e encerra abaixo de R$ 5,35
Após um rali que já durava cinco pregões e acumulava alta de cerca de 5,1%, o dólar americano cedeu em relação ao real nesta quinta-feira (7), acompanhando a melhora no apetite por risco nos mercados ao redor do mundo. No encerramento, a taxa de câmbio era negociada a R$ 5,344, em queda diária de 1,5%, ficando um pouco acima das mínimas do dia, de R$ 5,332.
O movimento das cotações do dólar no mercado doméstico repercutiu a tendência de baixa da divisa no exterior, motivada pela moderação nos receios de uma nova elevação de 75 pontos base da taxa básica de juros dos Estados Unidos. Apesar da melhora no humor dos investidores hoje, permanecem no radar as preocupações com a desaceleração das principais economias globais e a deterioração das contas públicas brasileiras, diante da perspectiva de aprovação da PEC dos Auxílios.
Em Brasília, a PEC dos Auxílios foi aprovada nesta tarde em comissão especial na Câmara dos Deputados, por 36 votos a favor e um contra, após sessão que durou cerca de 6 horas e meia. Os deputados têm adotado todas as ações possíveis para agilizar a tramitação da matéria para sua votação antes do recesso parlamentar, que se inicia no próximo dia 17. A PEC institui estado de emergência no país, recurso necessário contornar a lei eleitoral e realizar aumentos no Auxílio Brasil e Auxílio Gás, conceder subsídios para o etanol e o transporte gratuito de idosos, criar voucher de R$ 1.000,00 para caminhoneiros autônomos e um auxílio-gasolina para taxistas, a menos de três meses para as eleições no país. Pela celeridade, todos os destaques que sugeriram alterações do texto, o que obrigaria a PEC a voltar para nova votação no Senado após sua eventual aprovação na Câmara, foram rejeitados. O texto agora segue para plenário, onde se espera que seja analisado e votado em dois turnos ainda hoje. Para que tenha aprovação, é necessário que pelo menos 308 dos 513 deputados vote a favor da Proposta em cada um dos turnos.
A iminente aprovação da PEC, que deve onerar em ao menos R$ 41,25 bilhões os cofres públicos, sem respeitar a regra do teto de gastos ou prever qualquer contrapartida pelo lado da arrecadação, tem elevado a percepção de risco fiscal associado ao Brasil. A ampliação no desequilíbrio das contas públicas e no endividamento tende a ser acompanhada da exigência de um prêmio de risco maior por parte dos investidores, o que, por sua vez, pode enfraquecer o fluxo de capital estrangeiro ao país e o real.
No mercado americano, o dia foi de recuperação dos principais índices acionários após um início de mês turbulento, que repercutiu o contexto de aceleração inflacionária, arrefecimento do nível de atividade econômica e adoção de postura abertamente contracionista pelo Federal Reserve. O dollar index, que mede a força da moeda americana ante uma cesta de divisas de outras economias, também teve uma sessão mais estável do que nos últimos dias, encerrando o dia em alta marginal. Os participantes do mercado aguardam a divulgação do relatório da situação do emprego, que será divulgado na manhã desta sexta-feira (8), e trará novas evidências sobre o nível de atividade econômica dos EUA e o estado atual do mercado de trabalho do país.
A tarde também foi marcada pelas declarações dos membros do Federal Reserve, Christopher Waller, integrante do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) e James Bullard, presidente do Fed de St. Louis. Ambos mantiveram a postura que foi consenso entre o colegiado na última reunião do FOMC, defendendo mais um ajuste robusto na taxa básica de juros dos Estados Unidos na decisão do final deste mês.
Waller disse considerar que, apesar dos sinais iniciais de desaceleração, a economia americana segue relativamente forte, e que os temores de recessão no país são exagerados, com boas chances de um “pouso suave” no controle da inflação. Partindo desses argumentos, Waller afirmou ser a favor de outro aumento de 75 pontos base na taxa básica em julho, seguida de provavelmente uma alta de 50 pontos e novas discussões para se avaliar o retorno a ajustes de 25 pontos. Já James Bullard, seguindo uma linha de raciocínio semelhante, afirmou acreditar que a melhor abordagem seria agir rapidamente e depois avaliar os impactos que as altas nos juros estão tendo na economia e na estabilização do nível de preços. Segundo o presidente do Fed de St. Louis, “faria muito sentido seguir com os 75 [pontos base] neste momento”, defendendo que seria apropriado a taxa de juros chegar a 3,5% a.a. até o final de 2022.
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