Comentários de Abertura

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Arlan Suderman
Chief Commodities Economist

Os futuros de ações se recuperaram esta manhã, após a divulgação dos dados de encomendas de bens duráveis nos EUA, que trouxeram um número negativo. O índice de volatilidade VIX negocia perto dos 21 pontos, refletindo o alívio das preocupações em Wall Street em relação à semana passada, quando o "índice de medo" subiu para quase 24, seu nível mais alto desde o primeiro dia de negociação do ano. O dollar index recuou com os títulos do Tesouro, após a divulgação dos dados de encomendas de bens duráveis, negociando perto dos 104.8 pontos, após registrar uma nova máxima de sete semanas, acima dos 104.8 no início da manhã. Os títulos de 10 anos do Tesouro negociam próximos a 3,91%, abaixo dos 3,98% anteriores à divulgação dos dados. Os títulos de 2 anos negociam próximos a 4,78%, após testarem 4,86% no início da sessão. Os preços do petróleo negociaram em queda de 1% depois de oscilarem no mercado noturno em torno do valor do fechamento de sexta-feira. O setor de grãos e oleaginosas registrou uma tendência mais firme no mercado noturno, principalmente a soja, seguida do milho, embora o setor tenha se enfraquecido durante a manhã.

 

As encomendas de bens duráveis tiveram queda de 4,5% no comparativo mensal em janeiro, o que é pior do que o declínio de 4,0% previsto e certamente pior do que os ganhos de 5,6% registrados em dezembro. No entanto, as encomendas de bens duráveis menos o transporte aumentaram 0,7% no comparativo mensal em janeiro, superando as expectativas dos analistas de que permaneceriam estáveis e melhores do que a contração de 0,1% registrada em dezembro. O núcleo dos bens duráveis, que incluem computadores e outros equipamentos utilizados pelas empresas, teve aumento de 0,8% no comparativo mensal, superando as expectativas dos analistas de que cairiam 0,1% e certamente melhor do que a queda de 0,2% em dezembro. Wall Street optou por se concentrar no número negativo da manchete, acreditando que forneceu evidências de que a economia está desacelerando sem ajuda adicional do Federal Reserve, mas sugiro que o foco se concentre nos números do núcleo dos bens duráveis, que mostra mais expectativas de resiliência na economia que podem exigir um Federal Reserve mais agressivo daqui para frente.

 

A resposta inicial de Wall Street hoje ilustra o desejo do mercado baseado mais em esperanças do que em fatos. O fato é que o Federal Reserve tem uma meta para reduzir a inflação para 2%. Wall Street ainda tem esperança de que a economia conseguirá atingir esse objetivo com um "pouso suave". Ela interpreta a resiliência atual da economia como evidência de como a economia tem absorvido bem os aumentos de juros, mostrando resiliência na maioria, mas não em todos os setores. Isso não resolve a causa mais enraizada da inflação – a inflação salarial. Há duas formas de domar a inflação salarial: aumentar a oferta de trabalhadores ou diminuir a procura por trabalhadores. O Federal Reserve tem poucas ou nenhuma ferramenta para aumentar a oferta de trabalhadores. Desse modo, deve recorrer à diminuição da demanda por trabalhadores para reduzir o número de vagas de emprego a um nível em que estejam em equilíbrio com o número de pessoas à procura de trabalho. Ele faz isso reduzindo a economia a um ponto em que a demanda por bens diminui tanto que os empregadores reduzem sua força de trabalho e desistem de contratar. 

 

Espera-se que o estresse das safras da Argentina se expanda para quase três quartos do cinturão de grãos do país nos próximos 15 dias, à medida que as projeções de rendimento continuam a cair. Uma safra de milho menor deve fornecer suporte para as exportações de milho EUA durante a última metade do ano de comercialização, embora ainda não haja provas disso. No entanto, aumenta a pressão para o Brasil produzir uma grande safra de milho safrinha. Já documentei como a safra curta de soja da Argentina, que provavelmente estará mais próxima de 30 milhões de toneladas do que de 35 milhões, alterará o fluxo de soja na América do Sul. Há caminhos para que a grande safra no Brasil flua para o sul até as esmagadoras Argentinas, juntamente com a soja do Paraguai e do Uruguai para manter o mundo suprido com farelo e óleo de soja. No entanto, as margens devem permanecer altas o suficiente para pagar a conta do frete de soja para o sul, e isso significa a não ocorrência de uma grande quebra no mercado de farelo de soja. Isso poderia levar a uma mudança na demanda para o norte – EUA.

 

Os riscos são elevados para a safra de milho do Brasil. A StoneX reportou na sexta-feira que 32% da safra de soja do Brasil foi colhida, ante 46% no ano passado. O progresso do plantio de milho safrinha foi visto em 47%, uma queda de 20 pontos em relação ao ano anterior. As chuvas ainda não são um problema significativo para a soja, mas o foco é fazer com que a safra de milho seja plantada a tempo para que possa atingir o estágio inicial de enchimento de grãos antes do final do período de chuvas. Isso acontece primeiro no Mato Grosso, e depois muda para o sul e para o leste do país. O plantio de milho no Mato Grosso completou 72% na sexta-feira, com expectativa de que esta semana também seja favorável ao plantio. As preocupações se concentram no sul do Mato Grosso do Sul e Paraná, onde apenas 17% da safra foi plantada. Estou preocupado porque as previsões climáticas para a região parecem mostrar maior umidade nas próximas duas semanas, o que manterá lento o progresso de plantio. Isso é significativo porque até este ponto as chuvas estavam migrando para o sul na previsão, o que abriu as portas para que o trabalho fosse feito a tempo, embora um pouco depois do ideal. Isso já não parece ser o caso. Esta safra será plantada mais tarde, principalmente no sul do Mato Grosso. Novamente, isso não significa automaticamente que o Brasil produzirá uma safra de milho mais curta este ano. Existe incentivo financeiro que a safra seja plantada, ainda que tarde. Isso significa apenas que a temporada de chuvas precisa ocorrer até maio, em vez de terminar na última quinzena de abril. Isso pode acontecer, mas oferece um risco maior para a safra do Brasil quando as safras da Argentina e da Ucrânia já estão em queda significativa.

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