Fechamento de Câmbio

Dólar avança a R$ 5,42, mas fecha abaixo das máximas do dia após ata do Fed
 
Leonel Oliveira Mattos
Leonardo Rossetti
Vitor Andrioli
Chance de novo aumento de 75 pontos base dos juros americanos diminui diante dos riscos de uma recessão

A moeda americana manteve sua trajetória de alta nesta quarta-feira (6), encerrando cotada a R$ 5,423, o que representa uma variação diária de +0,6%. O valor de fechamento, no entanto, ficou abaixo das máximas alcançadas no intradia, próximas de R$ 5,46, registradas logo antes da publicação da ata da decisão mais recente do Federal Reserve.

Diante dos indícios crescentes de arrefecimento do nível de atividade da economia dos Estados Unidos, revelados pelos indicadores econômicos divulgados desde meados do último mês, a sinalização dada em junho pela autoridade monetária – de que poderia manter um ritmo intenso de elevações da taxa básica de juros – passou a ser lida como descontextualizada. Com riscos mais elevados de desencadear uma recessão ao adotar postura contracionista agressiva, as chances de que o Fed promova uma nova elevação de 75 pontos base têm sido reconsideradas. O recuo nas perspectivas por um aumento expressivo dos juros americanos em julho contribuiu para amortecer a alta do dólar na sessão de hoje.  

A ata da última reunião do Comitê Federal de Política Monetária (FOMC) do Fed, realizada entre 14 e 15 de junho, confirmou a opinião unânime entre os membros do colegiado sobre a necessidade de manter uma postura firme da política monetária para controlar a inflação nos Estados Unidos. Segundo o documento, a deterioração das perspectivas de curto-prazo para a inflação no país desde o encontro anterior do FOMC, em maio, foi a principal justificativa para a decisão de elevar em 75 pontos base a taxa básica de juros, maior alta desde 1994. Os membros ainda destacaram que preveem um novo aumento de 50 ou 75 pontos base na reunião de julho, e que após esta sequências de ajustes o Fed estaria bem-posicionado para avaliar o sucesso das medidas antes de definir seus próximos passos. Todavia, o Comitê foi enfático ao reconhecer que uma medida “ainda mais restritiva pode ser apropriada se a inflação elevada persistir”.

Apesar da indicação de forte comprometimento do Fed no combate à aceleração de preços, os participantes do mercado consideraram de maneira geral a visão apresentada pela autoridade monetária como defasada, uma vez que os indicadores econômicos de alta frequência divulgados desde a reunião têm apontado na direção de uma desaceleração no nível de atividade. Diante deste contexto, a possibilidade de um “pouso suave”, como pretendido pelo Fed, se mostra cada vez mais remota, limitando a margem de ação do banco central.

SINAIS DE DESACELERAÇÃO
No que diz respeito aos dados econômicos americanos, o índice do ISM para condições de negócios de empresas não-manufatureiras dos EUA, tais como restaurantes, hotéis e o comércio varejista, caiu para o seu menor valor em dois anos. Ao se posicionar em 55,3 pontos em junho, o indicador adicionou para a lista mais uma evidência de desaceleração da economia americana. 

Apesar de revelar um cenário pouco animador para o setor de serviços, o resultado do índice foi uma surpresa positiva frente ao esperado pelo consenso do mercado, que estimava uma retração mais severa de 1,6 ponto, para o patamar de 54,3 pontos. Esta conjuntura segue favorecendo o melhor desempenho da moeda americana frente à cesta de moedas do dollar index, visto que os dados econômicos para outras economias avançadas têm se mostrado mais sensíveis aos choques dos preços de energia e ao avanço dos juros americanos. Entre o final da manhã e o início da tarde de hoje, o dollar index galgou os 107 pontos, mantendo-se em suas máximas desde o final de 2002.

MERCADOS TURBULENTOS
Analisando os movimentos de diversos pares de moedas desde o início da semana, fica clara a forte movimentação observada. Para analisar a magnitude e significância desses ajustes, calculamos a diferença de suas cotações em relação ao início desta semana e o desvio padrão frente à volatilidade que normalmente pode ser esperada para cada par de divisas nos últimos 7 anos.

Como destacamos no relatório de Abertura de Câmbio desta terça-feira (5), a moeda única europeia figura entre as divisas que sofreram maior enfraquecimento nos últimos dias. Apesar de a variação parecer pequena em termos absolutos, as quedas observadas na paridade do euro com o dólar representam um evento de três desvios padrões – o que equivale a uma probabilidade de 0,11% de ocorrência, supondo uma distribuição normal das variações diárias do euro. Em paralelo, a variação recente do dollar index configura um evento de 2,6 desvios padrões, ou seja, uma probabilidade de 0,40% de ocorrência.

Variação ajustada pela volatilidade histórica de 7 anos

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Fonte: StoneX Traders Pro.
Outro fato observado ao longo dos últimos dias é contração da liquidez no mercado de juros americano, base de reprodução da liquidez global. A volatilidade neste mercado tem avançado, atingindo níveis similares aos registrados em março de 2020. Assim como no período do início da crise resultante da pandemia de Covid, nota-se um movimento de aversão ao risco generalizado, com diversos agentes econômicos rebalanceando suas exposições e buscando ativos mais seguros (“flight to safety”).

 


Este relatório contou com a colaboração de
Caíque Souza
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