• Café arábica avança 2,9% na semana em Nova Iorque, fechando em US₵ 185,15/lb
• Na bolsa de Londres, café robusta avança 6,4% para USD 3128/t
• Indicador Cepea para o café arábica registra alta de 1,2%, cotado a R$ 983,26/saca
• Indicador Cepea de café robusta avança 1,8% para R$ 805,98/saca
• Atualização de projeções no NOAA reforçam chances de La Niña fraco no 2º semestre
• Conab estima alta de 5,5% para a safra brasileira de 2024/25
• Exportações brasileira de café registram alta de 30,6% em dezembro
• Em 2023, exportações de arábica caíram 9,7%, enquanto de robusta subiram 212%
• ICE eleva prêmio para certificação de cafés de Colômbia, Quênia, Guatemala e Costa Rica
• Queda produtiva e problemas logísticos impulsionam cotações de café robusta
• Conflito no Mar Vermelho segue elevando custos logísticos e limitando fluxo de café robusta
Os futuros de café encerraram com desempenho positivo na última semana em suas principais bolsas de negociação. Em Nova Iorque, o café arábica oscilou entre ganhos e perda ao logo da semana, até consolidar o seu ganho semanal no pregão da sexta-feira (19), enquanto o mercado aguarda por mais informações a respeito das estimativas para a safra brasileira de 2024/25 e é influenciado pela forte alta nos preços do café robusta. O contrato de mar/24 fechou a semana cotado a US¢ 185,15/lb, avanço semanal de 515 pontos (2,9%). Em Londres, os futuros de café robusta seguiram em sua escalada de preços, enquanto a oferta limitada permanece, tanto em função das safras menores em Indonésia e Vietnã quanto pelos problemas logísticos ocasionados pelo conflito no Mar Vermelho. Participantes do mercado também tem relatado que produtores vietnamitas têm evitado fechar novos negócios de volumes expressivos, especulando que uma manutenção do conflito possa acarretar preços ainda maiores nas próximas semanas. A tela equivalente no terminal Londrino encerrou cotada a USD 3128/ton, ganho semanal de 6,4%.
Intraday semanal (contrato mais ativo) – 15/01 a 19/01
No mercado físico, o indicador Cepea para o café arábica fechou cotado a R$ 983,26/saca, alta semana de 1,2%. Já o indicador para o café robusta terminou a 805,98/saca ganho de 1,8%.
O clima no Brasil, tanto para o curto quanto para o longo prazo, segue no radar. Segundo relatório Histórico e Previsão de Precipitação da StoneX, as previsões de precipitação têm se mostrado bons volumes para a maior arte das áreas produtoras de café arábica, com os acumulados nos próximos 14 dias podendo ultrapassar os 200 mm em diversas cidades produtoras de Minas Gerais. Por outro lado, a última atualização do NOAA das projeções de Intensidade de El Niño/La Niña reforçou as chances de La Niña do 2º semestre, com a média dos modelos de preditivos sinalizando com maior ênfase a chance de um La Niña fraco a partir do trimestre de julho a setembro. Ao passo que as expectativas para a oferta em 2024 são positivas, as chances de La Niña, que está associado a atraso das chuvas durante o período de florada, deve ficar cada vez mais no radar.
Projeção de variação na temperatura de superfície do Oceano Pacífico (em ºC)
O mercado segue de olho nas estimativas para a produção brasileira deste ano. A Conab divulgou suas primeiras estimativas para a safra brasileira 2024/25, onde aponta um crescimento de 5,5% em relação a 2023/24, para 58,08 milhões de sacas, contra 55 milhões no ano anterior. Dessas, 40,7 milhões são de café arábica, crescimento anual de 4,7%, enquanto 17,3 milhões são para café robusta, avanço de 7,2% em relação à estimativa da Conab para a safra anterior. Apesar de relativamente abaixo da média das principais instituições, os indicativos de crescimento anual, principalmente do café arábica, com boas condições identificada na maior parte das áreas produtoras, tende a contribuir como fundamento baixista.
Para o arábica, segundo a Conab, o aumento nas estimativas ocorreu em função da previsão de aumento da área em produção, especialmente devido à adesão de áreas reformadas nos últimos anos, e em função do aumento de produtividade em quase todas as importantes regiões de São Paulo e Minas Gerais, com exceção do Cerrado, onde a alta carga produtiva da temporada anterior pode impactar no potencial da produção do ciclo atual. Para o café robusta, apesar da preocupação do mercado com o clima adverso provocado pelo El Niño, a Conab identificou um bom desenvolvimento vegetativo no Espírito Santo, sem sinais de pragas ou doenças significativas.
Ademais, o Cecafé divulgou no início da última semana as exportações de dezembro, com os embarques de café verde totalizando 3,8 milhões de sacas, alta de 30,6% em relação ao mesmo mês de 2022. O café arábica foi responsável por 3,3 milhões, alta mensal de 14,9%. Os envios de robusta, por sua vez, totalizaram 526 mil sacas, volume que, apesar de 41% abaixo de novembro, supera o desempenho de dezembro de 2022 em 750%, quando foram embarcadas 62 mil sacas.
Exportações mensais de café verde do Brasil (milhões de sacas)
No total do ano fiscal de 2023, o Brasil acumulou 35,5 milhões de sacas de café verde embarcadas, leve queda de 0,3% ante o ano anterior. Enquanto o café arábica totalizou 30,8 milhões de sacas embarcadas em 2023, queda de 9,7% frente a 2022, o café robusta continuou se destacando, com total exportado de 4,7 milhões de sacas, alta de 212% em relação ao ano passado. A maior competitividade do café brasileiro em detrimento as outras origens, principalmente Vietnã e Indonésia, que vem enfrentando problemas na produção devido ao clima, tende a continuar neste início de 2024, principalmente enquanto se mantiverem os conflitos no Mar vermelho, que tem afetado fortemente os fluxos e custos logísticos entre Ásia e Europa.
Outro destaque da última semana foi o informativo da Intercontinental Exchange (ICE), que anunciou que aumentará os prêmios de preço para as entregas físicas de alguns tipos de café arábica para os estoques certificados no vencimento dos contratos futuros na bolsa. A partir do vencimento do contrato de março de 2026, haverá alterações nos diferenciais de preço para entregas de cafés da Colômbia, Quênia, Costa Rica e Guatemala. O café colombiano terá um prêmio de 10 centavos por libra, acima dos atuais 4 centavos por libra. Os cafés do Quênia e Guatemala também terão um prêmio de 10 centavos sobre os futuros, enquanto para a Guatemala será um prêmio de 5 centavos por libra. A medida parece ter sido uma medida para aproximar mais o valor destes cafés do praticado no mercado físico, e tornam a certificação destes cafés mais atrativa, o que, em meio a estoques em níveis historicamente baixos, pode incentivar as entregas destas origens à bolsa.
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