- Produção mundial 2022/23 estimada acima do consumo;
- Combate à inflação pode gerar recessão;
- Possibilidade de recorde absoluto de produção no Brasil;
- Sinas de desaceleração econômica na China;
- Corte do esmagamento dos EUA pelo USDA.
- Preocupações com o clima no Sul do Brasil;
- Relaxamento das medidas anti Covid na China;
- Perdas de safra na Argentina, devido ao clima;
- Possibilidade de aumento da mistura obrigatória de biodiesel no Brasil, a partir de abril de 2023.
Nesta semana que antecedeu o Carnaval aqui no Brasil e o Dia do Presidente nos EUA, celebrado na próxima segunda-feira (dia 20), as cotações da soja em Chicago registraram baixa, encerrando a sexta-feira (dia 17) em 1526,5 cents por bushel no vencimento para março.
O mercado continuou muito focado no andamento da safra de soja na América do Sul, além de questões de demanda, com destaque para o ritmo de exportações e esmagamento dos EUA.
Em relação à Argentina e ao Sul do Brasil, algumas previsões indicando maiores volumes de chuva pesaram sobre os preços da soja, incluindo os do farelo, uma vez que a Argentina é o maior exportador mundial dos derivados da oleaginosa. Além disso houve o papel dos fundos especulativos na venda do farelo.
Mesmo com essas previsões de chuva pesando sobre os preços, é importante destacar que as lavouras já afetadas pela seca em suas fases reprodutivas, principalmente a de enchimento, não conseguem uma grande recuperação. Além disso, as previsões continuam a mudar com frequência e muitas vezes não se confirmam.
Até o momento a estimativa do USDA para a produção 22/23 de soja argentina é a mais otimista, mesmo com o corte no último relatório, ficando em 41 milhões de toneladas. A Bolsa de Buenos Aires estima 38 milhões e a de Rosário, 34,5 milhões de toneladas.
Diante desse cenário, as dúvidas já não são mais se a Argentina vai ter uma perda de safra, mas como essa oferta menor afetará o processamento de soja do país. As apostas são de que as importações de soja brasileira podem alcançar volumes significativos neste, destacando que já há navios deixando o Brasil em direção à Argentina por portos do Arco Norte. Caso uma safra ao redor de 35 milhões de toneladas seja realmente confirmada, as importações argentinas de soja podem ser realmente significativas, com o Brasil como origem preferencial.
Intraday semanal - março/23 (CME)
Já o Brasil, mesmo com o atraso na colheita, que está em 25%, de acordo com a StoneX, tem alcançado resultados muito positivos em vários estados, como os do Centro-Oeste, situação que deve compensar, em grande parte, as perdas no Rio Grande do Sul.
A StoneX atualiza seus números de safra todo início de mês, mas diante das questões climáticas, trouxe um corte na safra gaúcha de soja na metade de fevereiro. O estado oscila entre o segundo e o terceiro lugares na produção nacional e já registrou grandes perdas devido ao clima no ciclo 21/22.
Nos últimos quatro meses, desde outubro de 2022, quando começou o plantio, as chuvas ficaram consideravelmente abaixo da média em praticamente todo o Rio Grande do Sul. Além disso, na primeira metade de fevereiro, as precipitações eram fundamentais e acabaram decepcionando, com falta de regularidade e de bons volumes. A falta de umidade foi ainda mais agravada pelas temperaturas elevadas, aumentando o estresse sobre as plantas.
Com isso, a StoneX promoveu mais um corte na estimativa de produção do estado, para 16 milhões de toneladas, 15,8% a menos que o divulgado no começo de fevereiro (em 19 milhões). A produtividade média para o estado caiu para 2,43 toneladas por hectare (40,5 sacas por hectare), destacando que em algumas regiões as perdas superam os 40%. É importante pontuar, também, que novas perdas não estão descartadas, dependendo do clima nas duas últimas semanas deste mês.
Pelo lado da demanda, a Associação Nacional de Processadores de Oleaginosas (NOPA, na sigla em inglês) divulgou o esmagamento dos EUA em janeiro, que ficou em 4,87 milhões de toneladas, abaixo da estimativa média do mercado, em 4,94 milhões, reforçando a posição do USDA ao cortar a o processamento de soja do país no ciclo 22/23, no relatório divulgado em 08/02.
Como ressaltado no relatório semanal anterior, o USDA não trouxe ajustes para as exportações, que poderiam mais que compensar essa redução do esmagamento, mas que vão competir com a safra brasileira nos próximos meses. Até a semana encerrada em 09/02, foram vendidas 48,1 milhões de toneladas de soja norte-americana 22/23, praticamente o mesmo volume de um ano atrás, enquanto o USDA está estimando que os embarques do país ficarão 4,5 milhões de toneladas mais fracos nesta temporada.
Já os embarques ultrapassaram o acumulado do ano passado, mantendo-se nessa posição. Até o dia 09/02, foram inspecionadas para embarque 39,54 milhões de toneladas de soja, contra 38,9 milhões um ano atrás. Na semana, as inspeções ficaram em 1,6 milhão, contra 1,9 milhão no comparativo anual.
Vendas semanais de exportação - EUA (mil toneladas)
Na próxima semana, o grande destaque será a realização do Fórum Agrícola do USDA, evento anual que traz as primeiras estimativas para a área plantada da safra nova dos EUA, no caso, a 23/24.
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