- Fatores baixistas
- Perspectiva de estoques elevados ao final dos anos safra 23/24 e 24/25;
- Possibilidade do USDA ter superestimado redução da área de plantio de milho nos EUA;
- Avanço da colheita da safrinha;
- Boa condição das lavouras norte-americanas.
- Fatores altistas
- Seca no Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo;
- Disseminação da cigarrinha na Argentina;
- Seca e calor em partes da China;
- Atraso no ritmo de comercialização no Brasil e nos Estados Unidos.
Panorama geral
Em junho, os sentimentos baixistas estão dominando as negociações de milho na bolsa de Chicago. Na semana passada (17/06-21/06), o contrato futuro com vencimento em julho ficou cotado a 435 cents/bu, desvalorização semanal de 3,3%.
Isso porque os prognósticos para a safra norte-americana 24/25 estão positivos. No relatório semanal do USDA, referente ao dia 16, 72% das lavouras de milho foram classificados como boas/excelentes, uma queda de 2 pontos percentuais na comparação semanal, mas ainda assim o maior valor dos últimos cinco anos para o período.
Para as próximas duas semanas, os modelos climáticos indicam que o cinturão agrícola dos Estados Unidos continuará recebendo bons volumes de chuva, sinal de que as lavouras seguirão se desenvolvendo sem grandes problemas.
Além do clima dos Estados Unidos, a valorização do dólar foi outro assunto que ganhou destaque no mercado de milho na semana passada. Esse fenômeno influencia negativamente a cotação do milho porque torna as exportações de Brasil, Argentina e Ucrânia mais competitivas, o que acaba exercendo pressão baixista sobre o preço das exportações norte-americanas.
No mais, foi uma semana de poucas novidades no mercado de milho, até porque a CBOT não abriu na quarta-feira devido a um feriado nos Estados Unidos. Para a semana atual, entretanto, as expectativas estão bastante elevadas, já que na sexta-feira (28) o USDA divulgará os números finais de área plantada nos Estados Unidos, relatório muitíssimo aguardado pelo mercado.
No relatório de intenções de plantio, divulgado dia 28 de março, o USDA indicou que os agricultores norte-americanos plantariam 36,44 milhões de hectares de milho e 35,01 milhões de hectares de soja. Caso o relatório de área plantada mostre valores muito diferentes disso, poderemos ter mudanças importantes nas cotações dos grãos e oleaginosas. Antes do relatório de março, muitos analistas, inclusive o economista chefe da StoneX, Arlan Suderman, estimavam uma área de milho maior do que a foi divulgada.
Intraday (15 min) contrato de julho/24 - CBOT
Estados Unidos
Na segunda-feira da semana passada (17), o USDA não divulgou dados para o plantio de milho nos Estados Unidos, o que significa que a semeadura do grão está praticamente finalizada.
Na mesma data, foi divulgado que 72% das lavouras estavam em condições boas/excelentes, percentual bem acima do registrado ano passado (55%) e da média dos últimos cinco anos (64%). A conclusão é que a safra norte-americana está se desenvolvendo bem neste início de safra.
Há, entretanto, alguns pontos de atenção. Os 72% representaram um recuo semanal de 2 pontos percentuais (p.p.), decorrentes de perdas de qualidade em alguns estados importantes. Em Illinois, por exemplo, as lavouras em condições boas/excelentes recuaram de 74% para 65%, resultado do calor e da falta de chuva que afetou partes do estado. Além de Illinois, a seca/calor afetou também Ohio (-7 p.p.), enquanto excesso de chuvas produziu perdas de qualidade em Dakota do Sul (-5 p.p.), Nebraska (-3 p.p.) e Minnesota (-3 p.p.).
Para a atualização das condições que será divulgada hoje (24), é possível que as fortes chuvas que afetaram Iowa e algumas outras regiões do cinturão agrícola norte-americano tenham resultado em novas perdas de qualidade, mas não há consenso em torno disso. Há também alguma preocupação quanto a seca e altas temperaturas no leste do cinturão agrícola. Entretanto, enquanto os dados do USDA não mostram quedas expressivas na qualidade das lavouras, os investidores seguem apostando na baixa.
Pelo lado da demanda, as vendas de exportação de milho na semana encerrada dia 14 de junho totalizaram 511 mil toneladas, volume significativamente acima da média dos últimos três anos para o período de 144 mil toneladas. Mesmo assim, a divulgação foi um pouco decepcionante, já que o mercado esperava algo entre 700 mil e 1,2 milhão de toneladas. De qualquer forma, as exportações no ano safra 2023/24 alcançaram 52,8 milhões de toneladas, volume muito próximo da estimativa do USDA de 54,6 milhões. Restando mais de dez semanas para o fim do ano safra, é provável que o USDA precise revisar para cima sua estimativa para exportações, fator altista para as cotações.
Sobre o setor de etanol, ele consumiu 1.057 mil barris/dia na semana encerrada dia 14 de junho, volume muito similar ao registrado ano passado (1.052 mil barris/dia), mas 4,6% acima da média dos últimos cinco anos. Portanto, os dados seguem mostrando o setor de etanol consumindo volumes elevados de milho.
Vendas de exportação dos Estados Unidos (mil toneladas)
Fonte: USDA. Elaboração: StoneX.
Brasil
Na semana passada (17/06-21/06), os futuros do milho negociados na B3 estiveram bastante voláteis: enquanto na segunda e na quinta os preços tiveram perdas expressivas, na quarta os contratos registraram ganhos importantes. No agregado do período, o contrato com vencimento em julho ficou cotado a R$ 57,60/sc, mesmo preço de encerramento da semana anterior.
Além do preço do próprio milho, os agentes que atuam no mercado de grãos ficaram de olho também no dólar. Na semana passada, ele ultrapassou a faixa dos R$ 5,40 pela primeira vez desde janeiro de 2023, resultado tanto de fatores externos (manutenção da taxa de juros nos Estados Unidos), como de fatores internos (incertezas fiscais). Para as perspectivas de câmbio para a semana que está se iniciando, clique aqui.
Voltando as atenções para os fundamentos do mercado de milho, pelo lado da oferta o destaque no Brasil ficou por conta da colheita e da comercialização. Pelo levantamento da StoneX, 28,6% da safrinha havia sido colhida na última sexta-feira (21), maior percentual dos últimos três anos para o período. Sobre a comercialização, levantamento também da StoneX mostra que apenas 32,7% da safrinha estava comercializada no dia 20 de junho, menor percentual dos últimos seis anos para o período. Nesse sentido, temos o avanço da colheita como um fator de baixa para as cotações, enquanto o atraso na comercialização é um fator de suporte.
Pelo lado da demanda, as exportações estão começando a ganhar tração devido ao avanço da colheita. Nas duas primeiras semanas de junho, o Brasil exportou 392 mil toneladas de milho, contra 421 mil ao longo de todo mês de maio. Na comparação anual, entretanto, as exportações estão 14,4% inferiores ao registrado no mesmo período do ano passado.
Intraday (15 min) contrato de julho/24 - B3
Argentina
Na última quarta-feira (19), a colheita na Argentina atingiu 49,3%, avanço semanal expressivo de 9 pontos percentuais. Se o clima permitir, a colheita deverá estar finalizada em meados de agosto.
Como esperado, o rendimento em regiões do norte do país está baixo devido aos impactos causados pela cigarrinha, o que contrasta com os bons rendimentos da parte sul. Na província de Córdoba, por exemplo, o rendimento médio na porção centro-norte é de apenas 4,34 ton/ha (72,3 sc/ha), enquanto na sul é de 8,17 ton/ha (136,2 sc/ha).
Como os rendimentos ruins no norte já eram esperados, a Bolsa de Cereales de Buenos Aires manteve sua estimativa de produção em 46,5 milhões de toneladas.
Colheita do milho na Argentina
Fonte: Bolsa de Cereales de Buenos Aires. Elaboração: StoneX.
Preços futuros e físicos
Contratos futuros negociados na CBOT (US¢/bu)
Contratos futuros negociados na B3 (R$/sc)
Preços fisicos no Brasil (R$/sc)
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