A inflação continua sendo o tópico principal em Wall Street, conforme os traders digerem os números do índice de preços ao produtor norte-americano divulgados hoje após os dados surpreendentes do índice de preços ao consumidor ontem. Um padrão semelhante foi visto nos dados de hoje, mas a resposta do mercado tem sido muito diferente até o momento, com os traders acreditando que a liquidação registrada ontem já precificou as notícias de hoje. O índice de volatilidade VIX negociou próximo dos 27 pontos durante a manhã, refletindo aumento nas preocupações de Wall Street. O dollar index negociou próximo dos 109,4 pontos, levemente abaixo do nível visto ontem com o avanço do dólar americano. Os futuros de ações negociaram de forma firme, mas os ganhos foram modestos considerando as grandes perdas de ontem. Os títulos de 10 anos do Tesouro dos EUA negociam próximos a 3,43%, enquanto os títulos de 2 anos negociam próximos a 3,80%. Os preços do petróleo negociam de forma mista, enquanto os mercados de grãos e oleaginosas iniciaram a sessão em queda.
O principal número do índice de preços ao produtor norte-americano (PPI) mostrou queda de 0,1% no comparativo mensal em agosto, em linha com as expectativas dos analistas, embora acima da queda de 0,4% vista em julho. No comparativo anual, o PPI teve alta de 8,7%, dentro das estimativas dos analistas, contra 9,8% no mês anterior. O núcleo do PPI teve alta de 0,2% no comparativo mensal em agosto, em linha com o ritmo do mês anterior, mas abaixo da alta de 0,3% estimada pelos analistas. No comparativo anual, o núcleo do PPI teve alta de 8,1% em agosto, contra 7,6% no mês anterior e acima das expectativas dos analistas de 7,0%. A força no núcleo do PPI é uma preocupação para Wall Street, pois sugere que a inflação continua sendo um problema, mesmo após as commodities energéticas e alimentares registrarem queda significativa, e algumas commodities alimentares voltarem a avançar, aumentando as preocupações sobre as leituras futuras para inflação.
As preocupações também estão elevadas em razão da greve de ferroviários americanos que pode ter início na sexta-feira. As ferrovias têm parado de aceitar produtos considerados perigosos por natureza. Algumas ferrovias também deixarão de aceitar carregamentos de grãos na quinta-feira, em razão da greve. Espera-se que a greve, se ocorrer, afete drasticamente as cadeias de suprimentos, ao mesmo tempo em que aumenta as pressões inflacionárias. Acredita-se que a greve ocorrerá a menos que o Congresso intervenha para evitá-la. Nossas fontes em Washington informaram que Biden pode assinar um acordo para resolver o problema. No entanto, nem a liderança na Câmara nem no Senado até agora estão dispostos a discutir ou votar um acordo. Isso provavelmente explica por que a Casa Branca começou a fazer planos de contingência para uma greve. A maioria das pessoas espera que a dor causada pela greve seja tão grande a ponto de impedir que ela dure muito, mas existe a possibilidade de algo mais longo, o que interromperia o movimento de grãos e fertilizantes, etanol, óleo de soja, farelo de soja, petróleo etc.
Os EUA preparam um pacote de sanções contra a China caso o país asiático faça um movimento agressivo para “reunificar” Taiwan, segundo fontes nos EUA. Uma tentativa semelhante não foi capaz de impedir a Rússia de invadir a Ucrânia, então os formuladores de políticas têm buscado melhorar esses esforços com o pacote de sanções, que supostamente restringiria algum comércio e investimento em tecnologias sensíveis como chips de computador e equipamentos de telecomunicações. Estima-se que o pacote é muito mais complexo do que o que foi elaborado para dissuadir a Rússia. O fornecimento de armas a Taiwan pode mudar de linguagem, de “maneira defensiva” para “armas para dissuadir atos de agressão do Exército de Libertação Popular”. Taiwan seria considerada uma importante aliada não-membro da OTAN para os EUA. A China veria esse projeto como uma mudança completa da política anterior de “uma só China” mantida pelos Estados Unidos desde 1979, provavelmente levando a mais incerteza geopolítica. Espera-se que sua resposta seja muito mais severa do que a observada no início deste verão, possivelmente impactando o comércio com os EUA.
A produção chinesa de ração tem aumentado, sugerindo um ressurgimento da demanda por carne e aumento na lucratividade para os produtores de proteína. A produção de ração para suínos aumentou 8,5% em agosto, embora ainda esteja 11,2% abaixo dos níveis do ano anterior. A ração para frangos de corte aumentou 3,2%, embora ainda tenha caído 9,9% em relação ao ano anterior. No acumulado do ano até agosto, a produção atingiu 187,46 milhões de toneladas, queda de 5% em comparação com o ano passado. A produção de ração para suínos respondeu por 43% do total, em queda de 7,9% no comparativo anual. Os substitutos do milho estão em queda, então o uso de milho nas rações teve aumento de 30,1%, alta de 8,9% no ano, com o farelo de soja aumentando 1,4%. O esmagamento doméstico de soja continua se fortalecendo, chegando a 1,96 milhão de toneladas na semana passada, acima de 1,86 milhão de toneladas do ano anterior e acima da média de cinco anos de 1,82 milhão. Os estoques de farelo de soja ficaram quase na metade do ano anterior e 42% abaixo da média de cinco anos. Os estoques de soja nas esmagadoras se posicionaram em 5,88 milhões de toneladas, abaixo do nível típico de 7,3 milhões de toneladas. Os traders do mercado físico dizem que os compradores chineses aproveitaram o programa “dólar soja” da Argentina comprando pelo menos 20 carregamentos para embarque em setembro e outubro, o que reduzirá sua necessidade de soja dos EUA neste outono. A soja argentina tem menor teor de proteína, mas ajuda a China a se diversificar da dependência dos EUA para a soja em meio ao aumento nas tensões entre as duas nações.
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