Fechamento de Câmbio

Dólar termina a terça em elevação, cotado a R$ 5,112
 
Leonel Oliveira Mattos
Leonardo Rossetti
Vitor Andrioli
Câmbio reflete sessão de elevado pessimismo e aversão ao risco
Após abrir a manhã em queda, o par real/dólar apresentou firme tendência de alta, encerrando a sessão negociado a R$ 5,112, avanço de 1,6% em relação ao fechamento de segunda-feira. Já o dollar index terminou o pregão cotado a 108,8 pontos, praticamente estável ante à véspera. O mercado de divisas repercutiu o ambiente de aversão ao risco e de cautela global, resultado de múltiplos fatores. Por um lado, a leitura de dados econômicos melhores que o antecipado para os Estados Unidos aumentaram as expectativas por juros maiores no país. Além disso, a divulgação prévia da inflação para a União Europeia elevou as apostas de reajustes de juros extraordinariamente elevados no continente. Por fim, um ressurgimento de casos de Covid-19 na China e perspectivas pessimistas para a economia local derrubaram os preços de commodities ao longo do dia.
Variações | No dia: +1,57% | Na semana: +0,64% | No mês: -1,17% | No ano: -8,28% | Em 12 meses: -2,79% |

Mais juros nos Estados Unidos O dólar negociado no mercado interbancário apresentou firme tendência de alta no pregão desta terça-feira, refletindo um ambiente de cautela e busca por ativos de segurança. Dentre os fatores que contribuíram para o enfraquecimento do real, vale ressaltar as perspectivas de apertos monetários mais rígidos nos Estados Unidos e na Europa. Hoje, o Departamento de Estatísticas do Trabalho dos Estados Unidos informou que o número de vagas de trabalho disponíveis no mês de julho se elevou de 11,040 milhões para 11,239 milhões, acima das estimativas de analistas, cuja mediana previa um recuo para 10,400 milhões. Além disso, o índice de confiança do consumidor americano subiu de 95,3 pontos em julho para 103,2 pontos em agosto, também acima da previsão de 97,7 pontos de economistas. As leituras acima do esperado destes indicadores econômicos reforçaram a interpretação de que o Federal Reserve necessitará realizar fortes reajustes de juros a fim de recuperar a estabilidade de preços no país.

Mais juros na Europa Dados prévios divulgados nesta terça mostram que a inflação na Alemanha se aproxima do maior valor em 50 anos, marcando 8,8% no acumulado em 12 meses segundo o Índice de Preços Harmonizado ao Consumidor (que permite a comparação entre todos os países da UE). Em meio a uma forte crise energética, diversas autoridades que compõem o Banco Central Europeu estão defendendo publicamente que a instituição ao menos considere um reajuste de 0,75 p.p. na próxima decisão de política monetária, em 09 de setembro. Isso implica que, no mínimo, uma nova alta de 0,50 p.p. está garantida, e os investidores interpretam que o banco central manterá uma trajetória de firme aperto monetário mesmo diante da possibilidade de uma crise econômica ocasionada pela rápida aceleração dos custos de energia elétrica.

Crise na China pressiona commodities Os casos de Covid-19 estão em alta, com casos registrados em todas as províncias do país, o que renova temores de novas restrições por parte das autoridades a fim de tentar conter sua disseminação. Além disso, a divulgação de resultados dos cinco principais bancos chineses mostrou que os confinamentos impostos no segundo trimestre e o endividado setor imobiliário pesaram sobre os ganhos destas instituições ao prejudicar a confiança dos empresários e dos consumidores. Todos eles apresentaram aumento significativo na quantidade de provisões para crédito de liquidação duvidosa– entre 15% e 68% –, indicando que há pouca esperança de recebimento pleno dos financiamentos concedidos a empresas ligadas ao setor imobiliário. Tais divulgações pioraram a avaliação de analistas quanto à capacidade de crescimento da demanda chinesa, o que, por sua vez, se refletiu nos preços das commodities, sobretudo em minério de ferro e petróleo.

Mercado de moedas No cenário externo, o dollar index terminou o pregão cotado a 108,8 pontos, praticamente estável ante à véspera. Moedas pares do real, como o peso chileno, o peso colombiano, o peso mexicano e o rand sul-africano também se desvalorizaram frente à divisa americana, e o Índice de Moedas Emergentes do J.P. Morgan terminou a sessão cotado a 50,261 pontos, recuo de 0,2% frente ao término de segunda-feira.

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