Panorama Semanal de Câmbio

Câmbio encerra a semana em queda, cotado a R$ 4,916
 
Leonel Oliveira Mattos
Alan Lima
Vitor Andrioli
Semana foi marcada por moderação inflacionária no Brasil e nos Estados Unidos
fatores altistas
  • Falas de autoridades monetárias do Federal Reserve apontando para uma resiliência dos preços de serviços mais correlacionados aos salários pode elevar as expectativas para a duração do aperto monetário para o país e contribuir para o fortalecimento do dólar.

fatores baixistas
  • Divulgação do texto do projeto de lei arcabouço fiscal deve elevar o otimismo dos investidores domésticos e contribuir para o fortalecimento do real.

  • Dados econômicos positivos para a China podem sugerir que o país asiático se recupera velozmente da época de medidas de restrições sanitárias e pode elevar o apetite por ativos arriscados, fortalecendo o real

O dólar negociado no mercado interbancário encerrou a sessão desta sexta-feira (14) cotado a R$ 4,916, recuo semanal de 2,8%, mensal de 3,0% e anual de 6,9%. Já o dollar index fechou o pregão cotado a 101,3 pontos, variação de -0,4% na semana, de -0,9% no mês e de 1,9% no ano. A semana foi marcada por dados americanos aquém do estimado por especialistas, o que, por sua vez, contribuiu para um amplo enfraquecimento da moeda americana. A moderação de dados inflacionários no Brasil e a expectativa pelo arcabouço fiscal também auxiliaram a derrubar o par real/dólar ao seu menor valor desde junho do ano passado.

Dólar comercial (US$/R$) e Dollar Index (pontos)
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Fonte: CommodityNetwork Traders’ Pro. Elaboração: StoneX.
O MAIS IMPORTANTE: Texto do projeto de lei do arcabouço fiscal

Impacto esperado no USDBRL: baixista

Após a divulgação das diretrizes iniciais das novas regras que regimentarão as contas públicas no Brasil, no último dia 28, um otimismo se formou no mercado de ativos brasileiro e contribuiu para o fortalecimento do real. Desde então, agentes do mercado financeiro aguardam ansiosamente pela divulgação do texto completo do projeto de lei complementar, até mesmo para poder sanar algumas dúvidas sobre algumas questões mais conceituais. Prometido, inicialmente, para o dia 11, e depois para o dia 14, o envio da proposta para o Legislativo agora está apalavrada para “a próxima segunda ou terça-feira”. Por outro lado, até o sábado (15) deve ser enviado ao Congresso Nacional o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2024 sob a vigência do antigo limite constitucional de gastos, porém com um “indicativo” sugerindo como seriam modificados os parâmetros do Orçamento caso o novo arcabouço fiscal seja aprovado pelo Legislativo tal qual imaginado pelo governo.

Ao longo desta semana, novas informações voltaram a ser gotejadas na imprensa, passando a impressão de que a proposta ainda passa por debates dentro da equipe econômica do Palácio do Planalto. De toda forma, espera-se que a apresentação do texto completo agrade os investidores e possibilite a manutenção da taxa de câmbio em patamar mais valorizado. Ainda que se possa criticar o modelo como mais leniente que seu antecessor, é nítido o esforço da equipe econômica em estabelecer credibilidade junto aos setores financeiros e, inclusive, o Banco Central.

Dúvidas quanto à trajetória dos juros americanos

Impacto esperado no USDBRL: altista

Os dados econômicos do mês de março estão sendo, em geral, mais brandos que o inicialmente estimados, como os Índices de Gerentes de Compra (PMI), as vendas do varejo, as solicitações semanais de auxílio-desemprego e os Índices de Preços ao Consumidor (CPI) e ao Produtor (PPI). Tal desempenho tem reforçado uma interpretação de que o ciclo de alta de juros do Federal Reserve está próximo de seu fim. No momento, as apostas no mercado futuro apontam para um último reajuste de 0,25 p.p. na decisão de 03 de maio, para uma faixa entre 5,00% e 5,25% a.a., e o início de um ciclo de cortes nas taxas de juros a partir da decisão de setembro. Já as autoridades do Federal Reserve têm sido uníssonas em afirmar que, após atingir o ponto máximo, os juros não devem ser reduzidos em 2023. Para justificar tal discordância, alguns analistas argumentam que os dados econômicos mais fracos apontam para um risco mais elevado de uma recessão econômica, que, por sua vez, forçaria o banco central estadunidense a ter de suavizar seu aperto monetário. Já os integrantes do Fed costumam apontar para a escassez na oferta de trabalhadores e para a resiliência inflacionária, particularmente nos setor de serviços, como indícios de que não haverá espaço para um afrouxamento tão cedo. Estão programados para se pronunciarem na próxima semana o presidente do Fed de New York, John Williams, o membro do Conselho de Governadores do Fed, Christopher Waller, a membra do Conselho de Governadores do Fed, Michelle Bowman, e a membra do Conselho de Governadores do Fed, Lisa Cook.

Dados econômicos na china

Impacto esperado no USDBRL: baixista

Na noite entre segunda (17) e terça-feira (18), uma sequência de dados que permitirá uma leitura de como a atividade econômica está reagindo ao fim das medidas restritivas de combate à Covid-19. Após o crescimento surpreendente da balança comercial de março, divulgado na semana passada, há uma expectativa mais otimista para as leituras do Produto Interno Bruto do primeiro trimestre, das vendas do varejo e, especialmente, da produção industrial. Se tais expectativas se confirmarem, deve haver um aumento no apetite por ativos arriscados, contribuindo para a valorização de países exportadores de produtos primários, tal como o real.

 

 
tabela de indicadores
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Fontes: Banco Central do Brasil; B3; IBGE; Fipe; FGV; MDIC; IPEA e CommodityNetwork Trader’s Pro.
 
Tags relacionadas: Moedas

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