Semanal de Café

Futuros de café terminam a semana com leve queda
 
Fernando Maximiliano
Leonardo Rossetti
Sem grandes mudanças nos fundamentos, os preços refletiram os aspectos técnicos e a alta do dólar no período
Resumo

•    Café arábica recua 1,0% na semana em Nova Iorque, fechando em US₵ 191,95/lb
•    Na bolsa de Londres, café robusta recua 1,0% para USD 3237/t
•    Indicador Cepea para o café arábica registra alta de 0,4%, cotado a R$ 1014,93/saca
•    Indicador Cepea de café robusta avança 1,4% para R$ 842,88/saca
•    Dólar teve alta de 1,1% na semana para USDBRL 4,97
•    Resultado melhor que o esperado do Relatório de Situação do Emprego suportou a alta do dólar
•    Apostas de que o FED deve manter a taxa básica avançam para 84,5%
•    Cenário de oferta reduzida no curto prazo mantém curva futura invertida
•    Exportações Hondurenhas caíram 8,6% em janeiro
•    Dados do ICafe mostram queda de 28% nas exportações da Costa Rica
•    Perspectivas para a safra brasileira segue sendo tema central

Na última semana, os preços futuros de café apresentaram uma leve queda para os primeiros contratos, mas um avanço para os contratos mais distantes, enquanto a curva futura segue invertida (backwardation). As sessões da última semana foram consideradas com uma atividade leve, com predominância dos agentes especulativos. No período não houve mudanças no ponto de vista dos fundamentos. O contrato de março em Nova Iorque apresentou um recuo de 190 pontos (1,0%) fechando a sexta-feira (02) cotado em US₵ 191,95/lb. Em Londres, o contrato de março apresentou queda de USD 32 (1,0%) para USD 3237/ton. A alta de 1,1% no dólar na semana, para USDBRL 4,97, também contribuiu para pressionar os preços de café. No mercado doméstico brasileiro, os preços de café refletiram a alta do dólar e terminaram a semana com leve valorização. O indicador Cepea para o café arábica apresentou um avanço de 0,4% para R$ 1014,93/saca. O indicador para o café robusta teve um avanço de 1,4% para R$ 842,88/saca. 

Intraday semanal (contrato mais ativo) – 29/01 a 02/02

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Fonte: CommodityNetwork Traders’ Pro. Elaboração: StoneX.

Além da alta do dólar no mercado brasileiro ter influenciado na desvalorização dos preços de café, o ambiente macro também contribuiu negativamente principalmente na segunda metade da semana, com alta do dollar index pressionando o complexo de commodities de maneira geral. Na sexta-feira (2), o resultado significativamente melhor que o esperado do Relatório de Situação do Emprego, divulgado pelo Departamento de Trabalho dos Estados Unidos (DOL), elevou a aversão ao risco dos mercados globais ao postergar a data esperada para o início dos cortes de juros pelo Federal reserve. O relatório indicou a abertura de 353 mil novas vagas no mercado de trabalho americano em janeiro, contra projeções do mercado de 170 mil, contrariando a interpretação de “pouso suave” de parte dos operadores. 

Dessa forma, as apostas de manutenção da taxa básica de juros na reunião de março do Fed se elevaram de 53% para 84,5%, com 62% dos agentes acreditando em um início de cortes no encontro de maio do banco central americano. Vale lembrar que um cenário de manutenção das taxas de juros elevadas nos Estados Unidos por mais tempo contribui para que os agentes busquem rendimentos mais seguros, como títulos de renda fixa em dólar, e desestimula a demanda por ativos de risco, como ações, commodities e moedas de países emergentes, como o real.

Como mencionado acima, a curva futura dos preços segue invertida tanto em Nova Iorque como em Londres, como pode ser observado pela maior valorização dos contratos com vencimentos mais próximos. Essa inversão é reflexo de uma menor oferta no curto prazo enquanto a demanda de café se recupera. Apesar das incertezas, alguns indicadores corroboram com esse cenário, como os dados dos estoques e os resultados financeiros da Starbucks. Além dos estoques certificados, que estão no menor nível desde a década de 90, os estoques no Japão por exemplo tiveram queda de 8,8% em dezembro no comparativo anual e está no menor patamar desde 2017. Enquanto isso, os resultados financeiros da Starbucks no primeiro trimestre fiscal de 2024 indicou um aumento de 5% nas vendas globais. Na América do Norte o aumento das vendas foi de 5% enquanto no restante do mundo o incremento foi de 7%. 

Na última semana, também foi repercutido os dados de exportação de alguns países da América Central. De acordo com o Instituto Nacional do Café de Honduras (IHCafe), as exportações do país totalizaram 476,2 mil sacas em janeiro, representando uma queda de 8,6% no comparativo anual e trazendo o acumulado do ano safra para 781,6 mil sacas, o que é 3,5% menor que o acumulado no mesmo período no ano anterior. Na Costa Rica, a queda nas exportações foi ainda maior em janeiro, com o volume exportado caindo 28% para 60,7 mil sacas, de acordo com Instituto de Café da Costa Rica (ICafe). No acumulado do ano safra, a Costa Rica exportou 133,9 mil sacas, representando uma queda de 9,1% no comparativo anual.

No ponto de vista dos fundamentos, o foco do mercado segue sendo o desenvolvimento e as perspectivas para a safra brasileira em 2024/25. Dados divulgados por entidades públicas e privadas já refletem um cenário de discrepância e incerteza entre as estimativas, condição que não é novidade para o café. Das projeções divulgas nas últimas semanas, a diferença já ultrapassa os 10 milhões de sacas, com a Conab apostando em 58 milhões de sacas e outros agentes privados apostando em mais de 70 milhões de sacas. A StoneX finalizou a segunda etapa de visitas pelas regiões produtoras e divulgará em breve os resultados do estudo e as projeções oficiais da empresa para a safra brasileira em 2024. Ademais, os participantes do mercado devem repercutir os dados de exportações do Brasil em janeiro, que será divulgado pelo Cecafé e acompanhar de perto as questões ligadas a oferta limitada do café robusta na Ásia e os desafios logísticos provocados pelo conflito no Oriente Médio. 

TABELA DE INDICADORES

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Fontes: ICE/NY; ICE/EU; B3; Commodity Network Trader’s Pro.
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Tags relacionadas: Café

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