• Cotações de café arábica avançaram 1510 pontos (9,75%) em NY na semana, terminando cotado a US₵ 169,90/lb
• Preços de café robusta avançaram USD 109/t em Londres (5,6%) na semana, para USD 2053/ton
• Indicador Cepea para o arábica terminou a semana com alta de 5,9%, cotado em R$ 1.061,83/saca
• Cepea para o Café robusta teve alta de 2,7%, terminando a semana a R$ 687,74/saca
• Estoques certificados de café robusta tiveram queda de 2,2% na semana ▲
• Primeiras estimativas arrefecem otimismo com a produção brasileira ▲
• Conab estima produção em 54,9 milhões de sacas, sendo 37,4 milhões de sacas de café ▲
• StoneX finaliza Crop Tour e deve divulgar suas estimativas nas próximas semanas
• Dólar recua em semana mais estável ▲
• Decisões dos bancos centrais pelo mundo e indicadores de atividade devem ditar as movimentações nas próximas sessões
• Forte entrada de divisas no Brasil favoreceu a moeda brasileira ▲
• Inflação do café ao consumidor termina 2022 em alta nos EUA e Europa ▼
• Alta de commodities energéticas podem continuar sendo problema às torrefatores da zona do euro
▼ Fatores baixistas ▲ Fatores altistas
Nas últimas semanas, os preços futuros de café reagiram a fatores técnicos e macroeconômicos, como a cobertura futura de posições por parte dos agentes especulativos e a recuperação da moeda brasileira, e ao ajuste nas expectativas dos participantes com relação ao tamanho da safra brasileira em 2023. Os preços futuros terminaram a última sexta-feira (27) com avanço semanal de 9,75% para o contrato mais ativo, mar/23, que fechou cotado a US₵ 169,90/lb, completando a sexta sessão consecutiva com valorização dos preços.
Na esteira das movimentações em Nova Iorque, os preços futuros de café robusta também apresentaram uma tendência positiva, completando na sexta-feira (27) quatro sessões consecutivas com ganhos, superando o patamar dos USD 2000/ton na sexta, quando fechou cotado em USD 2053/ton, tendo uma variação semanal de 5,6%. Os preços futuros de robusta também reagiram a queda nos estoques certificados do tipo, que apresentou queda de 2,2% na última semana – desde o início do ano, os estoques certificados de café robusta tiveram queda de 3,2%.
Intraday semanal (contrato mais ativo) - 23/01 a 27/01
Vale a pena mencionar que os movimentos dos preços também foram impactados pela cobertura de posições vendidas por parte dos agentes especulativos. O relatório CFCT da última sexta-feira mostrou que em Nova Iorque, entre os dias 17 e 24 de janeiro, os fundos de gestão ativa reduziram sua posição vendida em 3920 contratos, para uma posição líquida vendida de 40020 contratos. Em Londres, os fundos reduziram sua posição vendida em 5539 contratos, para uma posição líquida vendida de 6267 contratos. Apesar da cobertura de posições observada, a posição dos fundos em Nova Iorque deve monitorada, tendo em vista que estiveram com uma posição líquida maior que a média dos últimos 5 anos, que é de quase 10,8 mil contratos vendidos.
Posição dos fundos de gestão ativa em futuros e opções em Nova Iorque versus os preços futuros de café arábica
No Brasil, os preços de café arábica e café robusta terminaram a semana em alta. O indicador CEPEA para o café arábica indicou um avanço de 5,9% nos preços, para R$ 1.061,83/sc. Já o indicador para o café robusta apresentou avanço de 2,7% na semana, para R$ 687,74/sc.
Como já comentado em outras edições deste relatório, os participantes do mercado de café seguem atentos as perspectivas para a produção brasileira de café em 2023, analisando quaisquer evidências que possam sugerir o possível tamanho da safra. Apesar do La Niña, o regime hídrico no Brasil apresentou condições favoráveis ao desenvolvimento da safra, tendo em vista os abundantes acumulados de chuva nos últimos meses. Tal condição alimentou um otimismo com relação ao tamanho da safra brasileira em 2023.
No entanto, a divulgação dos primeiros relatórios e os relatos de profissionais familiares com a produção brasileira, tem apontado para uma produção não tão grande, o que arrefeceu as expectativas dos participantes e contribuiu para a recuperação nos preços de café nas últimas semanas. Em divulgação recente, a Conab apresentou suas estimativas para a produção brasileira em 54,9 milhões de sacas, sendo 37,4 milhões de sacas de café arábica e 17,5 milhões de café robusta. Existem estimativas de empresas privadas que vão de pouco mais de 60 milhões de sacas até mais de 75 milhões de sacas para a próxima safra. A StoneX concluiu a última etapa do Crop Tour nas áreas produtoras de café e divulgará os seus resultados nas próximas semanas.
Nas próximas semanas, as atenções dos agentes seguirão focadas nas perspectivas para a produção brasileira em 2023, com melhor definição à medida que novas estimativas são divulgadas. Como parte desta análise, as condições climáticas continuam no radar dos agentes. Ademais, nas próximas semanas serão repercutidos os dados de exportação dos países e os dados de importação de café nos EUA em dezembro, que deverá ser divulgado pelo USDA no dia 7 de fevereiro.
Em uma semana de maior estabilidade no mercado cambial, o dólar encerrou o período com queda de 1,8% em relação à sexta-feira anterior, cotado a R$ 5,113. No ano, a divisa americana contabiliza uma desvalorização de 3,2%. Já o dollar index terminou cotado a 101,7 pontos, em leve queda de 0,1% e acumulando perdas de 1,5%.
Um forte fluxo de entrada de divisas no país atuou como um dos principais fatores de suporte para a moeda brasileira. De acordo com os dados de fluxo cambial divulgados na última quarta-feira (25) pelo Banco Central, houve no período uma semana a entrada líquida de US$ 666 milhões no país. Mais informações e o histórico detalhado podem ser verificado através do painel interativo no portal da StoneX. O movimento foi responsável por levar a taxa de câmbio a uma mínima de R$ 5,081 na semana, menor valor desde o início de novembro de 2022.
O indicativo de que ciclo de ajustes nas taxas de juros dos principais bancos globais vem desacelerando e se encontram perto do seu fim tende a aumentar a atração para as maiores remunerações dos ativos de renda fixa em mercados emergentes, como o Brasil. Adicionalmente, o resultado acima do esperado para o PIB dos Estados Unidos no 4º trimestre divulgado na última semana, junto da reabertura da economia chinesa e notícias de queda significativa do número de casos graves de Covid-19 no país são favoráveis à demanda por commodities de maneira geral, beneficiado a moeda brasileira.
Esta semana será marcada pelas decisões de política monetária dos bancos centrais da Inglaterra, zona do euro e Estados Unidos, junto de indicadores de atividade para as principais economias globais e dados do mercado de trabalho americano em janeiro. Para o Federal Reserve, com mais de 98% das apostas do mercado esperando por uma elevação de 0,25 p.p., mais do que a decisão em si, os agentes estarão atentos tanto ao comunicado quanto na coletiva de imprensa do presidente do Fed, Jerome Powell, em busca de pistas sobre o caminho que banco central americano pretende seguir em seus próximos encontros.
Para o discurso de Powell, espera-se que o chairman siga reforçando que a taxa de juros americana deve avançar para um patamar final acima dos 5,00% a.a., enquanto a maioria das apostas atuais do mercado, apesar de consideravelmente dispersas, acredita em um máximo de 5,00% com um recuo já na última decisão do ano. Caso o comunicado e fala de Powell mostrem que o Fed não irá recuar de seus planos de manter a taxa de juros elevada por um maior período, é possível que o dólar passe por correções altistas na segunda metade da semana.
No último trimestre de 2022, A inflação do café ao consumidor final nas principais regiões compradoras do grão, a saber, Estados Unidos e Europa, se agregou aos demais fundamentos, como o retorno das chuvas e melhora das exportações brasileiras, para adicionar forte pressão às cotações principalmente do café arábica na bolsa de Nova Iorque. Em janeiro, foram divulgados os dados de inflação de dezembro nestas áreas, o que nos permite fazer um balanço sobre a atual situação dos preços no último ano.
Iniciando pelo no caso brasileiro, os preços do café torrado e moído ao consumidor brasileiro, após ter atingido um pico em abril, quando acumulado em 12 meses marcou um avanço de 67,5% nos preços, passaram a registrar uma intensa queda no ritmo de crescimento dos preços, para chegar a dezembro com crescimento de 13,5% no intervalo de janeiro a dezembro. Já o café solúvel encerrou o ano com crescimento de 18,76%, superando a alta do café torrado e moído na passagem de novembro para dezembro.
Enquanto no Brasil o problema com o forte crescimento passou por grande alívio, o que também deve receber contribuição da redução dos preços verificada nos últimos meses, o problema nos Estados Unidos e Europa ainda persiste. As principais regiões compradoras e consumidoras conseguiram segurar os preços em uma estabilidade muito maior ao longo de 2021, momento que o Brasil já passava por forte elevação.
Inflação do café torrado e moído ao consumidor acumulada em 12 meses
Os efeitos inflacionários que demoraram para chegar no exterior, agora ainda não apresenta sinais de arrefecimento. Nos Estados Unidos, apesar de a inflação acumulada tem oscilado mensalmente entre perdas e ganhos desde agosto, os avanços têm se mostrado mais intensos, levando o acumulado em 12 meses terminar em seu maior patamar do ano, em 27,0%.
Já a zona do euro marcou apenas avanços em todos os meses, terminando 2022 com uma inflação acumulada de 11,8%, maior patamar desde o início da série histórica para o bloco econômico, em 2015. Em função da guerra russo-ucraniana, o bloco europeu enfrentou ao longo do ano uma crise energética e econômica. Muitas torrefadores europeias são dependentes do gás-natural como matriz energética, commodity que sofreu valorização significativa, o que comprimiu as margens destas empresas e às obrigou a fazerem maiores repasses de custos ao consumidor.
Desta maneira, a inflação ao consumidor deve continuar no radar dos agentes, ainda atuando como dúvida às perspectivas para o consumo global da bebida. Neste sentido, a zona do euro deve ser o ponto mais crítico a ser observado, enquanto a guerra e os riscos de uma recessão econômica no bloco permanecerem. Será importante observar também se as novas sanções da União Europeia sobre a importação de derivados do petróleo da Rússia, que começarão a ser impostas em fevereiro, terão novo efeito significativo sobre a inflação de maneira geral e aos custos produtivos das torrefadoras, o que pode continuar obrigando novos repasses ao consumidor final.
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