Semanal de Café

Alta do dólar e previsão de chuva no Brasil derrubam os preços de café arábica na semana
 
Fernando Maximiliano
 
Leonardo Rossetti
No período, os preços de café robusta permaneceram quase inalterados para o contrato mais ativo, mas com pequenas perdas para os contratos mais distantes
 
Resumo

•    Café arábica recua 500 pontos (3,3%) para encerrar a semana cotado a US¢ 146,15/lb
•    Cotações de café robusta permaneceram quase inalteradas
•    Indicador Cepea registra queda de 2,5% para o arábica e avanço de 0,1% para o robusta
•    Fundos de índice reduziram sua posição liquida comprada em mais de 3,8 mil contratos
•    Clima no Brasil segue como um dos focos de atenção do mercado
•    Serão repercutidos os dados de exportação nos países produtores
•    Possibilidade de reajustes na taxa básica dos EUA e dados aquecidos dão suporte ao dólar
•    Avanço nos rendimentos do tesouro americano refletem sentimento de aversão ao risco global
•    Dólar terminou a semana com alta de 2%, cotado em R$ 5,03 
•    ICE proíbe a certificação de café previamente certificado

Na última semana, os preços futuros de café arábica apresentaram uma trajetória baixista em Nova Iorque. Do ponto de vista dos fundamentos, os preços recuaram em meio a expectativa da chegada da chuva em parte do cinturão cafeeiro no Brasil. Enquanto há algumas semanas os preços avançaram devido as previsões de altas temperaturas, na última semana os modelos passaram a indicar volumes consideráveis de chuvas nas regiões, o que atuou de forma negativa para as cotações – o último modelo de previsão não mostra mais um volume como havia antecipado na semana passada. 

Além do clima, um cenário macroeconômico desfavorável adicionou ainda mais pressão sobre as cotações de café. O dólar terminou a semana em alta, refletindo o avanço nos rendimentos do tesouro americano, impulsionado pela possibilidade de reajuste na taxa básica de juros, conforme indicado em declarações de autoridades do Fed, e dados aquecidos para a atividade produtiva dos Estados Unidos. Neste contexto, o dólar terminou a semana com avanço de 2%, fechando a sexta cotado em R$ 5,03. Ademais, ainda dentro do contexto macroeconômico, um sentimento de aversão ao risco adicionou ao movimento baixista da semana. 

Apesar de o relatório CFTC reportar a posição dos agentes apenas na terça-feira, o último relatório de Nova Iorque mostrou que entre os dias 19 e 26 de setembro os fundos de índice haviam reduzido sua posição liquida comprada em mais de 3,8 mil contratos, fechando a terça-feira (26) com uma posição líquida comprada de 43,5 mil contratos – os fundos de índice tendem a seguir apenas os aspectos macroeconômicos, refletindo principalmente o sentimento de aversão ao risco. 

Em Londres, os preços futuros de café robusta apresentaram resultados mistos. Enquanto o Brasil segue exportando café robusta e é atualmente a origem mais competitiva para o café robusta, a oferta limitada de café em outros países dão suporte aos preços e limitam as perdas na bolsa de Londres. Além da menor oferta na Ásia, dados oficiais mostram que a Costa do Marfim, país produtor de café robusta na África, exportou 345,8 mil sacas nos primeiros 7 meses do ano, representando uma queda de 17% no comparativo anual. 

Em Nova Iorque, o contrato mais ativo apresentou perdas de 500 pontos (3,3%), fechando a sexta-feira cotado em US₵ 146,15/lb. Em Londres, o contrato mais ativo permaneceu quase inalterado, avançando apenas USD 1/t na semana. No entanto, os contratos com vencimentos mais distantes apresentaram leves perdas, com o vencimento de março/24 caindo USD 7/t e de maio/24 caindo USD 11/t. 

Intraday semanal (contrato mais ativo) – 25/09 a 29/09

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Fonte: CommodityNetwork Traders’ Pro. Elaboração: StoneX.

No Brasil, os preços de café no mercado doméstico seguiram as movimentações observadas no exterior, com o arábica terminando a semana em queda e os preços de robusta quase inalterados. O indicador Cepea para o café arábica terminou a semana com perdas de 2,5%, cotado em R$ 779,90/sc. Para o café robusta, o indicador apontou para um pequeno avanço de 0,1%, fechando a sexta cotado em R$ 645,34/sc. 

Do ponto de vista dos fundamentos, não houve grandes mudanças nas últimas semanas, com o foco dos participantes sendo o clima e o desenvolvimento das etapas iniciais da safra no Brasil. Apesar de a previsão da chegada da chuva ter pressionado as cotações, os modelos mais atuais já começam indicar um volume menor que o que havia sido previsto. Em meio as incertezas geradas pelo clima, o mercado de clima toma protagonismo, condição de deve persistir nos próximos meses. 

Além das questões do clima, será repercutido no mercado os resultados das exportações de café em setembro nos países produtores, principalmente Brasil, Vietnam e Colômbia. No Brasil, a expectativa é de avanços nos volumes exportados em relação ao mesmo mês de 2022, principalmente para o café robusta, que é atualmente o mais competitivo do mundo. No Vietnam, seguindo a tendência dos últimos meses, os volumes exportados podem ser inferiores, tendo em vista o elevado patamar dos diferenciais no país, a menor disponibilidade de café e o período de entressafra.  

ICE proíbe a certificação de café previamente certificado

Na última semana, em comunicado oficial, a ICE/NY indicou que a partir do dia 01 de dezembro será proibido a certificação de cafés que já foram certificados e descertificados anteriormente. Este é um tema que tem sido bastante discutido no mercado de café. Conforme apresentado em matérias especiais da StoneX, o processo de certificação de café em um armazém oficial da bolsa depende do nível dos diferenciais de preços nas origens. Um cenário de diferenciais enfraquecidos favorece a certificação, enquanto uma condição de diferenciais fortalecidos tende a desestimular o processo de certificação. 

Em algumas ocasiões nos últimos anos, os diferenciais de preços de café estavam em patamares bastante fortalecidos, o que inviabilizava a certificação de café nos armazéns da bolsa. No entanto, ainda assim foi observado a certificação de cafés, o que levantou a dúvida se aqueles cafés estariam sendo recertificados. Principalmente tendo em vista que volumes massivos de café haviam sido descertificados anteriormente. 

Naquele contexto, foram feitos questionamentos à bolsa sobre a possibilidade de recertificar café. No entanto, até então, não havia uma resposta clara sobre este assunto. Segundo o comunicado oficial, ainda serão aceitas amostras de cafés que já foram certificados até o fechamento da quinta-feira, 30 de novembro.

TABELA DE INDICADORES

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Fontes: ICE/NY; ICE/EU; B3; Commodity Network Trader’s Pro.
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Tags relacionadas: Café

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