Apesar do forte aumento para as vendas de etanol hidratado nos postos, a gasolina, que concorre diretamente com o biocombustível na escolha do consumidor, também registrou crescimento nas vendas, indicando uma elevação da demanda pelo conjunto do ciclo Otto (etanol + gasolina) que a grosso modo representa a demanda energética de veículos leves no Brasil.
Segundo os dados da ANP, em março as vendas de gasolina C ficaram em 3,6 milhões de m³, aumento de 11,5% em relação ao mês anterior. Apesar disso, na base anual, as vendas de gasolina de março ainda indicam uma queda de 6,9% devido ao ganho de share de mercado do etanol hidratado. Contudo, é importante ressaltar que o número ainda se colocou 12% acima da média dos últimos 5 anos, que tiveram um share do biocombustível mais em linha com o verificado em 2024, resultado do aumento de consumo do ciclo Otto.
Fonte: ANP. Elaboração: StoneX.
Diante do cenário apresentado para ambos os combustíveis, o total de ciclo Otto consumido em março/24 alcançou 4,91 milhões de m³, maior valor já registrado para o mês de março, ficando 2,9% acima do comparativo anual e 11% em relação a fevereiro/24. Destaca-se também que a participação do etanol hidratado registrou leve queda em relação ao mês anterior principalmente devido ao grande aumento no consumo de gasolina, já que ambos os combustíveis aumentaram seus volumes de venda.
Dessa forma, o share nacional de hidratado passou de 26,6% em fevereiro/24 para 26,3% em março, número ainda muito superior ao ano anterior, que indicou participação de apenas 18,5% do etanol hidratado no mesmo período.
Fonte: ANP. Elaboração: StoneX.
Apesar do share elevado em relação ao ano anterior, é importante notar que a competitividade do etanol frente à gasolina tem reduzido nas últimas semanas, apesar de ainda se mostrar vantajosa. Desde o dia 15 de março/24 o preço do etanol hidratado vendido pelas usinas já aumentou mais de 30 centavos, sendo negociado na data de escrita deste relatório por volta de R$ 2,80/L, tendo chegado até a R$ 3,00/L em volumes menores de negociação.
Esta movimentação já tem sido absorvida pelo consumidor final nas bombas, que viu a paridade entre a gasolina e o etanol hidratado subir mais de 5 p.p em abril no estado de São Paulo, passando de níveis próximos a 60% para 65,7% ao final de abril. Dessa forma, caberá aos próximos meses indicar qual será a reposta do consumidor aos novos níveis de paridade nos postos.
Apesar disso, com a entrada da safra de cana-de-açúcar 2024/25, e pela paridade ainda confortavelmente abaixo de 70% em São Paulo, a expectativa ainda é de elevados níveis de demanda por etanol hidratado em 2024, que segundo a última estimativa da StoneX, deve chegar a 20,1 milhões de m³, aumento anual de 25,3%. Para acessar o relatório completo clique aqui.
Resumo do dia
Nesta quarta-feira (01), o açúcar bruto deu sequência às quedas de ontem, no vencimento do maio/24. Ao final da sessão de hoje, o julho/24 era precificado a US¢ 19,22/lb, recuo diário de 19 pontos (-0,98%). Sem muitas novidades, os fundamentos apoiam um sentimento baixista, como observado em abril, como por exemplo o início robusto da safra 2024/25 (abr-mar) e uma produção melhor do que o esperado no final da temporada na Tailândia, embora menor frente ao ano passado.
Na Índia, de acordo com a Federação Nacional das Cooperativas de Fábricas de Açúcar da Índia (NFCSF, da sigla em inglês) apenas 23 unidades ainda operam no final de abril, quando, no acumulado de 2023/24 (out-set), o país produziu cerca de 31,6 milhões de toneladas de açúcar, volume bem acima das estimativas iniciais, especialmente em Maharashtra, estado que produziu 11,0 MMT de açúcar, cerca de 500 mil tons acima de 2022/23.
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