A semana foi marcada, mais uma vez, pela percepção elevada de riscos fiscais no Brasil, penalizando os ativos brasileiros. Nem mesmo uma decisão unânime e mais firme do Comitê de Política Monetária foi suficiente para amenizar o cenário de desconfiança de investidores. O dólar negociado no mercado interbancário terminou a semana em alta, encerrando a sessão desta sexta-feira (21) cotado a R$ 5,441, alta semanal de 1,1%, mensal de 3,6% e anual de 12,1%. Já o dollar index fechou o pregão desta sexta cotado a 105,8 pontos, variação de +0,2% na semana, +1,1% no mês e +4,4% no ano.
Na semana passada, as cotações da soja em Chicago alternaram entre altas e baixas, mas a tendência de queda predominou. O vencimento para julho encerrou a sexta-feira (dia 21) em 1160,5 cents por bushel, queda semana de 1,6%. No período recente, um clima mais seco no leste do cinturão resultou em um suporte para os preços na bolsa, mas que não se sustentou, com mudanças frequentes nas previsões climáticas e divergências entre os modelos americano e europeu. De qualquer maneira, esse clima mais seco em parte do cinturão dos EUA resultou em alguma piora da qualidade das lavouras na divulgação das condições das lavouras referente ao dia 16/06, mas o percentual bom/excelente da soja, em 70%, configura um patamar elevado, acima do ano passado e da média de cinco anos, e que em anos anteriores esteve associado a produtividades excelentes ou mesmo recordes.
Desenvolvimento da safra norte-americana pressiona o milho na CBOT
Na semana passada (17/06-21/06), o contrato futuro com vencimento em julho ficou cotado a 435 cents/bu, desvalorização semanal de 3,3%. No relatório semanal do USDA, 72% das lavouras de milho foram classificadas como boas/excelentes, uma queda de 2 pontos percentuais na comparação semanal, mas ainda assim o maior valor dos últimos cinco anos para o período. Para as próximas duas semanas, os modelos climáticos indicam que o cinturão agrícola dos Estados Unidos continuará recebendo bons volumes de chuva, sinal de que as lavouras seguirão se desenvolvendo sem grandes problemas, favorecendo perspectivas de uma oferta mais robusta. Na B3, o contrato com vencimento em julho ficou cotado a R$ 57,60/sc, mesmo preço de encerramento da semana anterior.
Os óleos vegetais encerraram a última semana com resultados mistos em suas principais bolsas de negociação. O óleo de soja, que chegou a esboçar uma maior reação nos primeiros dois pregões da semana, terminou sob maior pressão, computando apenas um leve avanço no balanço semanal. Os dados do NOPA, que trouxeram algum suporte no início da semana ao mostrar maior esmagamento e queda de estoques no EUA, foram contrabalanceados por um otimismo em relação à safra de soja americana, com bom avanço do plantio e boas condições nas lavouras. AS revisões do NOAA, diminuindo as chances de ocorrência de La Niña nesse ano, também atuaram para gerar um otimismo com a produção. O contrato de jul/24 terminou o período cotado a US¢ 43,9/lb, leve avanço de 0,6% frente a sexta-feira anterior (14).
Já o óleo de palma, apesar de dados apontando para uma melhor demanda em maio e maior competitividade de preços frente a seus concorrentes, terminou em leve queda, com o mercado ainda cauteloso com relação ao ritmo de recuperação do consumo, uma vez que dados preliminares de junho sugerem uma possível desaceleração. O contrato de ago/24 terminou o período cotado a USD 828,0/t, leve queda de 0,6%.
Após semanas consecutivas de aumentos nos preços da ureia, os preços diminuíram em diversos países. No Brasil, houve uma queda para as cotações CFR do fertilizante, mas, considerando a variação cambial e outros custos portuários, o impacto no preço da ureia internalizada foi limitado. Gradualmente, a fabricação de ureia no Egito tem retomado os patamares típicos, mas ainda não se sabe por quanto tempo a produção permanecerá afetada. No mercado de fosfatados, por sua vez, os importadores brasileiros têm se mostrado ativos, e, com o aquecimento da demanda, os preços do MAP registraram uma elevação. Por fim, no segmento de potássicos, os fundamentos continuam estáveis, pois, no Brasil, as cotações não registraram variações.
Na última semana, os preços do açúcar bruto e branco registraram uma semana de retração nas bolsas. Enquanto a primeira tela do bruto #11 (SBV4) demonstrou queda de 2,4%, encerrando o período em US¢ 18,97/lb, o açúcar branco #5 SWQ4 teve retração mais branda, de 0,7%, finalizando o período em US$ 558,2/ton. Os preços demonstraram-se ainda sensíveis aos fundamentos de ampla disponibilidade pelo lado da oferta. O Brasil segue mantendo sua posição hegemônica como exportador de açúcar, registrando recorde mensal no volume exportado em todos os meses desde novembro de 2023 - o que tem contribuído para limitar a escalada no mercado internacional. Apesar disso, um fator relevante nesta sexta-feira (21) foi a notícia de um incêndio no terminal Tiplam no Porto de Santos, ocorrida na noite do dia anterior. Segundo a agência Willians, o terminal tinha um embarque previsto de 800 mil toneladas de açúcar, o que pode prejudicar as exportações brasileiras no curto prazo. O mercado também monitora a evolução da temporada 2024 de monções na Índia país que, apesar da expetativa de melhora nas chuvas até setembro, pode demonstrar chuvas mais fracas durante o mês de junho, em linha com o divulgado pelo Instituto Meteorológico da Índia nesta semana (IMD, na sigla em inglês).
Na última semana, sem grandes mudanças do ponto de vista dos fundamentos e a espera da divulgação do relatório do USDA, os preços futuros de café arábica tiveram um pequeno avanço na semana, enquanto os preços de robusta ganharam força em meio ao cenário de oferta reduzida na Ásia. Na sexta-feira (21), os preços de café foram pressionados após a divulgação do relatório do USDA, que apontou para um maior excedente de 5,6 milhões de sacas em 2024/25.
Em Nova Iorque, o contrato mais ativo, com vencimento em setembro, avançou apenas 0,3% para US₵ 225,00/lb. No terminal londrino, mesmo com a queda na sexta-feira (21), os preços terminaram a semana com alta de USD 95/ton (2,4%) para USD 4104/ton. Neste período, o Dollar Index teve uma alta de 0,2% para 105,80 pontos e o par USDBRL teve um avanço de 1% para USDBRL 5,43.
Após quatro aumentos semanais consecutivos, a última semana quebrou o ciclo de altas no mercado futuro de cacau, registrando queda nos preços. Em Nova Iorque (ICE-US), o pregão da sexta-feira (21/06) encerrou a semana com uma queda acumulada de 8,2% para o contrato de setembro de 2024 (CCU24), fechando a 8.995 USD/ton. Em Londres, o contrato equivalente teve uma queda de 9,1% na semana, encerrando o período a 8.311 GBP/ton.
Vale destacar, adicionalmente, que o início desta semana estendeu a queda observada ao longo da última semana, com uma queda diária de 11,31% para a tela mais líquida nesta última segunda-feira (24), reforçando o arrefecimento dos preços. Essa diminuição foi a maior desde 13 de maio, quando houve uma queda diária de 19,3%, a maior em mais de 50 anos para o cacau negociado em bolsa.
Na última semana, as cotações de futuros do contrato mais ativo do Brent acumularam alta de 3,1%, negociadas a USD 85,24 bbl na última sexta-feira (21), enquanto o WTI registrou um avanço semanal de 2,7%, negociado em USD 80,73 bbl. Ao longo da semana, os futuros do Brent estenderam a sequência de alta, apoiados por riscos geopolíticos no Leste Europeu e no Oriente Médio. Além disso, perspectivas mais positivas em relação à demanda global – especialmente no terceiro trimestre – contribuíram para o resultado da semana e levaram os futuros do petróleo para os maiores patamares desde abril, apesar do fortalecimento do dólar no período.
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