Comentários de Abertura

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Digerir o fluxo de notícias vindas da Casa Branca é como tentar beber água de uma mangueira de incêndio. A enxurrada de manchetes continua inundando os mercados globais com novas possibilidades a serem consideradas. No entanto, as ações continuam sendo negociadas em níveis relativamente altos, e Wall Street parece estar desenvolvendo certa resiliência em meio ao turbilhão de notícias que impactam o mercado. Nesta manhã, os traders estão avaliando os números das vendas no varejo de janeiro no contexto do anúncio do plano de tarifas recíprocas do presidente Trump. O resultado até agora é que os futuros de ações operam mistos a mais fracos, enquanto o setor de commodities apresenta suporte sólido. O VIX está sendo negociado próximo de 15, refletindo uma relativa calma em Wall Street, enquanto o dollar index atingiu uma nova mínima de nove semanas, sendo negociado perto de 106,7. Os títulos de 10 anos do Tesouro estão em torno de 4,47%, enquanto os de 2 anos estão em 4,26%. Os preços do petróleo bruto estão modestamente mais altos, assim como o setor de grãos e oleaginosas, liderado por ganhos expressivos no trigo.

As vendas no varejo caíram 0,9% em janeiro, ajustadas sazonalmente, enquanto os números de dezembro foram revisados para cima, passando de 0,4% para um crescimento de 0,7%. Assim, dezembro foi mais forte do que inicialmente reportado, enquanto janeiro foi mais fraco do que o esperado, o que se alinha com a queda na confiança do consumidor observada no mês. Os analistas previam um declínio de 0,1% em janeiro. As vendas no varejo, excluindo veículos, caíram 0,4%, enquanto os números de dezembro também foram revisados para cima, de 0,4% para 0,7%. Os analistas esperavam um crescimento de 0,3% para este indicador. Já as vendas no varejo excluindo veículos e gasolina caíram 0,5%, revertendo o ganho de 0,5% registrado em dezembro. Esses números indicam que a economia desacelerou em janeiro, à medida que os consumidores ficaram mais cautelosos com as incertezas relacionadas às tarifas no início do governo Trump.

O presidente Trump revelou na tarde de quinta-feira a estrutura de seu plano de tarifas recíprocas, trazendo um pouco mais de clareza sobre a direção de sua estratégia tarifária. O anúncio pareceu aliviar algumas preocupações do mercado, especialmente no setor de commodities. Um ponto que ficou mais claro no plano é o objetivo de levar outros países à mesa de negociações. Muitos países impõem tarifas sobre os produtos que os EUA exportam – algumas bastante elevadas. O plano busca usar a ameaça de tarifas recíprocas na mesma alíquota que esses países aplicam aos produtos americanos para incentivá-los a reduzir essas tarifas por meio de negociações. O objetivo final é alcançar acordos comerciais que reduzam as tarifas para ambas as partes, facilitando o comércio. Se isso for concretizado, o impacto não seria inflacionário, mas sim o oposto, ajudando a reduzir as pressões inflacionárias. A grande questão é se esse objetivo será alcançado.

O setor de commodities pode se beneficiar caso o plano consiga gerar acordos comerciais que aumentem o fluxo global de mercadorias, como foi refletido na valorização dos preços durante a noite. Por exemplo, o Brasil aplica uma tarifa de 18% sobre o etanol dos EUA, dificultando sua entrada no país. Aplicar uma tarifa equivalente ao etanol brasileiro poderia levar o Brasil à mesa de negociações para reduzir ou eliminar essa barreira, aumentando as exportações de etanol dos EUA. A Índia, que tem algumas das tarifas mais altas do mundo, já está oferecendo acordos para evitar retaliações. Um dos acordos reportados seria a imposição de uma tarifa de 15% a 25% sobre o aço importado da China, em uma tentativa da Índia de se alinhar com os EUA contra o crescente poder econômico e geopolítico da China, algo que certamente acende um alerta em Pequim.

O objetivo final de Trump parece ser conter a expansão do poder econômico e militar da China. O presidente Ronald Reagan implementou políticas que levaram ao colapso da União Soviética nos anos 1980, principalmente ao aumentar os gastos com defesa, forçando a economia soviética ao colapso. Trump parece estar seguindo uma estratégia similar contra a China. A economia chinesa ainda enfrenta desafios devido aos impactos da Covid-19 e acumula uma dívida recorde para tentar impulsionar seu crescimento. A política tarifária de Trump pressiona ainda mais essa economia, forçando a China a intensificar estímulos para manter sua estabilidade interna e, ao mesmo tempo, continuar financiando projetos externos para conquistar a lealdade de outros países. Trump está aplicando essa pressão por meio de tarifas, aumentando as taxas sobre produtos chineses em 10% a 15% e, ao mesmo tempo, incentivando outros países a fazerem negócios com os EUA em vez da China. O objetivo parece ser enfraquecer a China sem recorrer a um conflito militar, seguindo a estratégia que Reagan usou para derrubar a União Soviética.

O setor de commodities interpretou esses movimentos de forma positiva. No fim das contas, os balanços globais de oferta e demanda ainda precisam mostrar fundamentos sólidos para sustentar os preços, mas a reação inicial foi um novo ciclo de compras no setor. Os estoques globais de milho e trigo entre os principais exportadores, como porcentagem do consumo esperado, estão em apenas 9%, o menor nível em uma geração, deixando pouca margem para erros e forçando os compradores a buscarem fornecimento nos portos dos EUA. Os preços do trigo lideraram os ganhos, impulsionados pelas previsões de uma onda extrema de frio que deve atingir a região produtora de trigo de inverno dos EUA na próxima semana, enquanto a safra russa também enfrenta desafios climáticos. A demanda por milho segue forte, a demanda por trigo está se fortalecendo e a soja está acompanhando esse movimento por ora.

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