encerra cotado a R$ 5,44
Em linha com o movimento dos mercados financeiros globais, que aguardam com apreensão os dados mais recentes da inflação ao consumidor para os Estados Unidos, as cotações da moeda americana voltaram a avançar de maneira expressiva nesta terça-feira (12), rompendo os R$ 5,40 e retomando suas máximas desde janeiro deste ano. No encerramento do dia, o par real/dólar era cotado a R$ 5,439, acumulando alta de 1,3% em relação à véspera.
O início do mês de julho tem sido caracterizado por forte volatilidade da taxa de câmbio brasileira. Em sete dos oito pregões realizados as cotações do dólar comercial oscilaram mais de 1,0%, seja na direção de uma valorização ou desvalorização. O único dos pregões de julho em que a variação diária foi mais contida (+0,1%) ocorreu no dia 4, coincidindo com o fechamento dos mercados americanos devido ao feriado do Dia da Independência no país.
A redução na exposição a ativos considerados arriscados foi disseminada entre os investidores ao redor do mundo hoje, com perdas expressivas e generalizadas nos mercados de commodities e nos principais índices acionários em Wall Street, e valorização do dólar em relação a moedas de economias avançadas e emergentes. Esse movimento de busca por segurança se baseou nas expectativas para o Índice de Preços ao Consumidor (CPI) dos EUA para o mês de junho, que apontam para uma nova aceleração do indicador de inflação para uma alta de 8,8% em 12 meses. Além dos efeitos da perda de poder de compra dos consumidores sobre o nível de atividade da economia americana, o mercado avalia os impactos contracionistas da política monetária do Federal Reserve, que precisará manter um ritmo intenso de elevações da taxa básica de juros a fim de promover a estabilização do nível de preços.
Neste contexto, após o forte avanço de 0,8% na segunda-feira, o dollar index terminou o dia próximo da estabilidade, computando um leve ganho de 0,1% para fechar a 108,0 pontos. A projeção do mercado de uma variação de +1,1% do CPI amanhã, caso confirmada, fará com que o acumulado em 12 meses passe de 8,6% para 8,8%, renovando as máximas para o indicador desde 1981. Desta maneira, as apostas do mercado de que o Fed adotará novamente um ajuste robusto na taxa de juros devem se consolidar ainda mais. Nesta terça-feira, o presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, seguiu a linha de opinião apresentada por outros membros do banco central na última semana, e declarou que a economia americana pode lidar com taxas de juros mais altas, confirmando seu apoio para uma elevação de mesma magnitude que a verificada em junho. Já a presidente do Fed de Kansas City, Esther George, que discordou do aumento de 75 pontos base do último mês, reforçou sua posição contrária, advertindo que um aperto muito rápido da política monetária pode vir a ter um efeito oposto ao desejado.
No cenário político doméstico nesta terça, foram destaque a aprovação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2023 e o início da votação da proposta de emenda à Constituição (PEC) 01/2022, que decreta estado de emergência no país e permite a criação e ampliação de diversos gastos sociais em ano de eleição.
Pela manhã, o plenário do Congresso Nacional concluiu a análise e a aprovação da versão final da LDO, retirando do texto o caráter impositivo das emendas de relator e incluindo dispositivo que divide o poder do relator do Orçamento de 2023, deputado Marcelo Castro (MDB-PI) com o presidente da Comissão Mista de Orçamento, deputado Celso Sabino (União-PA). O relator da LDO, senador Marcos Do Val (Podemos-ES), também criou as condições para uma expansão de gastos no próximo ano, permitindo que o Congresso decida qual indicador de inflação utilizará ao votar a Lei Orçamentária Anual (LOA) em dezembro, e engessou a possibilidade de contingenciamento de gastos pelo Executivo em 19 áreas: educação, ciência e tecnologia, inclusão digital, esporte, defesa da criança e do idoso, demarcação de terras indígenas, segurança pública, investimentos das Forças Armadas, seguro rural, saúde animal, infraestrutura, saneamento básico, monitoramento das mudanças climáticas e combate à pandemia da covid-19.
No final da tarde, a Câmara dos Deputados abriu a sessão deliberativa do Plenário que iniciará a votação da PEC dos Auxílios em primeiro turno. Segundo veículos de imprensa, os partidos de oposição decidiram trabalhar para retardar sua aprovação e a rejeição do dispositivo que instala o estado de emergência – artifício para se ignorar a lei eleitoral e permitir a ampliação dos gastos sociais em período eleitoral. A aprovação da PEC antes do recesso parlamentar, que se inicia no próximo dia 17, só será possível com o apoio de 308 deputados em dois turnos. A apreciação da proposta foi adiada pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) na última quinta-feira (7), que avaliou risco de rejeição devido ao quórum baixo de parlamentares da base do governo.
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