• Futuros de café arábica terminam a semana com perdas de 500 pontos 2,8%
• Cotações de café robusta recuam USD 39/ton (1,6%)
• Dólar recua para mínimas em 11 meses no mercado cambial brasileiro
• Índice de Preços ao Consumidor (CPI) sugere inflação persistente e pressiona commodities na semana
• Cecafé mais um desempenho fraco das exportações brasileiras em abril
• Indicativos de temperaturas mais baixas na semana podem suportar cotações no curto-prazo
• GCA deve divulgar dados de estoques de café nos Estados Unidos em abril
• USDA inicia divulgação de relatórios dos adidos para os países produtores
Os papeis futuros de café encerraram a última semana com resultado negativo em suas principais bolsas de negociação, influenciados por um ambiente macroeconômico mais avesso ao risco e negativo para commodities, com preocupações em relação ao consumo global após a divulgação de dados de inflação acima do esperado nos Estados Unidos em abril e queda nos indicadores de confiança do consumidor no país. Neste contexto, a tela mais ativa do café arábica em Nova Iorque encerrou a sexta-feira (12) cotada a US₵ 182,85/lb, desvalorização semanal de 2,8%. Já a tela equivalente do café robusta em Londres terminou cotada a USD 2432/t, recuo de 1,6%.
Intraday semanal (contrato mais ativo) – 08/05 a 12/05
Na última semana, o Índice de Preços ao Consumidor dos Estados Unidos em abril registrou avanço de 4,0%. Apesar de em linha com o esperado pelo mercado, o indicador mostrou-se mais acelerado em relação a março (0,1%), demonstrando uma inflação ainda resiliente. A informação se junta a dados do mercado de trabalho positivos para o último mês e contribuem para a visão de que a economia americana se encontra ainda aquecida, levantando as dúvidas de se de fato a trajetória de aumento das taxas de juros do país podem cessar, como sinalizado pelo presidente do Fed em seu último comunicado. Este cenário atuou de maneira negativa para commodities no geral na última semana, afetando também os preços do café.
Todavia, vale mencionar que a inflação do café torrado e moído ao consumidor americano registrou queda de 2,3%, quarto resultado negativo consecutivo, levando o acumulado em 12 meses a recuar de 13,9% para 9,3%. O número contribui para uma visão mais positiva acerca do consumo americano, que pode ser favorecido caso a economia do país não demonstre um arrefecimento muito forte em função das altas nas taxas de juros promovidas pelo Fed.
Inflação do café torrado e moído ao consumidor nos Estados Unidos
Nesta segunda-feira (15), as cotações do café arábica iniciaram em forte alta de 3,6% na bolsa de Nova Iorque, com o contrato de jul/23 avançando 3,6%, para encerrar o dia cotado a US₵ 189,4/lb, maior nível desde o final de abril. O mercado reage às previsões de temperaturas baixas em regiões produtoras de café arábica. Segundo o relatório de temperaturas mínimas da StoneX desta segunda, a região Sul de Minas apresenta a perspectivas de temperaturas mais baixas nos próximos dias, com alguns dos municípios monitorados podendo registrar temperaturas mínimas inferiores a 6,0°C. Apesar de não haver um indicativo iminente de geada, a memória recente da geada de 2021 tende a tornar os agentes mais apreensivos em momentos de frentes frias conforme o inverno se aproxima, o que pode gerar movimentos altistas de curto-prazo. Ainda, o recuo do dólar para seus menores patamares no mercado cambial brasileiro em quase um ano também contribui para dar suporte aos preços.
Vale mencionar também que o USDA começou a divulgar seus relatórios dos adidos, disponibilizando suas perspectivas para a produção na Guatemala e Índia até o momento. Novas divulgações para países importantes nesta semana podem gerar oscilações no mercado nas próximas sessões.
Ademais, o Cecafé divulgou na semana passada seu relatório de exportações, revelando nova queda significativa nas exportações em abril. Segundo os dados, no último mês foi registrado um embarque total de 2,4 milhões de sacas de café verde, uma queda de 13,8% em relação ao mesmo mês do último ano, quando foram embarcadas 2,8 milhões de sacas, e recuando 14,2% frente a média dos últimos 5 anos, de 2,9 milhões. Destas, 123 mil foram de café robusta, volume 13,6% menor que as 143 mil exportadas em abril do ano passado, e 2,271 milhões foram café arábica, 13,8% abaixo das 2,635 milhões no mês equivalente em 2022. Segundo o presidente do Cecafé, Márcio Ferreira, o mercado tem apresentado maior liquidez, e muitas compras que foram postergadas, que afetaram o resultado nos últimos meses, podem aparecer em maio e junho e melhorar o desempenho dos números.
No acumulado dos 10 primeiros meses do ano-safra 2022/23 os embarques acumulam 27,3 milhões de sacas, 9,0% abaixo do ano anterior, quando 30 milhões de sacas haviam sido exportadas, e 11,7% abaixo à média dos últimos 5 anos, de 31 milhões. Como temos mencionado nas últimas divulgações, as quedas nas exportações, além de uma menor disponibilidade do café, podem estar relacionadas a uma demanda mais reduzida pelos países importadores, o que poderia ser baixista para as cotações. Neste sentido, o mercado deve acompanhar a divulgação dos dados de estoques nos portos americanos de abril, que devem ser divulgados pela Green Coffee Association (GCA), que junto das importações do país, são vistos como uma das principais proxys sobre a demanda no maior consumidor global.
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