A taxa de câmbio alternava perdas e ganhos nas primeiras operações desta sexta-feira. No momento da publicação deste texto (09h30min), ela era negociada ao redor de R$ 5,39, variação de -0,1% ante à véspera. Já o dollar index era cotado ao redor de 107,1 pontos, recuo de 1,1% em relação ao fechamento de quinta-feira. O mercado de divisas reflete os temores do mercado com a política fiscal durante o próximo governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Ontem, o presidente eleito criticou as atuais medidas de controle de despesas públicas, afirmando que elas impediriam um nível adequado de gastos com a assistência social. Contribui com o pessimismo dos investidores, também, a proposta do relator do Orçamento de 2023, senador Marcelo Castro (MDB-PI), de retirar de o custeio do Bolsa Família do limite constitucional de despesas. Na agenda do dia, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística publicou o volume de serviços de setembro, às 09h00min, a Universidade de Michigan informa o índice de confiança do consumidor americano, às 12h00min, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, palestra às 11h45min, e a Comissão de Negociação de Futuros de Commodities (CFTC) atualiza a posição semanal dos agentes de mercado, às 16h30min.
Transição permanente. O dólar negociado no mercado interbancário oscilava ao redor da marca de R$ 5,40, após uma sessão de forte turbulência e enfraquecimento do real na véspera, quando o câmbio se desvalorizou em mais de 4%. O futuro do arcabouço fiscal do país segue em questionamento pelos investidores, em função de acenos muito pouco favoráveis da equipe de transição do governo de Lula. No cerne da insatisfação e do pessimismo dos agentes, está a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) sendo elaborada para organizar o Orçamento de 2023. Inicialmente formulada para acomodar as promessas feitas durante campanha, como o aumento do benefício do Bolsa Família e a elevação do reajuste do salário-mínimo, as discussões caminham para a remoção permanente do custeio do programa social do limite constitucional de gastos. Caso tal proposta seja aprovada, ela liberaria, aproximadamente, R$ 100 bilhões por ano do Orçamento, porém elevaria os gastos totais em mais de R$ 700 bilhões pelos próximos quatro anos.
Críticas de Lula à austeridade fiscal. Ao discursar para aliados, o presidente eleito Luís Inácio Lula da Silva criticou as preocupações por parte do mercado quanto à política fiscal do seu governo, defendendo a necessidade de mais gastos e afirmando que sua administração terá compromisso com o a área social. Adicionalmente, há apreensão por parte dos agentes pela demora do anúncio do nome que assumirá o Ministério da Fazenda e pela indicação do ex-ministro da Fazenda de Lula e Dilma, Guido Mantega, para a equipe de transição de governo na área de planejamento, orçamento e gestão devido a críticas acerca de seu desempenho durante o governo Dilma. Dessa forma, se configura um ambiente de cautela e aversão ao risco no mercado brasileiro.
Otimismo no exterior. Alternativamente, o cenário externo opera com elevado apetite por risco, com um ganho generalizado de ações, commodities e moedas de países emergentes, após a divulgação do Índice de Preços ao Consumidor (CPI) de outubro dos Estados Unidos, que veio abaixo do esperado, provocando uma queda expressiva de 2,2% do Dollar Index.
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