A moeda americana manteve sua trajetória de alta nesta quarta-feira (6), encerrando cotada a R$ 5,423, o que representa uma variação diária de +0,6%. O valor de fechamento, no entanto, ficou abaixo das máximas alcançadas no intradia, próximas de R$ 5,46, registradas logo antes da publicação da ata da decisão mais recente do Federal Reserve.
Diante dos indícios crescentes de arrefecimento do nível de atividade da economia dos Estados Unidos, revelados pelos indicadores econômicos divulgados desde meados do último mês, a sinalização dada em junho pela autoridade monetária – de que poderia manter um ritmo intenso de elevações da taxa básica de juros – passou a ser lida como descontextualizada. Com riscos mais elevados de desencadear uma recessão ao adotar postura contracionista agressiva, as chances de que o Fed promova uma nova elevação de 75 pontos base têm sido reconsideradas. O recuo nas perspectivas por um aumento expressivo dos juros americanos em julho contribuiu para amortecer a alta do dólar na sessão de hoje.
A ata da última reunião do Comitê Federal de Política Monetária (FOMC) do Fed, realizada entre 14 e 15 de junho, confirmou a opinião unânime entre os membros do colegiado sobre a necessidade de manter uma postura firme da política monetária para controlar a inflação nos Estados Unidos. Segundo o documento, a deterioração das perspectivas de curto-prazo para a inflação no país desde o encontro anterior do FOMC, em maio, foi a principal justificativa para a decisão de elevar em 75 pontos base a taxa básica de juros, maior alta desde 1994. Os membros ainda destacaram que preveem um novo aumento de 50 ou 75 pontos base na reunião de julho, e que após esta sequências de ajustes o Fed estaria bem-posicionado para avaliar o sucesso das medidas antes de definir seus próximos passos. Todavia, o Comitê foi enfático ao reconhecer que uma medida “ainda mais restritiva pode ser apropriada se a inflação elevada persistir”.
Apesar da indicação de forte comprometimento do Fed no combate à aceleração de preços, os participantes do mercado consideraram de maneira geral a visão apresentada pela autoridade monetária como defasada, uma vez que os indicadores econômicos de alta frequência divulgados desde a reunião têm apontado na direção de uma desaceleração no nível de atividade. Diante deste contexto, a possibilidade de um “pouso suave”, como pretendido pelo Fed, se mostra cada vez mais remota, limitando a margem de ação do banco central.
Apesar de revelar um cenário pouco animador para o setor de serviços, o resultado do índice foi uma surpresa positiva frente ao esperado pelo consenso do mercado, que estimava uma retração mais severa de 1,6 ponto, para o patamar de 54,3 pontos. Esta conjuntura segue favorecendo o melhor desempenho da moeda americana frente à cesta de moedas do dollar index, visto que os dados econômicos para outras economias avançadas têm se mostrado mais sensíveis aos choques dos preços de energia e ao avanço dos juros americanos. Entre o final da manhã e o início da tarde de hoje, o dollar index galgou os 107 pontos, mantendo-se em suas máximas desde o final de 2002.
Como destacamos no relatório de Abertura de Câmbio desta terça-feira (5), a moeda única europeia figura entre as divisas que sofreram maior enfraquecimento nos últimos dias. Apesar de a variação parecer pequena em termos absolutos, as quedas observadas na paridade do euro com o dólar representam um evento de três desvios padrões – o que equivale a uma probabilidade de 0,11% de ocorrência, supondo uma distribuição normal das variações diárias do euro. Em paralelo, a variação recente do dollar index configura um evento de 2,6 desvios padrões, ou seja, uma probabilidade de 0,40% de ocorrência.
Variação ajustada pela volatilidade histórica de 7 anos
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