Abertura de Câmbio

Dólar opera em baixa, cotado ao redor de R$ 5,15
 
Leonel Oliveira Mattos
Alan Lima
Vitor Andrioli
Expectativa de desaceleração da inflação nos EUA e repercussão à aprovação da PEC da Transição contribuem para recuo da divisa

O mercado cambial brasileiro opera em ritmo reduzido no último pregão antes do Natal, acompanhando o sentimento positivo no exterior e estendendo a repercussão dos agentes locais com a promulgação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição pelo Congresso e as nomeações ministeriais para o futuro governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Por volta das 09h30, a moeda americana era negociada a R$5,149, em baixa diária de 0,7%.

Na agenda do dia do país, o IBGE divulgou nesta manhã o Índice Nacional de Preços ao Consumidor-15 (IPCA-15) de dezembro. O indicador apontou para um encerramento do ano com inflação acumulada em 12 meses próxima de 6,00%, dentro das expectativas de analistas, mas significativamente acima do centro oficial da meta oficial do Banco Central para 2022, de 3,50%.

Os mercados acionários ao redor do mundo operavam em leves altas nesta sexta-feira, diante da expectativa de que os dados da inflação nos Estados Unidos sinalizem uma desaceleração em novembro, em linha com a decisão mais recente do Federal Reserve de atenuar a trajetória de elevações da taxa de juros. Diante deste contexto, o dollar index seguia a tendência esperada nesta manhã, registrando leve baixa de 0,15%, cotado a 103,98 pontos.  

A agenda de indicadores para a economia americana reserva indicadores importantes para esta antevéspera de Natal, com destaque para o índice de preços PCE, que é acompanhado pelos membros do Comitê de Mercado Aberto do Fed (FOMC) como referência para a meta de inflação. O consenso dos analistas econômicos é de que o núcleo do indicador apresente uma variação positiva de 0,2% em novembro, repetindo a cifra registrada no mês anterior, e contribuindo para um recuo do acumulado em 12 meses de 5,0% para 4,6%.

Ainda para esta sexta-feira são esperados os dados de pedidos de bens duráveis, vendas de novas residências e a confiança dos consumidores medida pela Universidade de Michigan.

Desaceleração da inflação nos EUA A política monetária contracionista adotada pelo Federal Reserve, que neste mês elevou a taxa básica de juros da economia americana para seu maior valor em 15 anos, ao intervalo de 4,25% a 4,50%, teve seus efeitos deflacionários capturados pela atualização mais recente do índice de preços PCE. De acordo com o Departamento de Análise Econômica (BEA), no mês de novembro o indicador desacelerou de uma alta de 0,4% no mês anterior para 0,1%, contraindo sua variação anual de 6,1% para 5,5%. Considerando-se apenas o núcleo do PCE, com a exclusão dos preços mais voláteis de alimentos e energia, a medida de inflação recuou de uma alta de 0,3% em outubro para 0,2% no último mês, dentro do esperado pelo mercado, trazendo o acumulado em 12 meses para 4,7%.

Na ata da reunião de novembro, a autoridade monetária americana comunicou que seria adequado reduzir a intensidade das elevações da taxa de juros, de 75 pontos-base para 50 pontos-base em suas decisões futuras, demonstrando maior confiança em uma desaceleração inflacionária. Os números do PCE para outubro e novembro mostram até agora que o diagnóstico dos membros do FOMC parece adequado, ainda que o índice permaneça bastante distante da meta de inflação de 2,0%

Último indicador de inflação do ano no Brasil O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou hoje (23) o Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), considerado como prévia da inflação oficial, com alta de 0,52% em dezembro, contra 0,53% no mês anterior, e variação acumulada de 5,90% em 12 meses. Os grupos de produtos e serviços que apresentaram os maiores aumentos nesse mês foram os de Vestuário, subindo 1,16%, e de Transportes, com avanço de 0,85%. No ano, os setores que causaram as maiores pressões no índice foram os de Alimentos e bebidas e de Saúde e cuidados pessoais, com impacto de 2,47 e 1,38 pontos percentuais, respectivamente. Após forte aperto monetário adotado pelo Banco Central, o indicador fechou o ano com valor consideravelmente mais baixo que o observado no final de 2021 (10,42%), mas acima da meta de 3,50% estabelecida pela autoridade monetária para 2022. Em decorrência disso, as apostas para o IPCA ao final de 2023 têm subido nas últimas semanas e, no momento, as expectativas estão em 5,17%, contra 3,25% da meta definida pela autoridade monetária, segundo o Relatório Focus.

Covid em alta na China O alastramento do número de casos de Covid-19 na China e a preocupação com uma possível sobrecarga no sistema de saúde do país segue como fator que pode vir a amargar o sentimento dos investidores globais, com os índices acionários asiáticos encerrando esta sexta-feira em retração. A autoridade de saúde local estima cerca de 37 milhões de novas infecções por dia nesta semana, maior nível desde o início da pandemia, prevendo um pico de transmissão do vírus dentro de uma semana. Neste sentido, os temores com uma possível desaceleração do nível de atividade industrial e da demanda chinesa entre o final do ano e início de 2023 pode incentivar uma maior busca por ativos considerados mais seguros, como a moeda americana, e pressionar o complexo de commodities de maneira geral.

Assim como no início da pandemia, entre o final de 2019 e início de 2020, também são monitorados neste momento os riscos de escassez de insumos, componentes e produtos exportados pela economia chinesa, que promoveriam interrupções nas cadeias globais de produção, e de paralisações nos hubs logísticos do país.

TABELA DE INDICADORES ECONÔMICOS
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Fontes: Banco Central do Brasil; B3; IBGE; Fipe; FGV; MDIC; IPEA e CommodityNetwork Trader’s Pro.
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