A taxa de câmbio apresentava tendência de elevação nas primeiras operações desta quarta-feira (14). No momento da publicação deste texto (09h30min), ela era negociada ao redor de R$ 5,35, variação de +0,8% ante à véspera. Já o dollar index era cotado ao redor de 103,9 pontos, recuo de 0,1% em relação ao fechamento de terça-feira. O mercado de divisas repercute a nomeação do ex-ministro Aloisio Mercadante para a presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), seguida pela aprovação-relâmpago de projeto que modifica a Lei das Estatais para reduzir o período de quarentena de 36 meses para 30 dias a indicação de pessoas que tenham participado de campanhas eleitorais para cargos de direção e ou presidência de empresas públicas. À tarde, os investidores aguardam pela decisão do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) do Federal Reserve (Fed), às 16h00min, que deve subir a taxa de juros em 0,50 p.p. A expectativa é maior, entretanto, pelas projeções econômicas de seus integrantes e pela coletiva de imprensa do presidente do Fed, Jerome Powell. Na agenda do dia, o Banco Central publicou o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) de outubro, às 09h00min, e atualizará o fluxo cambial semanal, às 14h30min, e o Departamento de Estatísticas do Trabalho dos Estados Unidos informa os índices de preços de exportação e importação de novembro, às 10h30min.
Riscos políticos ampliados O dólar negociado no mercado interbancário abriu as operações em forte alta, repercutindo uma percepção ampliada de riscos fiscais sobre os ativos brasileiros após o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva confirmar o ex-ministro Mercadante para a presidência do BNDES e a Câmara dos Deputados propor e aprovar instantaneamente uma revisão da Lei das Estatais que reduz a quarentena exigida de pessoas que participaram de “estrutura decisória de partido político ou em trabalho vinculado a organização, estruturação e realização de campanha eleitoral” de 36 meses para apenas um mês. Adicionalmente, os deputados elevaram o limite permitido de despesas das Estatais com publicidade e patrocínios, de 0,5% da receita bruta operacional para 2,0%. As alterações precisam ser ratificadas pelo Senado.
Demonstração de força na Câmara A aversão dos investidores se justifica tanto pela escolha de outro político do PT para uma liderança econômica, preterindo nomes técnicos, quanto, especialmente, pelo enfraquecimento dos instrumentos de governança e blindagem política das estatais. Com a revisão da Lei das Estatais, a medida permitirá que quadros ligados a campanhas políticas sejam nomeados para cargos importantes em empresas públicas e mistas, beneficiando o chamado “centrão”. Por outro lado, vale ressaltar a demonstração de habilidade política de Lula antes mesmo de tomar posse ao aprovar um projeto de interesse de seu governo na Câmara, onde deseja aprovar sua PEC da Transição.
Juros nos EUA Os investidores se mantêm alertas, também, à decisão de Política Monetária do Federal Reserve. No mês passado Jerome Powell, presidente do banco central estadunidense, já havia sinalizado que, a partir de dezembro, o ritmo de alta das taxas de juros poderia diminuir, nesse sentido, as expectativas do mercado foram reforçadas pela divulgação abaixo do esperado do Índice de Preços ao Consumidor (CPI) dos Estados Unidos de novembro. Para a decisão de hoje, prevê-se uma elevação de 0,5 p.p. após quatro aumentos consecutivos de 0,75 p.p., com o maior controle do nível de preços sendo usado para justificar a suavização do aperto monetário, reduzindo seu ritmo no momento a fim de balancear os riscos para a economia americana. Adicionalmente, haverá uma atenção especial voltada para as projeções de índices macroeconômicos de membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC), a partir das quais os agentes esperam entender como será a trajetória provável da taxa de juros no futuro, com uma preocupação especial quanto a qual será seu pico e quais são os riscos de a postura de aperto monetário causar uma recessão no país.
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