Rossetti
Expectativa de maior oferta em meio a demanda possivelmente enfraquecida tem pressionado as cotações. Mercado reage ao aumento nos estoques pendentes e certificados. 
Resumo

•    Cotações de café arábica recuaram 1215 pontos (7,07%) em NY desde o dia 04, encerrando a terça-feira (15) cotado a US₵ 159,50/lb
•    Indicador Cepea de café arábica teve queda de 0,5% no período, cotado a R$ 956,77/saca
•    Preços de café robusta recuaram 3,6% em Londres, para USD 1802/ton na terça-feira (15)
•    Indicador Cepea para o robusta fecha em queda de 1,3%, cotado em R$ 550,67/saca
•    Perspectiva de uma safra maior em 2023 pressiona as cotações
•    Regiões produtores de café no Brasil receberam importantes volumes de chuva e previsão aponta para acumulados de até 200 mm
•    Desde o dia 04 os estoques certificados avançaram mais de 80 mil sacas (21%)
•    Estoques pendentes para classificação avançaram 250% e totalizam quase 600 mil sacas
•    NOAA: probabilidade de 76% de manutenção do La Niña até início do próximo ano
•    Exportações brasileiras tiveram queda de 2,8% em outubro
•    Volume exportado no Vietnã em outubro recua 13,7%, mas acumulado anual mostra avanço de 10,8%
•    Estoques de café nos portos americanos (GCA) tiveram um recuo de 0,9% em outubro

   Fatores baixistas       Fatores altistas

 

Depois de fechar a última semana em recuperação, os preços futuros de café voltaram a cair na última semana e nas primeiras sessões desta semana. Do ponto de vista fundamental, os preços futuros de café tem sido pressionados em meio a perspectiva de uma grande safra em 2023/24 e uma demanda possivelmente enfraquecida, devido aos problemas macroeconômicos, como a inflação e o menor crescimento da econômica global ou possível recessão – para mais detalhes sobre o atual cenário macroeconômico e cambial acesse: Resumo Semanal de Câmbio. O recente aumento nos estoques certificados de café arábica também contribuíram para a tendência atual. 

Em Nova Iorque, a tela com vencimento mais líquido (mar/23) terminou a sessão de ontem (15) cotada a US₵159,50/lb, uma queda de 1215 pontos (7,07%) ante o fechamento da sexta-feira (04). Já em Londres, a tela mais líquida (jan/23) encerrou cotada a USD 1802/t, queda de 3,6% no mesmo período.

No Brasil, a alta do dólar no período, que avançou 5,06% entre a sexta-feira (04) e a segunda-feira (14), contribuiu para amenizar a queda nos preços futuros de café no exterior. O indicador CEPEA para o café arábica marcou uma queda de 0,5%, terminando a segunda-feira (14) cotado a R$ 956,77/saca. Já o café robusta verificou uma queda de 1,3%, fechando a segunda-feira (14) cotado a R$ 550,67/saca.

Como foi comentado, a perspectiva de uma grande safra em 2023 tem sido um dos grandes fatores por trás da tendência baixista observada nas últimas semanas, pois reflete a perspectiva de uma ampla oferta em meio a uma demanda possivelmente enfraquecida. O retorno e a continuidade das chuvas em todo o cinturão cafeeiro endossa esse sentimento. O relatório de precipitação da StoneX, que usa os dados da agência americana NOAA, indica que todas as regiões produtoras de café no Brasil receberam volumes entre 125 e 280 mm nos últimos 60 dias. Além disso, o modelo prevê volumes acumulados de até 200 mm para os próximos 15 dias – acesse aqui o último relatório com histórico e previsão de precipitação nas regiões produtoras (link).  

Anomalia de chuvas no Brasil nos últimos 60 dias em relação à média dos últimos 20 anos

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Fonte: StoneX, com dados de NOAA/NCEP/EMC (GFS: Global Forecast System).

Depois de atingir o menor volume em mais de 20 anos, os estoques certificados voltaram a crescer nas últimas semanas. Os dados divulgados pela ICE mostram que, desde o dia 04/11 até ontem (15), os estoques certificados de café arábica tiveram um avanço de mais de 80 mil sacas (21%), totalizando 468.291 sacas. Além disso, houve um incremento de quase 250% nos estoques pendentes para classificação, para quase 600 mil sacas, que poderão ser incluídos nos estoques certificados caso sejam aprovados no processo de classificação. Como foi abordado em outros relatórios, as condições de diferenciais e frete ainda não estão em níveis que favoreçam o processo de certificação por parte das origens. Portanto, é possível que este café esteja sendo reclassificado.

Nas próximas semanas, o mercado continuará monitorando de perto as condições climáticas no Brasil e nos países produtores, já que, apesar das condições favoráveis no Brasil, por exemplo, a agência americana NOAA continua indicando a permanecia do La Niña até o início do próximo ano, com probabilidade da manutenção do fenômeno de 76% no trimestre dezembro/janeiro/fevereiro. Além disso, será foco do mercado nas próximas semanas, a divulgação do relatório do USDA, que está previso para dezembro e deve ajustar as perspectivas da organização com relação a produção brasileira e o balanço de oferta e demanda de café no mundo em 2022/23. 

Previsão probabilística El Niño/La Niña

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Fonte: CPC/IRI/NOAA. Elaboração: StoneX. 
Exportações brasileiras e vietnamitas recuam em outubro; Problemas logísticos continuam impactando as exportações no Brasil

De acordo com os dados divulgados pelo Cecafé na última semana, as exportações brasileiras de café cru totalizaram 3,177 milhões de sacas, volume 2,8% menor que o observado em outubro do ano passado. A queda nas exportações se deu principalmente devido ao recuo de mais de 63% nas exportações do tipo robusta, que totalizou 110,7 mil sacas – as exportações de café robusta brasileiro tiveram importante recuo devido à forte demanda pela indústria no mercado doméstico. Para o tipo arábica, as exportações totalizaram 3,066 milhões de sacas, representando um aumento de 3,3%. 

Exportações brasileiras de café (milhões de sacas)

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Fonte: Cecafé. Elaboração: StoneX.

Marcos Matos, diretor geral do Cecafé, comentou em um evento na Costa Rica, que as exportações brasileiras ainda seguem sendo impactadas pelos problemas logísticos, principalmente pela falta de contêineres. Além disso, Matos atribui a forte queda nas exportações de café robusta a forte demanda por parte da indústria no Brasil. Segundo ele, algumas indústrias têm usado até 85% de café robusta no blend. 

De acordo com a agência aduaneira do Vietnã, o país exportou 1,33 milhões de sacas em outubro, volume 13,7% menor que o observado em outubro de 2021. No entanto, as exportações acumuladas em 2022 somam 23,33 milhões de sacas, representando um avanço de 10,8% se comparado com o mesmo período do ano passado. Apesar do recuo em outubro, o Vietnã tem sido o principal fornecedor do tipo robusta para o mundo, enquanto as exportações brasileiras do tipo recuaram em meio a forte demanda no mercado doméstico. Importante mencionar que o país asiático esteve em período de entressafra, com a colheita se iniciando em novembro e com perspectiva de avanços nas próximas semanas. 

Exportações vietnamitas de café (milhões de sacas)

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Fonte: Vietnam Customs. Elaboração: StoneX.
Estoques nos portos americanos apresentaram recuo de 0,9% em outubro

De acordo com a Green Coffee Association, os estoques de café nos portos americanos totalizaram 6.320.157 sacas no dia 31/10, representando uma queda de 58.321 (0,9%) com relação ao mês de setembro. Além disso, os estoques estiveram 2,8% abaixo da média dos últimos 5 anos. Apesar do recuo, os estoques em outubro foram 5,8% maiores que o observado no mesmo mês do ano passado. Desde o início do ano, os estoques GCA tiveram um incremento de 8,3%.

Estoques de café nos portos americanos – GCA (milhões de sacas)

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Fonte: GCA. Elaboração: StoneX.

 

Os estoques GCA podem ser considerados um indicador do ritmo de consumo nos EUA, mas não podem ser analisados sem considerar as importações de café no país. Os dados do mês de outubro ainda não estão disponíveis, mas o relatório do USDA de setembro mostrou que o país importou 1,784 milhões de sacas naquele mês, representando uma queda de 8,2% com relação ao mês anterior, mas um avanço de 7,3% se comparado com setembro de 2021. O acumulado das importações de café nos EUA até setembro totalizou 18,368 milhões de sacas, representando um aumento de 4,5% com relação ao mesmo período de 2021. No entanto, volume é 5,9% inferior ao observado no mesmo período de 2019 (pré-pandemia), quando o país importou 19,529 milhões de sacas. 

tabela de indicadores
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Fontes: ICE/NY; ICE/EU; B3; Commodity Network Trader’s Pro.
 

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