Os futuros de ações ficaram novamente sob pressão modesta durante a madrugada, com aumento das discussões sobre a próxima reunião do Federal Reserve e uma possível paralisação do governo no início do mês que vem. O índice VIX opera perto de 14 pontos nesta manhã, indicando que não há pânico em Wall Street, embora a cautela esteja aumentando. O dollar index é negociado perto de 104,9 atualmente. Os rendimentos dos títulos do Tesouro americano de 10 anos estão operando perto de 4,23%, enquanto os de 2 anos se encontram em torno de 4,93%. Os preços do petróleo estão ligeiramente mais altos nas primeiras negociações, enquanto o setor de grãos e oleaginosas tem comportamento misto a mais fraco antes do fim de semana.
Outro confronto político sobre o financiamento do governo americano pode ocorrer se democratas e republicanos não conseguirem chegar a um acordo sobre o projeto de lei para financiar as operações antes do início do próximo ano fiscal, em 1º de outubro. Esses projetos de lei de gastos normalmente começam na Câmara dos Representantes como um pacote de 12 projetos financiamento para cada um dos principais setores orçamentários. Até o momento, apenas um dos 12 foi aprovado, e isso não inclui as negociações que terão de ocorrer entre a versão da Câmara e as prioridades de gastos do Senado. As paralisações do governo não são tão raras; essa seria a quarta da última década, se ocorrer, mas tendem a ter pouco impacto sobre a economia e, portanto, pouco impacto sobre os mercados.
Porém, desta vez pode ser diferente. Segundo informações, os republicanos da Câmara querem cortar US$ 120 bilhões da linha de US$ 1,590 trilhão para gastos discricionários acordada entre o presidente da Câmara, Kevin McCarthy, e o presidente Joe Biden há vários meses durante as negociações sobre o teto da dívida. O que eles não estão dizendo é que a atual conta anual dos juros sobre a dívida nacional americana é de US$ 673 bilhões ou o equivalente a 42% dessa linha orçamentária de gastos discricionários, e esse número está crescendo à medida que os certificados de dívida vencem, o que exige que sejam renovados com as taxas de juros mais altas de hoje. A Fitch rebaixou a classificação de crédito dos EUA este ano por causa do ambiente político volátil em Washington, que mostra poucos sinais de resolução dos problemas da dívida. A S&P já reduziu sua classificação em 2011. Outro confronto evidenciará mais uma vez o problema, arriscando um rebaixamento da dívida pela Moody's, que ainda não abordou o problema. Esses rebaixamentos de crédito resultam em taxas de juros mais altas para a dívida nacional, aumentando os problemas orçamentários, mas também resultam em taxas de juros mais altas para o consumidor médio e para o proprietário de imóveis. Os rendimentos do Tesouro têm tendência de alta, à medida que o mercado de títulos faz o trabalho que o Fed não conseguiu realizar até agora. O rápido aumento dos gastos federais continua a aumentar a oferta de certificados de dívida que estão sendo fornecidos ao mercado, num momento em que o Fed está reduzindo seu balanço patrimonial ao cortar a demanda por esses mesmos certificados em US$ 1,14 trilhão ao ano, à medida que os gastos fiscais acrescentam mais ou menos 1 trilhão de oferta. A única maneira de aproximar a oferta e a demanda por esses certificados de dívida é fazer com que seus rendimentos aumentem para atrair novos compradores, e é isso que o mercado está fazendo. Se Washington não conseguir resolver essa questão nas próximas semanas, o mercado poderá aumentar os riscos de aumento da taxa de juros, o que representa um risco tanto para a economia quanto para os mercados.
O esmagamento doméstico de soja da China totalizou 2,16 milhões de toneladas na semana passada, marcando a oitava semana consecutiva em que excedeu 2 milhões. O esmagamento do ano civil até o momento totaliza 63,37 milhões de toneladas, um aumento de quase 10% em relação ao ritmo do ano anterior, de 57,75 milhões. No entanto, as importações de soja do ano até o momento totalizaram 71,65 milhões de toneladas, um aumento de 10,33 milhões ou quase 18% em relação ao ritmo do ano anterior. Isso significa que a China importou 8,28 milhões de toneladas de soja a mais do que esmagou até agora nos primeiros oito meses do ano comercial, com o excedente indo para suas reservas. A questão é: a China utilizará essas reservas nos próximos meses para reduzir os custos extras do transporte de soja pelo Canal do Panamá este ano, reduzindo as importações dos Estados Unidos? E até que ponto fará isso? Já esperamos que suas importações de soja dos EUA sejam reduzidas nos próximos meses devido à grande quantidade de soja brasileira que adquiriu para embarque durante o período. A decisão da China de retirar ou não essa soja das reservas, e em que medida, provavelmente será influenciada pela percepção do início da safra brasileira.
É importante observar que a China também está construindo grandes reservas de petróleo, que se acredita serem de mais de 1 bilhão de barris, ou um fornecimento para 66 dias. As importações de agosto foram as segundas maiores já registradas, com 12,78 milhões de barris por dia. A China está estocando commodities essenciais em um momento em que o presidente Xi Jinping, coincidentemente, deixou de participar de reuniões com o Ocidente, retirando-se da última Cúpula do G-20. Por outro lado, Pequim sediará a reunião do 10º aniversário da Iniciativa do Cinturão e Rota (BRI, na sigla em inglês) no próximo mês, com a presença confirmada de líderes de mais de 90 países, dos 152 que atualmente participam da BRI. A maioria deles são países em desenvolvimento com os quais a China está vinculando sua economia, buscando promover o uso de sua moeda. Ironicamente, o uso do yuan ainda representa pouco mais de 3% de todo o comércio global. O avanço do yuan está enfrentando dificuldades à medida que cai para o nível mais baixo em 16 anos, próximo a 7,35 por dólar, enquanto as reservas cambiais chinesas continuam a ser reduzidas. A China precisa adicionar mais estímulos à sua economia, mas tem receio de enfraquecer ainda mais sua moeda.
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