Diário de Petróleo

Petróleo tem pior semana desde março
 
Bruno Cordeiro
Isabela Garcia

Na última semana, as cotações de futuros do contrato mais ativo do Brent acumularam queda de 11,26%, negociadas a USD 84,58 bbl (+0,58%) na última sexta-feira (06) enquanto o WTI ficou em USD 82,79 bbl (+0,61%), registrando uma queda semanal de 8,81%.

Após encerrar o terceiro trimestre com uma alta expressiva de 28%, os futuros do petróleo reverteram em apenas três sessões todos os ganhos de setembro, levando a pior semana da commodity desde março. A pressão sobre os contratos foi fortemente influenciada por fatores especulativos, externos ao mercado do óleo bruto, que também reverteram ganhos de outros ativos considerados mais arriscados. No entanto, conflitos geopolíticos no Oriente Médio passaram a suportar fortemente as cotações nessa segunda-feira, apesar do feriado nos Estados Unidos.
 


Aversão ao risco no mercado Na última semana, o Brent chegou a operar abaixo de USD 84 bbl na sexta-feira (05), o menor valor em quase dois meses. Com isso, o mercado reverteu todos os ganhos que o petróleo acumulou desde o anúncio de extensão dos cortes produtivos na Arábia Saudita e de exportação na Rússia até o final de 2023. Em geral, não se observou fatores baixistas relevantes internos ao mercado de petróleo que justificassem essa forte queda, com o movimento mais associado a uma aversão ao risco de investidores, de modo que a tendência de queda não se restringiu apenas ao petróleo. Assim, o resultado da semana afasta o Brent da marca de USD 100 bbl, aguardada pelo mercado após o petróleo operar acima de USD 97 bbl na última semana de setembro. No entanto, essa reversão da tendência altista ocorreu de forma rápida e não antecipada pelos agentes, o que deve permitir espaço para uma alta dos preços nos próximos dias. 

Consumo de gasolina nos Estados Unidos O relatório DOE sinalizou mais uma queda semanal das reservas de petróleo (-2,22 milhões de barris), estendendo a tendência que se estabeleceu desde junho. Assim, os estoques comerciais estão no menor nível desde dez/22, apesar da produção em patamares recordes, aumentando a vulnerabilidade do mercado norte-americano. A queda dos estoques totais segue refletindo um cenário de exportações aquecidas de óleo bruto, fator que mantém a demanda pelo petróleo americano em alta mesmo com a redução do consumo doméstico. Outro ponto de atenção do mercado foi o aumento expressivo das reservas de gasolina, que expandiram em 6,4 milhões de barris contra expectativa mediana de queda de 300 mil barris, sendo o maior aumento semanal dos estoques desde janeiro/22. O resultado reflete, principalmente, uma queda do consumo doméstico do combustível, que se encontra abaixo das mínimas sazonais pela primeira vez no ano, afetando inclusive as cotações do derivado no mercado.  

Rússia retoma exportações de diesel Semana passada, a Rússia permitiu a retomada das exportações de diesel por portos e oleodutos, mantendo a restrição para a gasolina e diesel comercializado por via ferroviária. Isso representa um alívio para o mercado do derivado, considerando que o país é um dos maiores exportadores do combustível, especialmente para importantes parceiros comerciais do país, como o Brasil e a Turquia. O banimento foi anunciado nas últimas semanas de setembro, com o governo russo preocupado em conter a escalada do preço dos combustíveis no mercado doméstico e garantir o abastecimento em meio a um período de pico de consumo.

Conflito no Oriente Médio O início dos conflitos na faixa de Gaza no final de semana permitiu fortes avanços dos preços do petróleo ao longo dessa manhã (09), com o Brent alcançando uma máxima intradiária de USD 89 bbl. A situação reflete os receios em relação aos possíveis impactos do conflito a ofertantes chaves da commodity no Oriente Médio, principalmente Irã e Arábia Saudita. Em relação ao primeiro, o aumento das tensões entre o governo iraniano e israelense com a atuação do Hamas nos ataques contra Israel reforça ainda mais a preocupação sobre eventuais disrupções produtivas por Teerã, além das perspectivas de que o cenário possa gerar problemas e dificuldades em relação aos fluxos de petróleo pelo Estreito de Hormuz, localizado entre o Golfo de Omã e o Golfo Pérsico, responsável por carregar cerca de 20% de todo o óleo bruto demandado no mundo. Nesse sentido, nos próximos dias, os agentes financeiros devem seguir monitorando a situação na região, que ainda não observou impactos diretos em relação aos fundamentos do mercado de petróleo.

Petróleo amanhece em alta Hoje pela manhã as cotações abriram a sessão em alta, com o contrato do Brent para vencimento em dezembro/23 operando em USD 88,1 (+3,5%) até as 09h15. Mercado reflete temores em relação ao conflito na faixa de Gaza no final de semana, precificando os possíveis impactos desse confronto no mercado global da commodity, considerando o peso que a região possui na oferta global (apesar dos agentes envolvidos diretamente no conflito não serem players importantes para o mercado). 
 

TABELA DE COTAÇÕES (FECHAMENTO DA ÚLTIMA SESSÃO)

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Fonte: NYMEX, ICE, S&P, StoneX.

 
Tags relacionadas: Energia

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