Resumo Semanal de Milho

Milho finaliza mais uma semana no campo negativo, afetado principalmente por WASDE
 
João Pedro Lopes
Analista de Inteligência de Mercado
Números acima do esperado para produção brasileira e estoques mundiais pressionaram o mercado
Fatores baixistas
  • Baixa demanda internacional pelo milho norte-americano;
  • Boas expectativas para produção argentina;
  • Queda nos futuros do trigo em Chicago;
  • Números do USDA acima do esperado para produção brasileira e estoques mundiais.
Fatores altistas
  • Apesar do registro de um padrão climático mais favorável, preocupação com safra no Brasil, especialmente a 2ª safra de milho, persiste;
  • Conab reduz estimativa para safra de milho do Brasil.

Os futuros do milho finalizaram mais uma semana com fortes quedas em Chicago, que ocorreram principalmente após a divulgação do relatório de oferta e demanda do USDA. Apesar do Departamento ter trazido revisões negativas para a safra brasileira, como se esperava, o número ficou acima do esperado pelo mercado. Além disso, o USDA trouxe números de produção da Argentina e dos EUA e de estoques mundiais maiores que o esperado pelo mercado. O Março/24 do milho finalizou a última sexta-feira, 12 de janeiro, cotado a 447 cents/bu, queda de 3% no comparativo semanal e o menor fechamento registrado pelo contrato desde que começou a ser operado.

Intraday (15 min) contrato de março/24 (CBOT)
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Fonte: CME. Elaboração: StoneX.

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Fonte: CME. Elaboração: StoneX.

 

 

Inspeções de exportação dos EUA: O relatório de Inspeções de Exportações dos EUA divulgado na semana passada indicou que o país exportou 856,6 mil toneladas de milho na semana encerrada em 4 de janeiro, acima das 569,9 mil registradas na semana anterior e das 402,1 mil toneladas na semana equivalente da safra temporada anterior. Com isso, os embarques acumulados na safra 23/24 chegaram a 12,8 milhões de toneladas, contra 10 milhões no mesmo período do ciclo 22/23.

Vendas de exportação dos EUA: Já o relatório de vendas de exportação do USDA, mostrou a venda líquida de 487,6 mil toneladas na semana encerrada no último dia 4, contra 367,5 mil na semana anterior e acima também das 255,7 mil toneladas vendidas na semana equivalente de 2023. O volume ficou dentro da faixa das expectativas do mercado, que variavam entre 400 mil e 1 milhão de toneladas. No acumulado, as vendas da safra 23/24 totalizaram 30,3 milhões de toneladas, contra 22 milhões no mesmo período de 22/23.

 

Vendas semanais de exportação - EUA (mil toneladas)

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Fonte: USDA. Elaboração: StoneX.

 

Exportações ucranianas: O sucesso da Ucrânia com seu corredor de grãos impulsionou os futuros do trigo. Segundo o Vice Primeiro Ministro da Ucrânia, Oleksandr Kubrakov, o país movimentou 10 milhões de toneladas de produtos agrícolas (incluindo grãos) em seu corredor desde julho, apesar de todos os ataques realizados pela Rússia. O total de exportações de grãos desde o início da temporada  por todos canais de distribuição foi de 19,4 milhões de toneladas de grãos. Esse número ainda é 4 milhões menor do que no mesmo período do ano anterior, mas é considerado um sucesso, dadas as condições enfrentadas pelo país.

Após ter seguido o caminho oposto de Chicago nas última semanas, os futuros do milho no Brasil seguiram o mesmo rumo dos preços internacionais nessa última semana. O janeiro/24 encerrou a última sexta-feira cotado a R$ 69,74/sc, desvalorização de 6,6% na semana. O forte queda registrada na B3 foi motivada por perspectivas mais favoráveis para a safra do cereal no Brasil. O padrão climático das últimas semanas trouxe um alívio para a safra de soja, mas também uma perspectiva mais favorável para a safra de milho. Além disso, o encurtamento do ciclo da soja observado em algumas regiões pode favorecer a janela de plantio da safrinha nessas localidades.

Intraday (15 min) contrato de janeiro/24 (B3)
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Fonte: B3. Elaboração: StoneX.

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Fonte: B3. Elaboração: StoneX.

 

Safra brasileira: O padrão climático no Brasil continuou se mostrando favorável às lavouras de soja e milho nessa última semana. De um modo geral, o país registrou bons volumes de chuvas ao longo das últimas duas semanas, o que tende a sustentar as condições das lavouras e, em alguns casos de áreas onde a semeadura ocorreu mais tarde, até promover melhoras. As chuvas devem ser bem menos intensas nos próximos dias em praticamente todo o cinturão da soja, o que deve favorecer o avanço da colheita e proporcionar uma melhor janela de plantio para o milho safrinha em algumas regiões. As precipitações devem voltar na semana seguinte, trazendo uma melhor umidade para o solo e beneficiando a segunda safra do cereal, especialmente as áreas recém plantadas. Por outro lado, essas chuvas podem também postergar a colheita de algumas áreas de soja e impactar a janela de semeadura da safra de inverno do cereal. Ainda, houve relatos de encurtamento do ciclo da soja em algumas regiões, o que pode favorecer a janela de plantio da safrinha nessas localidades. De qualquer modo, será fundamental seguir acompanhando o progresso e o desenvolvimento das lavouras dos grãos para se ter uma ideia mais concreta do volume da safra brasileira.

Estimativa Conab: Na última semana, a Conab reduziu a produção total 2023/24 para 117,6 milhões de toneladas, resultado de uma redução de quase 1 milhão de toneladas na primeira safra, que, por sua vez, também foi motivada principalmente por ajustes na produtividade.

Estimativas USDA: Por fim, o acontecimento que mais movimentou o mercado na semana: o Relatório de Oferta e Demanda do USDA. O Departamento, como esperado, reduziu sua estimativa para a safra 23/24 do Brasil, em 4 milhões de toneladas, para 127 mlhões. Contudo, o número ficou acima da média das expectativas de mercado, de 125,3 milhões. Outro ponto que pegou o mercado de surpresa foi a elevação da produção norte-americana, de 387 para 389,7 de toneladas, contribuindo para estoques levemente maiores no país. A nível global, os estoques de passagem avançaram para 325 milhões de toneladas, volume mais de 10 milhões acima do esperado pelo mercado, o que contribui consideravelmente para as quedas observadas nas cotações. Ainda no tema estoques, o USDA divulgou também seu relatório trimestral de posição dos estoques, indicando os estoques de grãos norte-americanos no dia 1º de dezembro de 2023. O Departamento indicou um volume de 309,1 milhões de toneladas, acima da média das expectativas de mercado (306,1 milhões) e do registrado em 1º de dezembro de 2022 (274,9 milhões).

PREÇOS FÍSICOS (R$/sc 60kg)
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Fonte: StoneX. Elaboração: StoneX.
 

AGENDA DE INDICADORES ECONÔMICOS
Tags relacionadas: Grãos e Oleaginosas

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