Giro de Safra do Café StoneX Safra 2024/25

Giro de Safra do Café StoneX Safra 2024/25
 
Fernando Maximiliano
 
Glenio Caetano
Produção brasileira de café deve avançar na próxima temporada, mas ficará aquém do potencial devido aos problemas climáticos

Infelizmente não é novidade, mas um dos maiores desafios do mercado de café é a grande discrepância entre as estimativas da produção de café no Brasil, o que, consequentemente, impacta as projeções para o balanço global de oferta e demanda de café (O&D) e gera grande volatilidade nos preços. Para a safra 2024/25, as estimativas divulgadas até o momento já têm uma variação que supera 12 milhões de sacas, indo de 58 milhões de sacas, de acordo com a Conab, até valores superiores a 70 milhões de sacas, de acordo com organizações privadas. 

Neste contexto, a StoneX conduziu pela sexta vez consecutiva o Giro de Safra pelas regiões produtoras no Brasil. Foram mais de 100 municípios visitados nas principais regiões produtoras do país, nos estados da Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais e São Paulo. 

Depois de 3 anos sob efeito do La Niña, o El Niño foi o principal desafio climático de 2023

A cafeicultura brasileira enfrentou momentos desafiadores nos últimos anos, reflexo de várias adversidades climáticas que ocorreram neste período. O La Niña, que ocorreu entre julho de 2020 e fevereiro de 2023, provocou atrasos nas chuvas no segundo semestre de 2020 e 2021, o que provocou sérios problemas na florada e impactou as produções em 2021 e 2022. Além disso, em 2021, houve a ocorrência de uma geada que provocou grandes perdas na produção de café arábica nas principais regiões do país. Após o La Niña, a temperatura das águas superficiais do Oceano Pacífico Equatorial não deu trégua e logo o El Niño passou a impactar o clima do mundo todo, com os dados do NOAA indicando que a condição de El Niño teve início no trimestre abril, maio e junho de 2023. 

Os efeitos do El Niño impactaram a produção de café no Brasil, assim como impactou em outros países produtores, como Vietnã, Indonésia e Colômbia. No Brasil, o El Niño provocou uma sequência de ondas de calor que ultrapassaram os 40ºC em grande parte do cinturão cafeeiro. Além disso, devido ao fenômeno, grande parte do cinturão cafeeiro teve volumes de chuva bem abaixo da média nos meses de setembro, outubro, novembro e dezembro de 2023, período de desenvolvimento crítico para a produção em 2024. 

De forma geral, para o café, a ocorrência de temperaturas máximas acima de 34ºC em alguns períodos pode provocar perdas no desenvolvimento e na produção. Ademais, nesta condição de temperaturas elevadas, mesmo com o uso de sistemas de irrigação localizada, como gotejamento, o ritmo que a planta perde água para a atmosfera é maior que ela é capaz de absorver do solo, o que impacta o desenvolvimento e o potencial produtivo da planta. Todas as regiões enfrentaram volumes de chuva abaixo da média, mas as regiões do Sul da Bahia, Norte do Espírito Santo e Cerrado Mineiro foram as que mais sofreram com a condição, como pode ser observado no mapa do índice de vegetação VHI no comparativo anual em meados de novembro. Desta forma, o potencial produtivo da safra 2024/25 foi sem dúvida impactado pelas condições climáticas provocadas pelo El Niño. 

Índice vegetativo VHI em novembro de 2023 e em novembro de 2022

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Fonte: NOAA. *De acordo com a NOAA, “se o índice estiver abaixo de 40, indicando diferentes níveis de estresse da vegetação, podem ser esperadas perdas na produção de culturas e pastagens; se o índice for superior a 60 (condição favorável) poderá ser esperada uma produção abundante.”
Sul da Bahia (Robusta)
As lavouras de café no extremo sul da Bahia apresentavam uma grande desuniformidade, com algumas áreas em condições adequadas e outras com claros sinais de que foram impactadas pelo clima seco e quente dos últimos meses de 2023. No geral, o clima reduziu o potencial produtivo da região, com a produtividade média estimada um pouco menor que no ano anterior. No entanto, a produção na região deve aumentar devido expansão da área. Com relação as condições fitossanitárias, foram encontrados focos de ataque da cochonilha, no entanto os ataques aconteceram de forma localizada e o impacto foi limitado. Para 2024/25, a produtividade deve alcançar 58 sacas por hectare, resultando em uma produção de 2,6 milhões de sacas (+2,2%).
Precipitação em relação à média dos últimos 10 anos 
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Fonte: StoneX com dados NOAA/NCEP/EMC (GFS: GLOBAL FORECAST SYSTEM).
Espírito Santo (Robusta)
Na região norte do Espírito Santo, maior produtor de café robusta no Brasil, as lavouras apresentaram uma condição similar ao observado no sul da Bahia, com áreas impactadas pelo clima e pelo ataque da cochonilha. No entanto, o impacto do clima foi menos intenso, enquanto o ataque da cochonilha foi um pouco mais intenso em algumas microrregiões, principalmente no entorno dos municípios de Pancas, Águia Branca e Marilândia. Neste contexto, a produtividade média deve avançar em 2024/25, mas ficará aquém do potencial. Além disso, parte do incremento da produção será resultado do aumento da área em produção em 2024/25. As estimativas da StoneX apontam para uma produção de 16,2 milhões de sacas, representando um avanço de 6,6% com relação à safra anterior.
Precipitação em relação à média dos últimos 10 anos
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Fonte: StoneX com dados NOAA/NCEP/EMC (GFS: GLOBAL FORECAST SYSTEM).
Matas de Minas (Arábica)
Na região das Matas de Minas, as lavouras apresentavam uma boa condição vegetativa e produtiva, sem grandes ataques de pragas e doenças e com volumes satisfatórios de frutos. Apesar dos volumes de chuva abaixo da média em novembro e dezembro, mesmo com as ondas de calor, a temperatura máxima ficou abaixo de 30ºC na maioria do período e não chegou a ultrapassar os 34ºC, limite crítico. Além disso, a região segue em seu ano positivo do ciclo bianual. Desta forma, a produção de café na região foi estimada em 9,2 milhões de sacas, o que representou um avanço de 20% se comparado com a safra do ano anterior. 
Precipitação em relação à média dos últimos 10 anos
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Fonte: StoneX com dados NOAA/NCEP/EMC (GFS: GLOBAL FORECAST SYSTEM).
Cerrado (Arábica)

Na região do Cerrado Mineiro, as lavouras apresentaram uma grande desuniformidade, com as lavouras mais ao sul da região com indicativos claros de que foram impactadas pelo clima seco e pela temperatura excessiva. Os dados históricos mostram que além dos volumes de chuva abaixo da média, a região enfrentou temperaturas máximas acima de 34º durante grande parte do último trimestre do ano passado, como temperaturas na casa do 40ºC em várias ocasiões. No entanto, as lavouras nas áreas mais ao norte da região apresentavam uma condição fito técnica melhor, com um bom crescimento e volumes de frutos satisfatórios. 

Foram observados também áreas de renovação e áreas que foram convertidas para a produção de grãos. Além disso, a região está em seu ano negativo no ciclo bianual, tendência que reflete os impactos da geada de 2021, já que caso contrário, a região deveria estar em seu ano positivo do ciclo. Desta forma, a StoneX estima a produção do cerrado mineiro em 5,4 milhões de sacas em 2024/25, volume 27% menor que a produção do ano anterior.  

Precipitação em relação à média dos últimos 10 anos

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Fonte: StoneX com dados NOAA/NCEP/EMC (GFS: GLOBAL FORECAST SYSTEM).
Sul de Minas (Arábica)

As lavouras na região Sul de Minas Gerais também podem ser caracterizadas pela desuniformidade. Claro, como a região é muito grande, é natural que as lavouras apresentassem diferentes condições. No entanto, as lavouras na região limítrofe com o Cerrado Mineiro e a Alta Mogiana apresentavam condições semelhantes a estas regiões, com menores volumes de frutos e visíveis impactos do clima. As lavouras nas outras microrregiões do Sul de Minas apresentavam condição satisfatória de desenvolvimento e volume de frutos. 

Não foram observados grandes problemas fitossanitários na região. A produtividade média da região Sul de Minas foi estimada em 27 sacas/há e a produção total na região foi estimada em 16,2 milhões de sacas, representando um avanço de 4,7% se comparado com o ano anterior. 

Precipitação em relação à média dos últimos 10 anos

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Fonte: StoneX com dados NOAA/NCEP/EMC (GFS: GLOBAL FORECAST SYSTEM).
São Paulo (Arábica)
No estado de São Paulo, as lavouras, principalmente da região da Alta Mogiana, apresentavam condições similares ao que foi descrito para a região do Cerrado Mineiro. A região como um todo recebeu volumes de chuva abaixo da média nos meses de novembro e dezembro. Além disso, as ondas de calor também impactaram as lavouras na região; os dados históricos mostram que a região enfrentou temperaturas máximas acima de 34ºC em várias ocasiões no último trimestre do ano, com temperaturas alcançando 40ºC em alguns dias. Para a safra 2024/25, a produtividade média de café no estado de São Paulo foi estimada em 28 sacas/ha, com uma produção estimada de 6,3 milhões de sacas (+3,9%).
Precipitação em relação à média dos últimos 10 anos
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Fonte: StoneX com dados NOAA/NCEP/EMC (GFS: GLOBAL FORECAST SYSTEM).
Estimativas para a produção brasileira de café

Com relação a produção em 2023/24, foi realizada uma revisão na projeção com base nos resultados da safra até o momento. Para o café robusta, houve um pequeno ajuste, indo de 21,6 para 21,5 milhões de sacas. No entanto, a estimativa para a produção de arábica foi ajustada para 42,7 milhões de sacas, um incremento de 5% se comparado com a projeção anterior, que era de 40,7 milhões de sacas. Portanto, a produção brasileira de 2023/24 foi ajustada de 62,3 para 64,27 milhões de sacas (+3,2%).

Para 2024/25, a produção brasileira de café foi estimada em 67 milhões de sacas, indicando um avanço de 4,2%. A produção de café arábica foi estimada em 44,3 milhões de sacas, um aumento de 3,6% e a produção de café robusta em 22,7 milhões de sacas, um aumento de 5,5%.

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Fonte: StoneX. 
 
Tags relacionadas: Café

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