A região do Mar Negro é estratégica para o comércio internacional e tem grande importância para o trigo, milho e óleo de girassol.
Com o início do conflito entre Rússia e Ucrânia em fevereiro de 2022, a estrutura de logística e produção ucraniana foi afetada. Por consequência, o nível de oferta e de preços no mercado internacional refletiu este cenário de conflito.
De acordo com o USDA, a Rússia e a Ucrânia são responsáveis por boa parte das exportações mundiais, sendo origem de aproximadamente 17% dos embarques de milho, 28% de trigo e 68% de óleo de girassol no ciclo 2022/23.
Ressalta-se que a importância da renovação do acordo está diretamente ligada à segurança alimentar de diversos países e a uma estreita dependência dos grãos de origem da Rússia e Ucrânia.
O acordo expiraria no dia 18 de maio de 2023 e seu fim passou por uma véspera agitada com notícias que especulavam sua possível interrupção. Embora a Rússia tenha demonstrado resistência durante as negociações, as autoridades de ambos os países firmaram a continuidade do corredor que possibilita as exportações ucranianas por mais 2 meses, até meados de julho.
Trigo, milho e óleo de girassol
A primeira vez que o Acordo Iniciativa de Grãos foi firmado, no final de julho de 2022, marcou a retomada do fluxo de cargas ainda com pouca expressão, começando a ganhar maior relevância apenas a partir de setembro de 2022.
Apesar do ritmo lento inicial, a retomada dos embarques ucranianos pelo Mar Negro trouxe um efeito de otimismo para o mercado, uma vez que gera maior previsibilidade para o fluxo comercial da região e abre espaço para um alívio na oferta global, pois, até então, os volumes estavam muito abaixo dos níveis registrados antes do conflito para o mercado de trigo, milho e óleo de girassol.
Como pode ser observado nos gráficos a seguir, o acordo foi essencial para a retomada do fluxo de embarques ucranianos de modo geral, apesar de o ano de 2022 ter registrado volumes significativamente mais baixos que os reportados em 2021.
Por outro lado, o ano de 2023 pode ser visto como um período de recuperação para o fluxo das exportações ucranianas de trigo, tendo em vista o bom ritmo de embarques que se assemelha ao período antes do conflito. É válido notar que entre os meses de agosto e novembro historicamente ocorre o pico de exportações para o cereal. Antes deste período, o acordo será negociado novamente para determinar sua continuidade, o que pode impactar diretamente os preços do trigo.
No caso do milho, houve aumento relativo em comparação ao ano passado, mas ainda aquém do registrado pré-conflito. Para o óleo de girassol, apenas o mês de abril de 2023 registrou maior volume em comparação ao ano passado, após o início do conflito. Os próximos meses usualmente são marcados por menor volume de exportações, assim como visto para o milho.
A pergunta que fica com a renovação do acordo é se o ritmo de inspeções de cargas nos portos ucranianos terá um período de estabilidade, com maior segurança para o transporte das cargas e previsibilidade para a oferta ucraniana, apesar da continuidade da guerra em seu território. Nesse sentido, o mercado segue atento aos acontecimentos no Mar Negro e ao ritmo das exportações.
Embarques de trigo ucraniano (milhões de toneladas)