O fluxo de capital retornou cautelosamente para os setores de commodities e ações durante a noite, após uma sessão de "aversão ao risco" na quinta-feira, depois que o Federal Reserve adotou um tom mais cauteloso na tarde de quarta-feira. O índice de volatilidade VIX recuou para 17 pontos na manhã de hoje, após atingir máximas de um mês, próximo dos 18 pontos, na quinta-feira. O dollar index continua a acompanhar os rendimentos do Tesouro, com suporte adicional de uma declaração de política mais expansionista (dovish) do que o esperado do Banco do Japão. O dollar index negocia próximo dos 105,5 pontos, após atingir uma máxima de seis meses em 105,8 no início da sessão. Os títulos de 10 anos do Tesouro dos EUA negociaram próximos a 4,48%, após atingirem novas máximas de 16 anos próximos a 4,51% no início da sessão. Os títulos de 2 anos do Tesouro dos EUA negociam próximos a 5,13%, após atingirem novas máximas de 17 anos acima de 5,20% na quinta-feira. Os preços do petróleo negociaram 2% mais altos nas primeiras negociações de hoje, enquanto os mercados de grãos e oleaginosas também estão majoritariamente mais altos.
Wall Street está se ajustando às novas expectativas desta semana sobre as taxas de juros que são "mais altas por mais tempo". Isso é um produto da insistência do Federal Reserve em manter uma postura contracionista (hawkish) para evitar uma mudança prematura, bem como da rápida elevação da dívida nacional. O Federal Reserve continua encolhendo seu balanço, além de sustentar seu discurso de juros mais altos, reduzindo a quantidade de títulos do Tesouro que compra em US$ 1,14 trilhão por ano. Isso se soma a uma redução nas compras de certificados de dívida pelos dois principais compradores estrangeiros – Japão e China. A redução na demanda por certificados de dívida está se aproximando de US$ 1,5 trilhão em um momento em que o Congresso continua adicionando cerca de US$ 1 trilhão à oferta de certificados de dívida. A combinação da necessidade de atrair novos compradores para todos esses certificados de dívida adicionais e os resultados da política monetária do Fed resultam em rendimentos do Tesouro em tendência de alta. Isso então leva a um dólar mais forte, criando mais desafios para as nações com grandes quantidades de dívida denominada em dólares, mas também criando mais desafios para a China, que ainda está em modo de estímulo.
Espera-se que a Casa Branca informe hoje às agências federais para se prepararem para uma paralisação do governo. A Câmara dos Representantes ainda não conseguiu chegar a um acordo para financiar o governo após o dia 30 de setembro, muito menos concordar com um projeto de lei que seria aprovado pelo Senado. Já vimos uma paralisação parcial do governo uma dúzia de vezes desde 1976, sendo a mais longa delas com duração de 34 dias no final de 2018, se estendendo até o início de 2019. Seria uma paralisação parcial, pois todos os serviços "essenciais" continuariam. O principal fator que atrasa um projeto de lei de gastos para financiar o governo é um grupo de deputados na Câmara que está usando a crise atual como alavanca para forçar cortes de gastos para começar a resolver o problema da dívida do país. O mercado supõe que vamos passar por isso com poucos danos significativos para a economia, mas acredito que realmente virá à tona quando o Congresso precisar chegar a um novo acordo sobre o teto da dívida imediatamente após as eleições de 2024. As escolhas do Congresso nesse momento serão impostos mais altos, cortes de gastos ou monetizar a dívida criando dinheiro para comprar seus próprios certificados de dívida. Provavelmente veremos uma combinação dos três.
O México aumentou as tarifas de importação de 5% a 25% sobre um total de 392 produtos a partir de 16 de agosto, impactando quase 90% das exportações chinesas para o México. México e Canadá são os principais parceiros comerciais dos Estados Unidos, mas o México também se tornou um importante destino para produtos chineses nos últimos anos – muitas vezes para reexportá-los para os Estados Unidos. Isso ocorre no momento em que as restrições comerciais aumentam entre a China e a União Europeia, com os últimos desenvolvimentos, incluindo a investigação anti-subsídios da UE sobre as exportações chinesas de veículos elétricos. A Alemanha também estaria considerando restringir o uso de equipamentos de telecomunicações chineses fabricados pela ZTE e Huawei em suas redes móveis. Isso poderia causar mais um impacto na economia em dificuldades da China. O investimento estrangeiro direto (IED) da China atingiu US$ 116 bilhões nos primeiros oito meses deste ano, queda de mais de 11% em relação aos US$ 131 bilhões no mesmo período do ano passado, com o crescimento do IED ficando negativo desde abril. Na verdade, a China suspendeu a divulgação de IED dos Estados Unidos neste verão, sugerindo que houve um declínio muito mais acentuado, aumentando as tensões geopolíticas.
As exportações por via marítima da Ucrânia têm aumentado lentamente. Dois navios já partiram em segurança dos portos da Ucrânia utilizando seu corredor humanitário, transportando um total de 20 mil toneladas de produtos. Mais três navios estão se deslocando para esses portos para serem carregados com produtos agrícolas e minério de ferro, com capacidade combinada de 127 mil toneladas, com o objetivo de transportar suas cargas para a China, Egito e Espanha. A expectativa é que outros embarcadores sejam encorajados a fazer o mesmo se nada acontecer, liberando mais commodities a granel no mercado mundial. Fica a pergunta: será que a Rússia vai permitir que isso aconteça? A Ucrânia também parece estar se aproximando de encontrar soluções negociadas para mover suas commodities agrícolas para o oeste por terra, embora esses acordos provavelmente levem tempo, e subsídios adicionais também. Mas o Ocidente continua a enviar dinheiro para a Ucrânia, que poderia optar por utilizá-lo para os subsídios. O Ocidente não quer ver as capacidades de produção agrícola da Ucrânia pararem, o que acabaria por resultar em escassez global de alimentos.
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