Semanal de Café

Os dados de exportação do Vietnã mostraram que houve uma queda de 22% nas exportações entre junho e julho desse ano, com o volume exportado em julho sendo 4,4% menor que o total exportado em julho de 2022. Além disso, os dados preliminares do GSO (Vietnam General Statistics Office) para o mês de agosto apontam para um total de 1,5 milhão de sacas embarcadas, representando uma queda de mais de 20% se comparado com agosto de 2022. Na Indonésia, os dados oficiais do governo indicam que o volume das exportações da ilha de Sumatra totalizou pouco mais de 252,2 mil sacas em julho, o que é 10,3% menor que o volume exportado no mesmo mês do ano passado. 

No Brasil, devido principalmente à alta do dólar, os preços de café no mercado doméstico terminaram a semana com ganhos. O indicador Cepea para o café arábica apresentou alta de 0,9%, terminando a última sexta cotado em R$ 818,18/sc. O mesmo indicado para o café robusta contabilizou ganhos de 1% na semana, fechando a sexta-feira (01) cotado em R$ 654,28/sc.

Conforme mencionado acima, as altas no dólar forneceram influência negativa aos preços do arábica. Os ganhos na taxa de câmbio foram registrados principalmente na segunda metade da semana, conforme a moeda americana operava em alta no exterior em meio às dúvidas em relação ao desempenho da economia americana e à próxima decisão de política monetária do Federal Reserve, e em meio à percepção de piora fiscal no Brasil. O dólar terminou a última sexta-feira (1) cotado a R$ 4,941, avanço semanal de 1,5%.

Apesar da alta da última semana, nesta segunda-feira (4), o real inicia em recuperação frente ao dólar, suportado pela divulgação feita pelo IBGE na última sexta-feira de que o PIB brasileiro registrou crescimento de 0,9% no 2º trimestre do ano. O desempenho deu sequência ao crescimento de 1,8% no 1º trimestre, de forma que o acumulado na primeira metade de 2023 é de avanço de 3,7%. Após a divulgação, o Boletim Focus divulgado nesta manhã verificou uma mudança significativa das apostas dos agentes para o desempenho da economia brasileira, passando de uma projeção na semana de avanço de 2,31% do PIB para uma expectativa de aumento de 2,56% no último relatório. O indicador tende a fornecer um viés baixista para o dólar na semana no mercado cambial brasileiro, o que pode fornecer algum suporte para aliviar as pressões baixistas das cotações do café na bolsa.

No exterior, o relatório de situação de emprego dos Estados Unidos mostrou que em agosto foram criados 187 mil novos postos de trabalho, levemente acima das expectativas dos analistas, de 170 mil novos empregos. Já a taxa de desemprego passou de 3,5% em julho para 3,8% no mês passado, acima dos 3,5% esperados pelo mercado. Assim, o resultado corrobora a visão de que a economia do país passa por um “pouso suave”, e de que não será necessário que o banco central americano realize novos aumentos nas taxas de juros. Neste contexto, atualmente 93%  das apostas do mercado são de que na reunião do próximo dia 20 o Fed mantenha a taxa básica de juros no atual patamar. A leitura pode favorecer ativos de risco como commodities e moedas de países emergentes emergnetes, como o real e o peso colombiano.

No ponto de vista dos fundamentos, não houve grandes mudanças desde a última edição do relatório semanal de café. Para o mercado de arábica, a finalização da colheita no Brasil a disponibilização do café no mercado tende a atuar de forma baixista no mercado. Além disso, o foco das atenções já é a abertura da florada do café arábica no Brasil, que pode acontecer de forma ampla a partir da chegada das chuvas. Recordando que, a abertura de uma florada ampla e a manutenção de um clima favorável pode atuar negativamente sobre as cotações pois poderia contribuir para um otimismo com o tamanho da safra de 2024. Além disso, os problemas com o consumo de café nos EUA e Europa também tende a impactar negativamente os preços.

Por outro lado, fatores altistas do lado do robusta dão suporte às cotações tanto do café robusta, mas também em alguma medida aos preços do arábica. A oferta reduzida de café na Ásia continuará sendo um fator altista para as cotações, cenário que pode ser facilmente identificado pela forte redução nas exportações como apresentado acima. Ademais, o possível impacto do El Niño nas regiões produtoras de robusta no Brasil também pode atuar de forma positivas para os preços. 

Nas próximas semanas, além do clima, será importante acompanhar a divulgação dos dados de exportação no Brasil pelo Cecafé, que provavelmente deve apontar para um forte avanço nos volumes exportados e atuar de forma negativa para as cotações. Os dados preliminares de exportação divulgado pela Secretaria de Comércio Exterior indica que as exportações de agosto totalizaram quase 3,3 milhões de sacas, o que representa um aumento de 41% se comparado com o volume exportado no mesmo mês em 2022.