Estados Unidos
Milho valorizou na bolsa de Chicago - Pela segunda semana consecutiva, os futuros do milho valorizaram na bolsa de Chicago, um contraste com as perdas que vinham acontecendo desde outubro do ano passado. O contrato com vencimento em maio de 2024 encerrou o período cotado a 439,75 cents/bu, valorização de 3,5% na comparação semanal.
Os ganhos não estiveram atrelados a mudanças nos fundamentos de oferta e demanda. O relatório WASDE, divulgado na sexta-feira (8), seguiu mostrando o USDA bastante otimista quanto às safras brasileira e argentina, com as estimativas de produção mostrando volumes de produção robustos. Neste sentido, temos que os ganhos do milho na bolsa estão sendo impulsionados por movimentos especulativos.
Parte deste movimento pode estar atrelado à realização de lucro, com agentes que estavam apostando na baixa aproveitando os menores preços desde 2020 para liquidar suas posições. Outra possibilidade que está sendo especulada é a de que os fundos estão saindo de parte de suas posições vendidas devido ao aumento das incertezas quanto aos preços futuros, uma vez que estamos nos aproximando do período em que o clima é determinante para a safrinha brasileira e a safra norte-americana. Por fim, a movimentação financeira também pode estar atrelada a indícios ainda incipientes de aquecimento da inflação, que teria levado alguns fundos a comprar commodities ao invés de vendê-las.
Intraday (15 min) contrato de maio/24 - CBOT
Vendas de exportação dos EUA: Na quinta-feira (07/03), o USDA divulgou o relatório de vendas de exportação dos Estados Unidos. O relatório mostrou a venda líquida de 1,09 milhão de toneladas de milho na semana encerrada dia 29 de fevereiro, contra 399 mil na média dos últimos três anos para o período. Apesar do bom volume semanal, as vendas de exportação dos Estados Unidos no agregado do ano 2023/24 seguem relativamente fracas. No momento, elas totalizam 39,2 milhões de toneladas, bem acima das 27,9 milhões registradas no mesmo período do ano passado, mas abaixo da média dos últimos três anos de 43,5 milhões de toneladas.
Embarques nos EUA: Também na quinta-feira (07/03), o USDA divulgou os dados de embarque de mercadorias, que correspondente ao que efetivamente foi exportado pelos Estados Unidos. Eles mostraram que 1,2 milhão de toneladas de milho foram embarcadas na semana encerrada dia 29 de fevereiro, contra 0,6 milhão na mesma semana do ano passado e 1,4 milhão na média dos últimos três anos. No agregado do ano safra 2023/24, 21,4 milhões de toneladas já foram embarcadas nos portos dos Estados Unidos, contra 15,0 milhões no mesmo período do ano passado e 22,3 milhões na média dos últimos três anos. Ou seja, os dados de embarque mostram o mesmo cenário dos de vendas de exportação: a demanda internacional pelo milho dos Estados Unidos está mais forte que a do ano safra passado, mas está abaixo da média dos últimos três anos.
Produção de etanol de milho nos EUA: A última divulgação da Administração de Informação de Energia dos Estados Unidos (EIA, na sigla em inglês) mostrou que as usinas norte-americanas produziram 1.057 mil barris/dia de etanol de milho na semana encerrada dia 1 de março. Esse volume está 5,9% acima da média dos últimos cinco anos para o mesmo período. No agregado do ano de 2024, a produção média subiu para 1.029 mil barris/dia, contra 990 mil barris/dia na média anual dos últimos cinco anos. Portanto, é possível dizer que o setor de energia está demandando volumes significativos de milho em 2024.
Vendas semanais de exportação - EUA (mil toneladas)
Relatório de oferta e demanda do USDA (WASDE)
Estimativa para oferta de milho segue elevada - O relatório de oferta e demanda do USDA (WASDE, na sigla em inglês) teve efeitos limitados sobre os preços do milho na bolsa de Chicago. A safra argentina foi aumentada em 1 milhão de toneladas, mas os números do Brasil seguiram praticamente inalterados, sendo registrado apenas um aumento no consumo doméstico. Frente a estas movimentações, o sinal emitido pelo USDA segue sendo o mesmo, ou seja, o de uma oferta global elevada devido a safras robustas no Brasil e na Argentina
Aumento para a safra argentina - O relatório de março do USDA estimou que a Argentina produzirá 56 milhões de toneladas de milho na safra 2023/34, um aumento de 1 milhão de toneladas na comparação com o número de fevereiro. Caso concretizada, essa será a maior safra de milho da história da Argentina, representando um aumento de 20 milhões de toneladas na comparação com a safra 2022/23. Vale apontar que a Bolsa de Cereales de Buenos Aires, maior referência doméstica para o mercado de grãos, estima a safra da Argentina em 56,5 milhões de toneladas.
Manutenção dos números para o Brasil - O relatório de março do USDA estimou que o Brasil produzirá 124 milhões de toneladas de milho na safra 2023/24, volume igual ao divulgado em fevereiro e muito próximo à estimativa da StoneX de 124,4 milhões de toneladas. Vale apontar, entretanto, que o milho safrinha ainda passará por todo o período de desenvolvimento e que, portanto, os números estão sujeitos à revisão.
Revisão na produção de alguns países não muda cenário global de oferta e demanda- Em escala global, o aumento da produção argentina de milho foi contrabalanceado por quedas nas estimativas para Ucrânia, México e África do Sul. Com isso, a estimativa para a produção global ficou em 1.230,2 milhões de toneladas, um recuo de 2,3 milhões de toneladas na comparação com fevereiro. Em termos percentuais, entretanto, esse recuo é pouco significativo, não te impacto sobre as cotações.
Brasil
Futuros do milho valorizaram na B3 - Na semana encerrada dia 8 de março, os contratos de milho valorizaram na B3, acompanhando a movimentação acontecida em Chicago. O contrato com vencimento em maio encerrou o período cotado a R$ 60,63/sc, valorização semanal de 7,4%.
Vale apontar que os ganhos registrados na bolsa estão tendo impacto no mercado físico. Nos estados do Sul, por exemplo, os preços valorizaram de maneira generalizada. Em Passo Fundo/RS, a StoneX apurou o milho sendo negociado no dia 7 de março por R$ 56,00/sc, ganho semanal de 1,82%.
Intraday (15 min) contrato de maio/24 - B3
Progresso da colheita do milho verão 2023/24: A colheita do milho verão está bastante adiantada nos estados do Sul, que correspondem a 38% da área plantada. No Rio Grande do Sul, por exemplo, 84% das lavouras já haviam sido colhidas até sexta-feira da semana passada (08/03). Já no Sudeste, região que concentra 23% das lavouras de milho verão, a colheita está agora ganhando tração, tendo atingido 35% em Minas Gerais. Por fim, nos estados do Norte e Nordeste, onde está 30% da área de milho verão, a colheita ainda não começou, já que por lá o calendário agrícola do milho é mais atrasado. Na média ponderada, temos que a colheita do milho verão no Brasil atingiu 46,6%, 17,3 pontos percentuais acima do registrado no mesmo período da safra passada.
Progresso do plantio do milho safrinha 2023/24: O plantio do milho safrinha 23/24 está próximo de ser finalizado. Em estados como Mato Grosso, Goiás e Rondônia, por exemplo, ele já ultrapassou 90% da área estimada. O único estado cujo plantio está significativamente atrasado é Minas Gerais, onde apenas 10% da área plantada já foi semeada. De todo modo, temos que, no Brasil, o plantio do milho safrinha está adiantado na comparação com a safra passada, com os 87,4% representado um avanço de 12 pontos percentuais na comparação com o ciclo passado.
Argentina
Condições da safra argentina - Dados da Bolsa de Cereales de Buenos Aires mostram que as lavouras de milho da Argentina seguem em boas condições. A última atualização, divulgado no dia 6 de março, indicou 87% das lavouras em condições excelentes, boas ou normais, percentual igual ao da semana passada e 46 pontos percentuais acima do registrado no mesmo período da safra passada. Com isso, a Bolsa de Cereales segue estimando a produção de 56,5 milhões de toneladas na safra 2023/24, aumento de 22,5 milhões de toneladas na comparação com 2022/23.
Início da colheita na Argentina - Na última semana, teve início a colheita do milho na Argentina. Segundo dados da Bolsa de Cereales de Buenos Aires, 154 mil hectares foram colhidos, o equivalente a 2,1% da área plantada. Por enquanto, os dados mostraram uma produtividade elevada: 8,53 ton/ha, o equivalente a 142,2 sc/ha. Para efeitos de comparação, a StoneX estima que a produtividade do milho verão no Brasil será de 7,12 ton/ha, ou 118,7 sc/ha. É claro que ainda está muito cedo para tirar grandes conclusões, mas os sinais para a safra argentina seguem sendo positivos.
Preços futuros e físicos
Contratos futuros negociados na CBOT (US¢/bu)
Contratos futuros negociados na B3 (R$/sc)
Preços fisicos no Brasil (R$/sc)
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