Abertura de Câmbio

O par real/dólar apresentava tendência de elevação nas primeiras operações desta quinta-feira (03). No momento da publicação deste texto (09h30min), ele era negociado ao redor de R$5,20, alta de 1,6% em relação ao fechamento de terça-feira. Já o dollar index era cotado ao redor de 113,0 pontos, variação de +1,5% ante à véspera. O mercado de divisas repercute as decisões de política monetária do Federal Reserve (Fed) e do Banco da Inglaterra. Dentro de suas especificidades, ambos os bancos centrais sinalizaram que estão preparados para aumentar suas taxas de juros tão alto quanto necessário para debelar o maior processo inflacionário em décadas, promovendo um ambiente de pouco apetite por riscos. No Brasil, o cenário político continua dominando as atenções, com o início da transição oficial entre os governos de Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva em meio a continuidade de protestos de apoiadores bolsonaristas demandando o anulamento das eleições presidenciais do último domingo. Na agenda do dia, o Banco da Inglaterra anunciou sua decisão de política monetária, às 09h00min, o Departamento de Trabalho dos Estados Unidos atualizou os pedidos semanais de auxílio-desemprego, às 09h30min, o instituto ISM informa o Índice Gerente de Compras (PMI) de serviços americano, às 11h00min, e o Banco Central (BC) comunica o Índice de Commodities Brasil (IC-Br) de outubro, às 15h00min.

Aperto monetário nos EUA O dólar negociado no mercado interbancário oscilava em território positivo na manhã desta quinta-feira, repercutindo as decisões de política monetária dos bancos centrais dos EUA e da Inglaterra. O Federal Reserve elevou sua taxa básica de juros em 0,75p.p., para o intervalo entre 3,75% e 4,00% a.a., e seu presidente, Jerome Powell, surpreendeu ao declarar uma prolongação da contração monetária, afirmando que o ritmo de ajustes pode ser reduzido já a partir da próxima decisão, porém que o nível final da taxa de juros deve ser maior que o divulgado nas projeções de setembro. Powell disse que ainda é muito cedo para se pensar em pausa do aperto monetário, e que o Fed provavelmente realizará aumentos menores na taxa de juros por um período mais prolongado.

Aperto monetário na Inglaterra O Banco da Inglaterra também anunciou o aumento de 0,75p.p. da sua taxa de juros, elevando-a para 3%,00 ao ano, o oitavo acréscimo consecutivo e o maior reajuste desde 1989. A Inglaterra, assim como os Estados Unidos, continua tentando conter a crescente inflação com medidas de aperto monetário por sucessivas semanas. Desse modo, os agentes globais agem com cautela em meio a incertezas, preferindo investir em títulos mais seguros, o que causa desvalorização de ativos arriscados, como commodities, moedas emergentes e ações. Nesse contexto de aversão aos riscos, os títulos do tesouro americano e o dólar operam em alta, enquanto o real se desvaloriza frente à moeda americana.

Transição e protestos no Brasil No cenário doméstico, investidores repercutem o início da transição entre os governos de Bolsonaro e Lula, com a criação de um grupo de trabalho no Tribunal de Contas da União (TCU) para tratar formalmente do assunto. Inicialmente, o presidente do TCU, Bruno Dantas, e os ministros Vital do Rêgo, Jorge Oliveira e Antonio Anastasia se reúnem com os ministros Ciro Nogueira e Paulo Guedes, e, mais tarde, se reúnem com o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin, a presidenta do PT, Gleisi Hoffman, o ex-ministro Aloizio Mercadante e o senador eleito Wellington Dias. Se, por um lado, a transição democrática entre os governos tranquiliza os investidores, a persistência de protestos antidemocráticos por grupos bolsonaristas, com centenas de bloqueios parciais e totais de rodovias e certa leniência das autoridades policiais, continua a ampliar a percepção de riscos aos ativos brasileiros e pode ampliar o prêmio de riscos exigido pelos agentes.

Fontes: Banco Central do Brasil; B3; IBGE; Fipe; FGV; MDIC; IPEA e CommodityNetwork Trader’s Pro.