Abertura de Câmbio

Dólar começa a quarta em queda,
cotado ao redor de R$ 5,26
 
Leonel Oliveira Mattos
Leonardo Rossetti
Vitor Andrioli
Câmbio deve refletir expectativa pelo Copom e
repercutir indicadores de atividade nos Estados Unidos

A taxa de câmbio apresentava tendência de baixa nas primeiras operações desta quarta-feira (03). No momento da publicação deste texto (09h30min), ela era negociada ao redor de R$ 5,26, recuo de 0,3% em relação ao encerramento de terça-feira. Já o dollar index era cotado ao redor de 106,2 pontos, variação de -0,1% ante à véspera. O mercado de divisas deve operar em compasso de espera pela decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), a ser divulgada às 18h30min. É quase consensual que o Comitê reajustará a taxa básica de juros (Selic) em 0,50 ponto percentual, para 13,75% a.a., o décimo segundo aumento consecutivo para a Selic. Há maior dúvida, entretanto, se a autarquia encerrará seu ciclo de aperto monetário ou se indicará novas altas de juros em função das perspectivas de piora para a inflação em 2023. No exterior, o ambiente é de cautela e pouco apetite por riscos, tanto pelos desdobramentos da viagem da presidenta da Câmara dos Deputados americana à Taiwan como por comentários de integrantes do Federal Reserve (Fed) em defesa da continuidade de um rígida contração das condições financeiras nos Estados Unidos. Na agenda do dia, a S&P Global publicou o Índice Gerente de Compras (PMI) consolidado e o de serviços para a área do euro às 05h00min, informa os mesmos PMIs para o Brasil às 10h00min, enquanto o instituto ISM divulga o PMI de serviços para os EUA às 11h00min; o presidente do Fed de Philadelphia, Patrick Harker, discursa às 11h30min, O Banco Central atualiza o fluxo cambial para o país, às 14h30min, e o Índice de Commodities Brasil (IC-Br), às 16h30min, e o ministro da Economia, Paulo Guedes, palestra às 17h00min.

Aumento na taxa Selic O dólar negociado no mercado interbancário abriu a manhã em um patamar abaixo do término de ontem, porém com tendência de elevação nesta terça-feira. A pauta principal das operações do dia será a decisão do Copom, em que a maioria dos analistas esperam uma alta de 0,50 p.p. na taxa básica de juros (Selic), passando-a de 13,25% a.a. para 13,75% a.a. Este seria o décimo segundo reajuste consecutivo desde que o BC iniciou seu atual ciclo de aperto monetário há 18 meses, quando a Selic marcava apenas 2,00% a.a.

Cenário econômico incerto Embora a decisão de hoje esteja mais “precificada” (antecipada) pelos agentes, a maior expectativa é pelo comunicado divulgado pelo Copom. Há bastante debate sobre qual deve ser a trajetória futura para a política monetária do Comitê, visto que as perspectivas inflacionárias para 2023 pioram constantemente nas revisões de estimativas divulgadas por analistas. No comunicado, o Banco Central deve sinalizar sua interpretação da conjuntura atual e como pretende calibrar suas próximas medidas de política monetária, processo conhecido como guia futuro (foward guidance). Pelo boletim Focus, a maior parte das instituições financeiras visualiza que este deve ser o último reajuste à Selic, enquanto pelo mercado futuro de juros, a maior parte dos investidores aposta em mais uma alta em setembro, de 0,25 p.p.

Aperto monetário pelo Fed Por fim, é digno de nota que autoridades do Federal Reserve se manifestaram, ontem, em defesa da continuidade de um rígido processo de aperto monetário pelo banco central americano a fim de combater as altas taxas de inflação no país, buscando conter uma interpretação de investidores de que o Fed poderia começar a reduzir seu ritmo de altas de juros a partir de agora. A presidenta do Fed de San Francisco, Mary Daly, afirmou que “nosso trabalho está longe de acabar” na busca pela reestabilização de preços nos EUA, enquanto a presidenta do Fed de Cleveland, Loretta Mester, notou que a inflação ainda não atingiu seu ponto máximo no país. Já o presidente do Fed de Chicago, Charles Evans, avaliou que o cenário parece apontar para uma leve redução: “[um reajuste de] 50 [pontos base] é uma avaliação razoável, mas 75 também pode ser OK. Eu duvido que o cenário vá exigir mais do que isso”.

TABELA DE INDICADORES ECONÔMICOS
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Fontes: Banco Central do Brasil; B3; IBGE; Fipe; FGV; MDIC; IPEA e CommodityNetwork Trader’s Pro.
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