Fechamento de Câmbio

O par real/dólar se manteve em elevação durante toda esta quarta-feira (16), encerrando a sessão negociado a R$ 5,382, alta de 1,5% em relação ao fechamento de segunda-feira. Já o dollar index terminou o pregão cotado a 106,3 pontos, praticamente estável ante à véspera. O mercado de divisas repercutiu mais um dia de precaução e incertezas em relação aos riscos fiscais no Brasil, na expectativa de maiores definições a respeito da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que deve organizar os Orçamentos anuais do futuro governo de Luiz Inácio Lula da Silva. No exterior, dados econômicos mais fortes que o esperado para os Estados Unidos moderaram o apetite por riscos dos agentes.

PEC sem prazo de duração O dólar negociado no mercado interbancário subiu expressivamente frente ao real nesta quarta-feira, refletindo mais uma sessão de cautela e precaução por conta de preocupações de investidores com a chamada PEC da transição. Nas últimas semanas, os comentários de autoridades ligadas à equipe de transição de Lula passaram a defender a possibilidade de a emenda constitucional permitir o financiamento do programa Bolsa Família além do limite constitucional de despesas de maneira permanente. Com o reajuste do benefício do programa para R$ 600 e o adicional de R$ 150 por filho de até seis anos, o custo anual aproximado seria de R$ 175 bilhões. Segundo o líder do Partido dos Trabalhadores no Senado, Paulo Rocha (PT-PA), o texto da PEC será apresentado hoje (16), às 18h00min, porém sem uma estimativa de prazo, visto que o objetivo seria debatê-lo com os outros senadores na próxima semana. A longa indefinição sobre quais são os planos fiscais do futuro governo, e por quanto tempo o teto de gastos seria desrespeitado, tem elevado a percepção de riscos associados ao Brasil e pressionado o desempenho de ativos do país.

Expectativa por um Fed moderado No exterior, o ambiente de negócios foi de leve otimismo, refletindo a maior expectativa de analistas de que exista margem para o Federal Reserve moderar seu ritmo de aperto monetário deste ponto em diante. Ontem, o apetite por riscos foi elevado após Índice de Preços ao Produtor (PPI) de outubro apresentar aceleração abaixo da mediana das estimativas feitas por economistas, assim como ocorreram com os preços ao consumidor do mesmo mês. Embora o dado de um único mês seja prematuro para apontar uma tendência de queda das taxas inflacionárias, a surpresa bastou para impulsionar o entusiasmo dos agentes. De fato, vários integrantes do banco central americano já declararam que em breve será necessário revisar o ritmo de ajustes à taxa de juros do país, porém alertam para o fato de que ainda será preciso aumentá-la significativamente até atingir um nível suficientemente restritivo. Hoje, por outro lado, havia discreta busca por ativos de segurança após as vendas ao varejo estadunidense aumentarem 1,3% na passagem de setembro para outubro, contra uma estimativa de 1,0% no período, sugerindo que a demanda interna americana permanece aquecida e que pode dificultar uma queda mais rápida dos índices de preços

Mercado de moedas No cenário externo, o dollar index terminou o pregão cotado a 106,3 pontos, praticamente estável ante à véspera. Moedas pares do real, como o peso chileno, o peso colombiano, a lira turca, a rúpia indiana e o rublo russo também se desvalorizaram perante a divisa americana, e o Índice de Moedas Emergentes do J.P. Morgan terminou a sessão cotado a 49,790 pontos, recuo de 0,7% frente ao término de terça-feira.