O par dólar/real operava em leve alta de 0,2% nos primeiros negócios desta sexta-feira (8), cotado a R$ 5,356, enquanto os participantes do mercado esperavam pela divulgação de estatísticas do mercado de trabalho americano, na busca por sinais que possam apontar para uma condição de resiliência ou que ofereçam indícios de desaquecimento na abertura de novas vagas. O consenso dos analistas é de que o relatório de situação de emprego apresente um saldo positivo de 270 mil postos de trabalho criados em junho, abaixo dos 390 mil de maio. Contudo, diante dos números aquém do esperado para os levantamentos setoriais da indústria e de serviços, sugerindo uma desaceleração do nível de atividades, tornou-se maior a incerteza sobre a evolução do nível de emprego no país.
No noticiário doméstico, as atenções estão voltadas ao adiamento da votação da PEC dos Auxílios na Câmara e para a atualização do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para o mês de junho. De acordo com o IBGE, o IPCA avançou 0,67% no último mês, acelerando-se em relação a maio, quando registrou alta de 0,47%. Todas as nove categorias de bens e serviços pesquisados tiveram altas em junho, com o principal impacto (0,17 p.p.) vindo de Alimentação e bebidas, com alta de 0,80% no mês.
O conjunto de indicadores mais aguardado desta semana, o relatório de situação do emprego dos Estados Unidos, surpreendeu positivamente os mercados após uma sequência de pregões marcados por aversão ao risco motivada por temores de uma recessão nas principais economias. De acordo com o Departamento de Estatísticas de Trabalho (BLS), foi contabilizado em junho um saldo líquido de contratações de 372 mil pessoas, número bastante acima da mediana das apostas do mercado e apenas ligeiramente abaixo do observado em maio, quando foi registrada a criação de 384 mil vagas. A taxa de desemprego da economia americana permaneceu estável no mês, em 3,6%, praticamente em linha com o que era observado em fevereiro de 2020 (3,5%), referência do período pré-pandemia.
As evidências de que o mercado de trabalho americano tem mantido o vigor, apesar da adoção de postura contracionista pelo Federal Reserve a fim de promover a estabilização do nível de preços, é um indicativo de que a autoridade monetária possa manter o ritmo de elevações intensas da taxa básica de juros na decisão do final de julho. Observando-se os contratos de juros futuros americanos nesta manhã, o mercado consolidou suas apostas em uma nova alta de 75 pontos base, elevando o intervalo definido pelo Fed dos atuais 1,50% a 1,75% para 2,25% a 2,50%, com uma parcela pequena (4,6%) esperando uma elevação de 100 pontos base. Os principais índices acionários em Wall Street repercutiam essa mudança nas expectativas para a decisão de 27 de julho do Fed, operando no vermelho.
No Brasil, o mercado repercute a alta de 0,67% do IPCA em junho, que veio dentro da mediana das projeções de analistas, e se acelerou em relação à alta de 0,47% registrada em maio. O índice acumula alta de 5,49% no primeiro semestre do ano e de 11,89% no acumulado em 12 meses, acima dos 11,73% verificados em maio. Após o grupo de Alimentação e bebidas, que trouxe o maior impacto no índice, vieram Saúde e cuidados pessoais (1,24%) e Transportes (0,57%), com impactos de 0,15 p.p. e 0,13 p.p., respectivamente. O grupo Habitação, que havia registrado queda de 1,70% em maio devido à mudança da bandeira tarifária de escassez hídrica para verde, voltou a avançar (0,41%), com impacto de 0,06 p.p.
Dentro do grupo de Transportes, que possui maior peso no índice, verificou-se uma desaceleração em relação ao mês anterior (1,34%), impactado principalmente pela queda de 1,20% do preço dos combustíveis. Entre seus principais componentes, houve um recuo de 0,72% na gasolina e de 6,41% no etanol, enquanto o óleo diesel marcou avanço de 3,82%. O relatório também apresentou sinais de redução da elevada disseminação da inflação na economia brasileira. O índice de difusão do IPCA (isto é, a proporção de itens com aumento dentre os 377 que compõem o IPCA), registrou seu segundo recuo consecutivo, passando de 72,4% em maio para 66,6% no último mês, depois de ter atingido 78,2% em abril, máxima desde janeiro de 2003.
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