Espera-se que a inflação continue em foco na lista de discussões de Wall Street hoje, após a divulgação do índice de preços ao consumidor de julho e a divulgação do índice de preços ao produtor amanhã. O índice de volatilidade VIX caiu para uma nova mínima de três meses abaixo dos 21 pontos com a divulgação dos dados esta manhã, com as ações em alta e o dollar index registrando queda brusca para uma baixa de cinco semanas, abaixo dos 105,0 pontos. Os títulos de 10 anos do Tesouro dos EUA recuaram para 2,67%, antes de registrar um rali para 2,75%, com os títulos de 2 anos negociando a 3,13%. Os preços do petróleo negociaram de forma mista, enquanto os mercados de grãos e oleaginosas negociaram em alta devido às preocupações com o clima e à demanda de exportação crescente relacionada a essas preocupações climáticas.
O número principal do índice de preços ao consumidor norte-americano (CPI) permaneceu estável no comparativo mensal em julho, o que representa uma mudança dramática em relação à alta de 1,3% vista em junho. Os analistas estimavam alta de 0,2%. No comparativo anual, o CPI teve alta de 8,5% em junho, ante 9,1% em junho e abaixo das expectativas dos analistas de que atingiria 8,7%. O núcleo do CPI, que exclui os setores mais voláteis de alimentos e energia teve alta de 0,3% em relação ao mês anterior em julho, ante 0,7% em junho e abaixo das expectativas dos analistas de que atingiria 0,5%. No comparativo anual, o núcleo do CPI teve alta de 5,9% em julho, em linha com o ritmo de junho, mas abaixo da expectativa dos analistas de que atingiria 6,1%.
A inflação dos alimentos avançou 1,1% em julho no comparativo mensal e 10,9% no anual nos EUA. Este foi o sétimo mês consecutivo em que os preços dos alimentos subiram 0,9% ou mais em uma base mensal. Os alimentos para consumo dentro de casa aumentaram 1,3% em relação ao mês anterior e 13,1% em relação ao ano anterior. Os alimentos para consumo fora de casa aumentaram 0,7% no mês e 7,6% em comparação com o ano passado. Os preços de energia tiveram queda de 4,6% em julho, enquanto os preços da gasolina tiveram queda de 7,7%, o óleo combustível teve queda de 11,0%, o gás natural teve queda 3,6%, enquanto a energia elétrica teve alta de 1,6% no mês. Todos nos lembramos de quantas commodities alimentares e energéticas tiveram queda em julho, embora isso não tenha se traduzido em preços de alimentos mais baratos no varejo. De modo geral, os preços de energia ainda estão em alta de 32,9% em relação ao ano passado, com a gasolina em alta de 44,0%, o óleo combustível em alta de 75,6%, o gás natural em alta de 30,5% e a eletricidade em alta de 15,2%. Os preços das commodities oscilam, mas muitos dos problemas estruturais que criam pressões inflacionárias, além da inflação salarial discutida ontem, permanecem. Os preços dos carros novos tiveram alta de 0,6% em relação ao mês anterior e 10,4% em relação ao ano anterior. Os preços dos carros usados tiveram queda de 0,4% no comparativo mensal, mas registram alta de 6,6% em relação ao ano anterior. Os preços na indústria de vestuário tiveram queda de 0,1% no mês, mas alta de 5,1% no comparativo anual. Os preços com abrigo tiveram alta de 0,5% no mês e 5,7% no ano. Os preços dos serviços médicos tiveram alta de 0,4% no comparativo mensal e 5,1% no comparativo anual.
O relatório de hoje foi relativamente bom, mostrando a moderação esperada nos números da inflação, em grande parte devido à grande queda nos preços das commodities em julho. Isso aumentará as conversas sobre o pico de inflação. Espero que já tenhamos atingido o pico, mas temo que ainda estejamos longe de resolver o problema da inflação. Os preços de energia despencaram em julho em grande parte por causa da desaceleração econômica da China devido às restrições da Covid-19 e devido aos temores por parte dos fundos sobre a queda na demanda devido a uma recessão iminente nos Estados Unidos. Os preços dos grãos e oleaginosas tiveram queda brusca em grande parte devido aos medos de recessão por parte dos gestores de fundos, combinados com a crença de que as safras dos EUA em 2022 estariam em boa forma. Esse sentimento tem mudado atualmente. O dollar index despencou com a divulgação dos dados sobre a inflação, enquanto os títulos do Tesouro também tiveram queda brusca. O sentimento do mercado refletiu que a inflação ficou para trás e que o Federal Reserve pode reverter sua postura hawkish. O que mais me assusta é o fato de o Fed ter afirmado repetidamente que avaliou as expectativas das pessoas para inflação para tomar suas decisões. Esses chamados “especialistas” tem construído a política monetária com base na percepção pública da inflação. O público pode perceber que a inflação está para trás por causa de uma forte correção para baixo nos preços das commodities, enquanto as questões estruturais que causam a inflação ainda estão em vigor, levando a decisões políticas ruins que acabam nos custando mais no futuro. Espero que o Fed entenda isso.
Os preços de grãos e oleaginosas negociaram em alta na sessão noturna devido às preocupações de que o clima deste mês esteja prejudicando as safras de milho, soja e trigo de primavera. Ainda não vejo grande convicção dos fundos neste rali, por isso ainda estou um pouco cético sobre o escopo do rali atual, embora veja os balanços se apertarem mais tarde neste outono, quando as colheitadeiras nos fornecerem dados melhores sobre as colheitas. Um suporte adicional deve vir hoje do anúncio de vendas flash do USDA, com 200 mil toneladas de soja da safra 2022/23 dos EUA para a China. As manchetes sobre os exercícios militares chineses ao redor de Taiwan têm diminuído, embora isso continue sendo uma ameaça significativa de longo prazo. Não demorou muito para o mercado se cansar das manchetes do conflito. Por enquanto, o foco está no clima dos EUA e seu impacto nas safras, conforme refletido nas classificações semanais das safras. As previsões climáticas moderaram nas últimas 24 horas, mas ainda refletem um padrão de clima quente no oeste do Rio Mississippi, com chuvas abaixo do normal. Há possibilidade de chuvas em quase todas as áreas do Meio-Oeste nas próximas duas semanas, mas o padrão parece desorganizado. As ameaças são maiores para a safra de milho da Europa, com o USDA podendo reduzir parte da safra de milho da China também, embora o Departamento não deva realizar grandes ajustes em agosto. O giro de safra do Pro Farmer pelo Meio-Oeste pode vir a ser um evento significativo este ano e fornecer aos mercados uma ideia do que está acontecendo no Meio-Oeste.
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