Durante a semana, o mercado de divisas absorveu o aumento do apetite por risco dos investidores globais, impulsionado principalmente pela divulgação de indicadores mais robustos para a economia americana. Em particular, os dados de inflação ao consumidor (CPI) divulgados na quarta-feira (14) se destacaram, ajustando as expectativas para a próxima decisão de política monetária do Federal Reserve, prevista para o dia 18 de setembro. O consenso entre os agentes de mercado em torno de um corte de 0,25 pontos percentuais se consolidou ao longo da semana, o que deve trazer maior tranquilidade aos investidores nos próximos dias, favorecendo ganhos em ativos de risco e em moedas de mercados emergentes. O dólar negociado no mercado interbancário terminou a semana em baixa, encerrando a sessão desta sexta-feira (16) cotado a R$ 5,46, recuo semanal de 0,9% e mensal de 3,3%, porém alta anual de 12,7%. Já o dollar index fechou o pregão desta sexta cotado a 102,41 pontos, variação negativa de 0,7% na semana, negativa de 1,6% no mês e positiva de 1,1% no ano.
A soja negociada em Chicago teve mais uma semana de queda, conforme o novo relatório de Oferta & Demanda do USDA trouxe uma estimativa de safra robusta nos EUA . O vencimento de setembro recuou mais de 5% na semana, encerrando o período a US¢938,75/bu. Além de uma incomum revisão de área no relatório de agosto, que aumentou mais de 400 mil hectares, ficando em 35,25 milhões de hectares, o departamento também realizou uma revisão no seu número para os rendimentos, que devem ser de 3,58 ton/ha, valendo lembrar que o número da StoneX, divulgado no começo do mês, é de 3,54 ton/ha. No agregado global, a produção deve superar o consumo em mais de 25 milhões de toneladas, corroborando o cenário baixista que vem sendo observador no mercado. Nesta semana, mais perspectivas sobre a produtividade norte-americana devem ser reportadas, conforme diversos agentes vão a campo para analisar a qualidade das lavouras.
Nos EUA, USDA estima redução da área de milho, mas produtividade recorde
Os futuros do milho tiveram mais uma semana de queda em Chicago. Após operarem boa parte da semana com relativa estabilidade, as cotações perderam força perto do encerramento da semana, seguindo dados fracos de exportações dos EUA. O vencimento de setembro recuou quase 2%, fechando a sessão da última sexta-feira (16) a US¢376,75/bu. O mercado reagiu positivamente ao WASDE na segunda-feira (12), uma vez que o relatório trouxe uma área plantada menor para o milho nos EUA, recuando quase 300 mil hectares e ficando em 36,71 milhões de hectares. Mesmo assim, o reporte também trouxe uma produtividade alta, ficando em 11,49 ton/ha, acima do número da StoneX, que é de 11,44 ton/ha. Assim, em meio aos direcionamentos mistos do WASDE, o mercado repercutiu outros fatores, como as vendas de exportação registrando o menor patamar das últimas semanas. No Brasil, que não sofreu correções no WASDE, os preços na B3 seguiram Chicago, com o setembro/24 terminando a semana negociado a R$56,56/sc.
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O óleo de soja encerrou mais uma semana sob forte pressão na bolsa de Chicago, com o mercado repercutindo a uma série de indicadores e notícias que contribuíram para uma expectativa de balanço O&D ainda mais confortável. Destacaram-se o aumento maior que o esperado na estimativa do USDA para a produção de soja nos EUA, a proposta de redução do uso de óleo de soja para HVO a partir de 2028 e a manutenção da isenção de misturas obrigatórias de biocombustíveis de pequenas refinarias americanas. A tela de set/24 fechou cotada a US¢ 39,2/lb, forte queda semanal de 6,0%.
Já o óleo de palma conseguiu manter uma maior sustentação, ao passo que a demanda tem mostrado sinais melhores, com a confirmação das fortes importações indianas e preocupações com a estagnação da produção enquanto a Indonésia se prepara para uma transição para o B40 em 2025. Por outro lado, o óleo de soja em forte queda, reduzindo o spread entre as bolsas para próximo de zero, contribui para reduzir a atratividade da palma, enquanto as estimativas de embarques da Malásia em agosto apontam para desaceleração. Enquanto as telas mais próximas terminaram próximas da estabilidade, a tela de out/24 marcou queda de 1,2% na semana, cotada a USD 830,5/t.
Numa comparação semanal, os preços CFR da ureia no Brasil pouco mudaram. Investidores estão atentos para uma licitação de importação que acontece na Índia, e, assim, o mercado está em compasso de espera. No segmento de fosfatados, os fundamentos seguem apertados, enquanto no mercado internacional, a oferta continua reduzida, favorecendo a firmeza dos preços no Brasil. Por fim, no mercado de potássicos, as pressões baixistas estão presentes no setor: de um lado, há uma ampla oferta no segmento, e, por outro, a demanda está desaquecida. Vale lembrar que o Brasil se aproxima das safras de verão, e, dessa forma, acredita-se que grande parte das aquisições de adubos voltados a essa safra já foi realizada.
Na última semana, os preços do açúcar finalizaram a semana em tom baixista, influenciados por uma semana de divulgação dos dados da safra do Centro-Sul na segunda metade de julho/24. As cotações já vinham, nas últimas semanas, sob pressão baixista por um aumento da aversão ao risco nos mercados financeiros mundiais, assim como pelos bons níveis de chuvas na Índia durante a temporada de monções de 2024. Diante deste quadro mais baixista, apesar de encerrar esta sexta-feira (16) em alta de 0,84%, o açúcar bruto SBV4 encerra a semana com retração consolidada de 2,4%, na marca de US¢ 18,03/lb.
Na última semana, a passagem de uma massa polar, que derrubou as temperaturas nas regiões produtoras de café do Brasil no início da semana e provocou geadas localizadas, como será detalhado abaixo, atuou de forma altista para as cotações de café tanto no terminal americano como no britânico. Conforme será analisado abaixo, após a passagem da massa polar, a condição de clima seco tem gerado preocupações e atuado de forma altista para as cotações.
Considerando a variação semanal, a tela mais ativa do café arábica teve um avanço de 6,0%, fechando a sexta-feira (16) cotado em US₵ 244,10/lb. Em Londres, assim como no terminal Nova Iorquino, os preços futuros de café robusta terminaram a semana com uma alta de 7,0%, fechando a sexta-feira (09) cotado em USD 4452/ton. No mercado doméstico brasileiro, os preços tiveram um avanço menos intenso em meio à queda de 0,6% do dólar. O Indicador Cepea para o café arábica avançou 1,5% para R$ 1424,43/saca e o indicador para o café robusta 2,9% para R$ 1324,62/saca.
A última semana registrou movimentação negativa para os preços do cacau nos mercados futuros, refletindo uma tendência de reversão após os ganhos obtidos na semana anterior. Em Nova York, o contrato mais negociado (Dezembro/2024) registrou uma desvalorização semanal de 4,1%, fechando o pregão de sexta-feira (16) a 7.087 USD/tonelada. Em Londres, o contrato equivalente encerrou a semana com queda de 4,8%, cotado a 5.386 GBP/tonelada.
Apesar do movimento baixista observado durante a semana, essa variação dificilmente pode ser atribuída a novas notícias que indiquem uma melhora nos fundamentos do mercado de cacau. A variação parece refletir, por outro lado, fatores técnicos relacionados à dinâmica dos mercados futuros, sobretudo movimentos de realização de lucros em resposta à forte valorização do produto na sexta-feira anterior (9). As preocupações com a disponibilidade do produto persistem, pelo menos até o início da próxima temporada de entregas (2024/25), que deve se intensificar a partir de outubro.
Na última semana, as cotações de futuros do contrato mais ativo do Brent ficaram praticamente estáveis, negociadas a USD 79,68 bbl na última sexta-feira (16), enquanto o WTI registrou um recuo semanal de 0,25%, negociado em USD 76,65 bbl. Ao longo da semana passada, os preços do petróleo variaram fortemente, com os ganhos ou perdas de uma sessão sendo revertidos quase completamente no período seguinte. Isso levou os contratos do Brent a encerrarem a semana em estabilidade, sem um direcionamento do mercado frente os atuais fundamentos, com esse movimento podendo se repetir nos próximos dias. Ademais, a queda da última sexta-feira (16) parece ter sido influenciada pelos rumores de uma nova tentativa de acordo entre Israel e Hamas envolvendo Gaza, além de dados mais fracos do mercado de petróleo na China também chamar atenção dos investidores.
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