Hoje as negociações começaram em meio a um mundo de incertezas. O aumento dos níveis de medo levou o índice de volatilidade VIX para uma nova máxima de três meses, perto dos 33 pontos no mercado noturno. Tenho observado nas últimas décadas que é difícil – embora não impossível – para uma commodity sustentar um rali quando o VIX (índice de medo de Wall Street) está acima dos 30 pontos, a menos que esse ativo tenha uma história forte. Desse modo, o mercado noturno foi marcado pelo sentimento de “aversão ao risco”, com vendas registradas nas commodities e ações. O dollar index avançou para uma nova máxima de 20 anos, acima dos 114,5 pontos, na sessão noturna. Os títulos de 10 anos do Tesouro dos EUA negociam próximos a 3,75%, após caírem abaixo de 2,52% no mês passado. Os títulos de 2 anos do Tesouro dos EUA negociam próximos a 4,24%. Os preços do petróleo registraram leve queda durante a manhã, enquanto os mercados de grãos e oleaginosas também negociaram em queda.
Durante o final de semana, circularam rumores de que o presidente da China, Xi Jinping, havia sido afastado como Presidente da Comissão Militar Central do Partido Comunista da China, e que se encontrava em prisão domiciliar em algum local desconhecido. Isto é impossível de verificar, porque o funcionamento interno do Partido Comunista da China a esse nível está totalmente isolado, até mesmo do restante do governo. No entanto, poucas provas de que estes rumores sejam verdadeiros foram vistas. Não há dúvida de que, dentro da China, há quem esteja frustrado com a liderança de Xi Jinping no tratamento da pandemia de Covid-19 de uma forma que criou desafios significativos para a economia da China. No entanto, todos os sinais dentro da China apontam para expectativas de que ele será renomeado para outro mandato de quatro anos no 20º Congresso Nacional, que acontecerá no dia 16 de outubro. Isso pode não ser mais tão preciso como se esperava anteriormente, mas todos os indícios apontam para que isso aconteça dentro de algumas semanas.
Os rumores sobre o “golpe” do fim de semana apontam para vários fatores que ocorrem na China. O mais notável entre esses fatores foi o cancelamento de 60% dos voos domésticos do país asiático e movimentos significativos de tropas militares em direção a Pequim. Este último é normal antes dos grandes eventos, principalmente antes da reunião do Congresso da China. Quanto ao cancelamento de 60% dos voos domésticos, isso também é verdade. No entanto, eles não foram todos cancelados de uma só vez, mas foram cancelados ao longo do tempo devido ao baixo número de passageiros, conforme as autoridades fornecem desincentivos significativos para viagens a fim de controlar a Covid-19 antes da reunião do Congresso. As pessoas não querem arriscar requisitos quarentena, que podem sair caros, se viajarem, bem como outros desincentivos. Além disso, o general de alto escalão que supostamente conduziu o golpe apareceu em uma sessão de estudo da reforma militar na plateia, tomando notas – dificilmente o que se esperaria se ele tivesse realizado um golpe bem-sucedido. Xi Jinping não foi visto em público nos últimos dias, mas isso provavelmente se deve aos requisitos de quarentena após sua recente viagem de sete dias fora da China. Um golpe de Estado na China é possível, mas os sinais observados contestam que isso tenha ocorrido neste momento.
Existem hoje muitos outros fatores que criam medo nos mercados. As preocupações constantes com a inflação e o efeito adverso da política monetária contracionista sobre a economia continuam a aumentar. Wall Street recebeu mais uma vez a mensagem do Federal Reserve na semana passada de que a autoridade monetária está empenhada em domar a inflação – trazendo-a de volta para a meta de 2%. Acredito que o Fed gostaria de retirar a palavra “transitória” de seu vocabulário e reformular seu objetivo de permitir que a inflação “ultrapassasse” sua meta obrigatória de 2% por um tempo. Os rendimentos do Tesouro têm avançado significativamente, elevando as preocupações sobre como as taxas de juros mais elevadas frearão a economia.
A China precisa estimular a sua economia, com o yuan se enfraquecendo ainda mais contra o dólar. Os traders globais de câmbio perderam a confiança na libra esterlina após o lançamento do plano econômico que reduziria impostos e aumentaria os pagamentos de estímulo em um momento em que o banco central tem tentado se envolver em aperto monetário para controlar a inflação. A Europa também tem sua parcela de problemas, estando na linha de frente da guerra na Ucrânia, que parece se intensificar, em vez de chegar ao fim. O dólar é o ativo seguro do mundo e tem atingido máximas de 20 anos que aumentam os riscos de um risco de crédito global mais amplo para países emergentes com grandes dívidas denominadas em dólar. O medo tem aumentado nos mercados globais.
Esse medo cria uma enorme nuvem de tempestade pairando sobre os mercados de commodities. Algumas commodities têm fundamentos altistas, mas o mercado físico tem trabalhado para administrar a oferta e a demanda. Uma enorme desconexão tem sido criada entre o mercado futuro e os fundamentos do mercado físico neste mundo de fluxo de capital e negociação por algoritmos. Os traders não estão em pânico atualmente, mas indicam que o medo é um fator que influencia a forma como os mercados gerenciam a oferta e a demanda. Há uma obsessão com o que é negativo no mercado atualmente, o que tem dominado cada vez mais a ação.
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