Wall Street se anima com os dados de inflação, mas continua preocupada com o mercado de trabalho apertado. No entanto, os futuros de ações iniciaram a sessão mais firmes. O índice de volatilidade VIX negocia perto dos 13 pontos, refletindo uma crescente confiança em Wall Street. O dollar index caiu para uma mínima de 14 meses perto dos 100,1 pontos. Os rendimentos dos títulos de 10 anos do Tesouro negociam perto de 3,81%, enquanto os rendimentos dos títulos de 2 anos negociam perto de 4,65%. Os preços do petróleo recuaram levemente das máximas de dois meses de ontem, enquanto os mercados de grãos e oleaginosas registraram leve recuperação após a grande venda após o relatório baixista de safra do USDA na quarta-feira.
O índice de preços ao produtor (PPI) subiu apenas 0,1% no comparativo mensal em junho, abaixo das expectativas dos analistas de crescimento de 0,2%, mas uma recuperação em relação à contração de 0,3% observada em maio. O PPI subiu apenas 0,1% no comparativo anual em junho, abaixo das expectativas dos analistas de 0,5% e significativamente abaixo do crescimento de 1,1% no comparativo mensal observado em maio. O núcleo do PPI, que exclui os setores de alimentos e energia, também subiu apenas 0,1% no comparativo mensal, abaixo das expectativas dos analistas de 0,2% e abaixo do crescimento de 0,2% no mês anterior. No comparativo anual, o núcleo do PPI avançou 2,4% em relação ao ano anterior em junho, abaixo das expectativas dos analistas de 2,8% e abaixo dos 2,8% registrados em maio. Esses são bons números, sugerindo pressões inflacionárias em declínio no nível de atacado e consistentes com os números do CPI divulgados ontem.
Mas não foi esse o caso com os dados semanais pedidos de seguro-desemprego nos EUA. Os novos pedidos de seguro-desemprego caíram para apenas 237 mil na semana que terminou em 8 de julho, abaixo das 249 mil da semana anterior e abaixo das expectativas dos analistas de que permaneceriam em 249 mil na semana. Isso permitiu que a média móvel de quatro semanas caísse para 246,75 mil pedidos, abaixo dos 253,5 mil pedidos da semana anterior. Os pedidos contínuos aumentaram em 11 mil, para 1,72 milhão na semana que terminou em 1º de julho - esses dados têm uma semana de atraso. No entanto, a média móvel de quatro semanas para os pedidos contínuos caiu 10.750, para 1,735 milhão. Ainda é um número relativamente baixo. Assim, esses números criam preocupação para o Federal Reserve no contexto dos dados mensais de emprego divulgados em 7 de julho, que mostram um mercado de trabalho em contração. A inflação salarial ainda apresenta um desafio para o Federal Reserve ao fechar a lacuna final entre a inflação geral de 3% e a meta de 2% do Fed. As negociações de juros futuros do Fed atualmente indicam 92% de chances de mais um aumento de 0,25 ponto percentual ainda este mês, mas indicam apenas 22% de chances de outro aumento de taxa além disso no momento, com expectativa de que as taxas comecem a cair novamente no primeiro trimestre do próximo ano. O mercado tem se enganado nesse aspecto no último ano e meio, e eu vou continuar acreditando nisso até ver sinais do Fed de que está pronto para mudar sua visão. O Fed atualmente dá ênfase à inflação salarial como sendo o principal obstáculo para atingir a meta de 2% e uma mudança de rumo apenas agravaria ainda mais esse problema.
A China importou 10,3 milhões de toneladas de soja em junho, um aumento de 24,5% em relação ao ritmo do ano anterior, marcando o segundo mês consecutivo de importações fortes que superaram a demanda de esmagamento. Espera-se que esse padrão de importar de 2 a 3 milhões de toneladas de soja acima da demanda de esmagamento mensal continue nos próximos meses, com base nos cronogramas de carregamento e envio, enquanto a China se abastece de soja barata do Brasil. As importações de soja acumuladas até o momento totalizam 52,6 milhões de toneladas, um aumento de 13,6% em relação ao ano anterior. Os embarques excedentes a partir de maio devem exceder a demanda de esmagamento em pelo menos 12 milhões de toneladas, reduzindo a necessidade da China de importar dos Estados Unidos, caso escolha fazê-lo neste outono. Não sabemos as intenções da China em relação a essa escolha, mas sabemos que as reservas totais de soja para a safra nova de todos os destinos totalizam apenas 153 milhões de bushels (4,16 milhões de toneladas) até o momento, o que é aproximadamente a metade do que esperaríamos no início de julho, e a China é responsável atualmente por apenas 63 milhões de bushels (1,71 milhão de toneladas) desse total. As compras chinesas de soja da safra nova deveriam ser muito mais fortes nesse momento.
Os dois principais pontos do relatório WASDE do USDA de ontem foram que a safra de trigo foi muito maior do que o esperado pelo mercado e o Departamento apresentou um quadro baixista para a safra nova de soja. Ainda acredito que veremos uma redução nas áreas colhidas de trigo HRW até setembro, mas isso importa menos para o mercado agora do que a fraca demanda de exportação. Isso ofusca o restante, incluindo o fim previsto da Iniciativa de Grãos da Ucrânia. Quanto à soja, os estoques finais da safra nova ainda caíram de 350 milhões (9,53 milhões de toneladas) para 300 milhões de bushels (8,16 milhões de toneladas), com o USDA mantendo a linha na sua previsão de rendimento de 52 bushels por acre (3,50 ton/ha). Não sei onde o rendimento deste ano vai terminar, mas o ex-agronomo em mim continua mais preocupado com a falta de melhora na safra de soja do que com a melhora na safra de milho. É difícil ser altista na soja com um estoque final de 8,16 milhões de toneladas, mas os trader também podem estar relutantes em ser baixistas até verem como se desenvolve a safra deste ano. Os basis da safra nova sul-americana estão muito fracos e isso não contribui muito para a expansão da área da próxima safra do Brasil. Já o milho possui uma história diferente, com perspectivas de rendimento melhorando e perspectivas de demanda enfraquecendo. As vendas de exportação da safra nova no início de julho estão bem abaixo do que deveriam estar, e o Brasil está sobrecarregado com ofertas de milho à medida que a colheita avança, empurrando os basis para baixo e tornando difícil para os EUA competir no mercado mundial em um momento em que a demanda por ração animal pode enfrentar dificuldades no próximo ano com menos gado e suínos em confinamento. Essa demanda por ração pode se erodir ainda mais quando os pecuaristas começarem a reter novilhas para reconstruir o rebanho reprodutor no próximo ano.
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