Campinas, 09 de agosto – A sessão desta quarta-feira marca a espera dos mercados globais pela inflação ao consumidor dos EUA, a ser divulgada amanhã (10). O índice poderá fornecer sinalizações sobre como o Federal Reserve atuará em sua próxima reunião, no final de setembro, o que vem sendo muito especulado pelos agentes como uma possibilidade do fim do ciclo de aperto monetário.
Além disso, a China permanece no radar dos mercados. Após mostrar ontem (08) uma retração maior do que a esperada em seu comércio exterior, indicando uma queda de 14,5% das exportações gerais e de 12,4% nas importações gerais na comparação anual, o país divulgou os dados para a inflação ao consumidor (CPI, sigla em inglês) e ao produtor (PPI, sigla em inglês).
Para o consumidor chinês, a inflação de julho exibiu um recuo de 0,3% ante o mesmo mês de 2022 e, apesar de estar ligeiramente acima dos -0,4% projetados, essa é a primeira deflação que o indicador apresenta desde fevereiro de 2021. Este recuo impulsionou as preocupações relacionadas à atividade econômica do país uma vez que, no contexto atual da China, a retração dos preços pode sinalizar problemas na recuperação da demanda doméstica.
Para o produtor chinês, os preços em julho recuaram 4,4% em relação ao ano passado, mostrando uma queda mais intensa em comparação aos -4,1% estimados pelo mercado. Em parte, essa queda está relacionada com a base alta de comparação de 2022, mas também reflete o enfraquecimento da demanda chinesa. Considerando a importância da China para o mercado de grãos, é possível que tais resultados contribuam para a maior aversão ao risco dos investidores, podendo pressionar as cotações.
Os contratos da soja voltam a encontrar espaço para ganhos nos preços após sessões seguidas sob pressão do clima favorável nos Estados Unidos, que ainda limita movimentos mais amplos.
O mercado já se posiciona frente a expectativa de corte na produtividade dos Estados Unidos, que poderá ser indicada no relatório mensal de estimativas de oferta e demanda globais do USDA na sexta-feira (11).
Além disso, as recentes chuvas excessivas no norte da China podem estar contribuindo para redução do potencial produtivo e aumento de doenças com a elevada umidade. Caso esse cenário se concretize, a demanda chinesa por produtos agrícolas dos EUA poderá aumentar.
Os preços do milho foram negociados em alta esta manhã, com traders cobrindo posições vendidas antes dos relatórios do USDA de sexta-feira. O mercado aguarda o relatório de estimativas para a oferta e demanda e assim como visto para a soja, os ganhos foram limitados pelas perspectivas favoráveis para o clima dos EUA, que projetam temperaturas baixas e chuvas para os principais estados produtores de milho nos próximos dias.
Os preços do trigo nos EUA não conseguiram encontrar suporte para os ganhos registrados nas últimas sessões e fecharam o pregão noturno com variação diária negativa. A demanda fraca por suprimentos dos EUA compensou a oferta global apertada e um dólar mais forte também pesou sobre o complexo do trigo.
A China anunciou que está retomando suas compras de grãos australianos, após proibir as importações de cevada da Austrália devido às consequências da pandemia em 2020. Apesar dos volumes de exportação sem brilho relatados pela China no início desta semana, é animador que o país continue comprando grandes quantidades de grãos e oleaginosas internacionais, mesmo quando a economia enfrenta pressões deflacionárias e ameaças de recessão.
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