Forte pessimismo de investidores O dólar negociado no mercado interbancário disparou ao longo desta quinta-feira, refletindo desconfiança e temores generalizados pelos investidores quanto ao direcionamento da política fiscal durante o novo governo Lula. Primeiramente, há uma resistência em definir de imediato o nome para futuros ministérios, focando na definição das equipes que se dedicarão aos núcleos técnicos prioritários para a transição. Tal indefinição promove um ambiente de insegurança e cautela nos agentes, que anseiam por diretrizes mais claras para a totalidade do próximo governo. Adicionalmente, a convocação de Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda durante as administrações de Lula e de Dilma Roussef, para um núcleo de transição foi particularmente mal-recebida e agravou o pessimismo de operadores do mercado financeiro.
Licença para gastar A prioridade do presidente eleito, até aqui, tem sido viabilizar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que permita o governo ultrapassar o limite constitucional de despesas em seu primeiro ano, sob a argumentação de que seria preciso acomodar as promessas feitas ao longo do período eleitoral. Contudo, propõe-se que a PEC permita um gasto adicional de R$ 175 bilhões, em que R$ 69,3 bilhões seriam destinadas ao financiamento da elevação do benefício do Bolsa Família para R$ 600 e do adicional de R$ 150 por filho, R$ 9 bilhões seriam destinados ao reajuste do salário-mínimo para R$ 1320, de forma que R$ 95,7 bilhões ficariam livres para novas despesas que não guardam relação com a campanha.
Críticas à estabilidade fiscal Ontem e hoje, o presidente eleito criticou as regras de equilíbrio fiscal em vigência no país, pois elas limitariam, em sua opinião, a capacidade de investimentos públicos e gastos com assistência social. Questionando “por que as pessoas são levadas a sofrerem por conta de garantir a tal da estabilidade fiscal desse país”, Lula sugeriu, de forma vaga, uma tolerância com a elevação de gastos para que se possa combater as mazelas sociais do país. Em que pese a evidente necessidade de se ampliar os gastos com investimentos públicos e com assistência social, entretanto, as críticas do próximo líder do Executivo contradizem suas promessas de que “a política fiscal responsável deve seguir regras claras e realistas” e que seria “possível combinar responsabilidade fiscal, responsabilidade social e desenvolvimento sustentável”.
Mercado de moedas No cenário externo, o dollar index terminou o pregão cotado a 108,2 pontos, variação de -2,1% ante à véspera. Moedas pares do real, como o peso chileno, o peso colombiano, o peso mexicano, a lira turca, o rand sul-africano, a rúpia indiana e o rublo russo se valorizaram perante a divisa americana, e o Índice de Moedas Emergentes do J.P. Morgan terminou a sessão cotado a 49,855 pontos, alta de 0,8% frente ao término de quarta-feira.
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