Referências do gás acumulam forte alta e atingem maiores valores desde janeiro
- Fatores baixistas
- Recomposição dos estoques nos Estados Unidos;
- Menor demanda residencial e industrial por gás.
- Fatores altistas
- Aumento das exportações de GNL;
- Crescimento da demanda térmica em meio temperaturas mais elevadas.
Na última semana, o contrato mais ativo do Henry-Hub acumulou alta de 13,9%, encerrando a sessão da última quinta-feira (23) cotado a USD 2,65 MMBTU. A referência europeia acompanhou essa tendência, com o TTF avançando 16% no período, cotado a USD 11,19 MMBTU na sessão de ontem. As referências, por sua vez, divergiram do movimento do petróleo, com o Brent negociado a USD 81,36 bbl, uma queda semanal de 1,7% - atingindo os menores valores desde fevereiro.
A referência americana chegou a atingir os maiores valores desde janeiro, conforme o crescimento das exportações de GNL em meio a desaceleração da produção doméstica impactam o ritmo de recomposição dos estoques domésticos, apoiando a recuperação do Henry-Hub. No mercado europeu, a ameaça de interrupção dos fluxos de gás russo para a Áustria após um comunicado da Gazprom suportou os preços da referência europeia para os maiores valores em quatro meses. Ademais, observa-se que essa alta recente dos contratos pode ceder nos próximos dias após o frenesi inicial do mercado passar, influenciados pela boa condição dos estoques no Hemisfério Norte.
Evolução dos preços de gás natural – Henry Hub e TFF (USD/MMBtu)
Fonte: NYMEX, ICE. Elaboração: StoneX.
Impactos de furacões nos Estados Unidos
De acordo com a National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA), a temporada de furacões no Estados Unidos deve registrar um crescimento nesse ano em meio as previsões de ciclones tropicais, chegando a projetar a formação de quatro a sete grandes furacões – acima da média da anos anteriores. Assim, o reporte indica que a temporada desse ano pode se igualar o recorde registrado em 2020 em meio a rápida transição do El Niño para o La Ninã. Isso, por sua vez, pode trazer fortes impactos para o setor energético norte-americano, conforme parcela relevante dos terminais de GNL no país se concentram no Golfo do México, região potencialmente impactada pelas tempestades. Em anos anteriores, terminais de exportação tiveram suas atividades afetadas por conta desses fenômenos, o que poderia levar a uma elevação dos preços de GNL e uma pressão sobre as cotações do Henry-Hub caso se verifique impactos similares esse ano. No entanto, vale destacar que se trata de uma projeção inicial da NOAA, podendo sofrer grandes alterações conforme a temporada se aproxima.
Vendas de gás natural em março
A última atualização da comercialização de gás natural no Brasil aponta mais um mês de demanda enfraquecida no mercado doméstico. De acordo com a ANP, o volume atingiu 42 milhões m³/dia em março, com a maior parte das vendas concentrada na indústria (82%). Dessa forma, o resultado de março representa uma queda de 7% em relação ao mesmo período no ano passado – mas vale destacar que essa deterioração das vendas no resultado anualizado é explicada principalmente pela queda do consumo não-térmico (de 40 milhões m³/dia para 34 mi m³/dia), enquanto a comercialização para o setor térmico se manteve acima dos resultados do ano passado. Ademais, com essa atualização, o acumulado das vendas no primeiro trimestre registrou um recuo de 2% em relação ao 1T23, refletindo especialmente o pior resultado de março.
Comercialização mensal de gás natural – milhões m³/dia
Fonte: ANP. Elaboração: StoneX.
Expansão do biometano na Europa
Entre as últimas iniciativas europeias para promover a transição energética no bloco está a aprovação de medidas para substituir o gás natural por biometano e hidrogênio nos próximos anos. A meta da União Europeia é que, até 2050, alternativas de baixo carbono representem 66% do mercado de gás na região. Entre as medidas, têm-se o fim de contratos de longo prazo para gás fóssil a partir de 2049 – modalidade que representa 95% do mercado de gás europeu, além do estabelecimento de descontos tarifários e incentivos para combustíveis alternativos. O foco maior ainda está relacionado ao desenvolvimento do hidrogênio – a nova aposta da UE para a transição -, mas as políticas devem impactar também o biogás e biometano.
Em geral, as metas europeias devem trazer grandes impactos para o mercado global de gás, conforme a substituição do fóssil deva aliviar as pressões sobre o mercado global de GNL. Para além desses impactos sobre o balanço, também se tem a influência da regulação europeia para outras regiões, que podem se voltar para gases menos poluentes nas próximas décadas, movimento que já se observa no caso de biocombustíveis.
TABELA DE INDICADORES DO GÁS NATURAL
Fontes: NYMEX, ICE., B3. Elaboração: StoneX.
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