Campinas, 18 de agosto – O último dia da semana pode refletir um maior sentimento de aversão ao risco, dado que os mercados globais ainda repercutem a ata do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, sigla em inglês).
O documento indicou que parte do órgão ainda acredita ser necessário combater a inflação através de uma política monetária mais rígida. Com isso, é possível que os investidores atuem de forma mais cautelosa, o que pode contribuir para pressionar os futuros dos grãos.
Além disso, foi divulgado o Índice de Preços ao Consumidor (CPI, sigla em inglês) da Zona do Euro às 06h00min. De acordo com o Escritório de Estatísticas da União Europeia (Eurostat), a inflação anual ao consumidor recuou de +5,5% em junho para 5,3% em julho. O resultado convergiu com as projeções e mostrou o menor nível desde fevereiro de 2022, quando o índice atingiu os +5,9%.
Entende-se que os principais itens responsáveis por esse menor ritmo foram os preços de energia, que passaram de -5,6% anual em junho para -6,1% anual em julho, e os preços de alimentos, que passaram de +11,6 anual em junho para +10,8% em julho.
No entanto, o núcleo do índice, que exclui itens voláteis como a energia e alimentos, mostrou estabilidade ante o mês anterior, permanecendo em +5,5% anual. Dessa forma, é possível que o Banco Central Europeu (BCE) entenda ser necessário seguir aumentando a taxa de juros para conter a inflação da região, perspectiva que pode enfraquecer as commodities.
As cotações da soja deram continuidade ao movimento de alta no último pregão noturno da semana em Chicago, sob influência, mais uma vez, do clima nos EUA.
Como já comentado em relatórios anteriores, as previsões para grande parte da área produtora do país vinham indicando chuvas abaixo do normal e temperaturas acima da média. Essas previsões têm se mantido, com perspectivas de que esse padrão continue pelo menos até o final de agosto.
Como as estimativas não indicam um balanço folgado para os EUA e as lavouras estão passando pela fase de enchimento de grão, esse clima mais seco e quente poderia prejudicar o potencial produtivo do país, reduzindo ainda mais a oferta já afetada pela menor área plantada.
O milho também registrou alta no pregão noturno desta sexta-feira (dia 18).
No caso do cereal, as previsões de clima mais quente e seco nos EUA também estão dando suporte aos preços, apesar de o milho já ter passado pela fase chave de polinização. De qualquer forma, a falta de água, aliada a temperaturas elevadas, tem o potencial de trazer prejuízos, mesmo fora das fases mais críticas.
Além do clima nos EUA, a situação do conflito no Mar Negro contribui para o sentimento altista no dia.
A Rússia revidou ataques ucranianos a drone nessa sexta-feira. Os alvos eram Moscou e região, voltando a alimentar as preocupações quanto aos impactos para o mercado de commodities.
Os preços do trigo também avançaram nessa sexta-feira (dia 18), com a renovação das preocupações com o conflito do Mar Negro.
Apesar de não terem sido reportados novos ataques a estruturas portuárias ou de exportação, em geral, a escalada das tensões entre os dois países preocupa a vai deixando mais distante a possibilidade de uma retomada do Acordo Iniciativa de Grãos, com as exportações ucranianas utilizando os portos do Mar Negro.
O mercado monitora também a demanda indiana de trigo, com notícias de que o país estaria em negociação para importar trigo russo, com o objetivo de aumentar a oferta interna e controlar a inflação.
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