- Autoridades do Federal Reserve devem reafirmar o compromisso do Banco Central de manter o aperto monetário nos EUA, embora a um ritmo mais espaçado, podendo fortalecer o dólar.
- Decisão de política monetária do Copom deve reconhecer o cenário macroeconômico mais favorável e possivelmente sinalizar a possibilidade de reduções futuras para a taxa básica de juros (Selic), contribuindo para o fortalecimento do real.
- Aprovação do arcabouço fiscal no Congresso Nacional deve reforçar o ambiente de franco otimismo com o cenário macroeconômico brasileiro, atraindo investimentos para o país e fortalecendo o real.
Na semana passada
O dólar negociado no mercado interbancário encerrou a sessão desta sexta-feira (16) cotado a R$ 4,821, recuo semanal de 1,1%, mensal de 4,9% e anual de 8,7%. Já o dollar index fechou o pregão desta sexta cotado a 102,2 pontos, variação de -1,3% na semana, -2,0% no mês e -1,1% no ano. O mercado de divisas repercutiu as decisões de política monetária pelos Bancos Centrais dos Estados Unidos, Europa e Japão, que resultaram em fortalecimento da moeda única europeia ante às divisas americana e japonesa. No Brasil, a elevação da perspectiva do crédito soberano brasileiro de “estável” para “positivo” pela agência de classificação de risco S&P reforçou o ambiente de otimismo e contribuiu para o fortalecimento do real.
Impacto esperado no USDBRL: baixista
Há quase consenso que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) deve manter a taxa básica de juros (Selic) estável em 13,75% a.a. pela 7ª vez seguida. em sua decisão desta quarta-feira (21). Entretanto, há grande expectativa pelo comunicado da autoridade monetária, principalmente pela forma como o balanço de riscos será abordado e se haverá alguma sinalização de uma possibilidade de cortes de juros no curto prazo. Até a última decisão, do início de maio, o Copom adotava um tom firme em seu posicionamento, afirmando que o núcleo da preços no país estava muito resiliente e que as expectativas inflacionárias estavam muito elevadas para se considerar a possibilidade de reduções à taxa Selic. Ao contrário, o comunicado “enfatiza[va] que, apesar de ser um cenário menos provável, não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorr[esse] como esperado” – frase que não deve aparecer no comunicado desta semana.
Contudo, ao longo destas últimas semanas, a divulgação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de maio mais baixo que o estimado, do Produto Interno Bruto (PIB) para o primeiro trimestre de 2023 acima do esperado e a perspectiva de aprovação do novo arcabouço fiscal no Congresso Nacional geraram um forte otimismo entre investidores nacionais quanto às expectativas para as principais variáveis macroeconômicas, como inflação, crescimento, câmbio e juros. Este ambiente favorável permitiu um fortalecimento expressivo do real, dentre outros ativos brasileiros. Em falas recentes, autoridades do BC reconhecem a mudança qualitativa da conjuntura, porém são um pouco mais genéricas ao mencionar que reduções de juros podem ocorrer em um futuro próximo se estas condições se manterem, sem se comprometer com um prazo.
Este ambiente de entusiasmo dos investidores pode ser observado em alguns indicadores de apetite por risco. O Spread dos contratos de 5 anos de Credit Default Swap do Brasil, um termômetro para o risco de um país, estão em queda contínua e em seu menor patamar desde setembro de 2021, a 184 pontos-base. Após quatro meses de resultados débeis, o saldo do fluxo de capitais estrangeiros na B3 acumula um superávit de R$ 6,9 bilhões até a metade do mês de junho. E as taxas de financiamento para títulos do Tesouro Nacional, como o NTN-B com vencimento em 2045, estão em seu menor nível desde abril do ano passado.
Impacto esperado no USDBRL: altista
A decisão da última quarta-feira (14) do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) do Federal Reserve (Fed) foi considerada ambígua por agentes de mercado, embora não tenha sido esta a intenção do Comitê. Os integrantes do FOMC decidiram de maneira unânime manter estável a taxa básica de juros (fed funds rate) no intervalo entre 5,00% e 5,25%, encerrando uma sequência de dez reajustes seguidos. Ao mesmo tempo, atualizaram-se as projeções econômicas sumarizadas do FOMC, que prevê uma economia mais aquecida em 2023 – com projeções maiores para inflação, crescimento e emprego – e um nível final para a taxa de juros mais elevado – a mediana das projeções está no intervalo entre 5,50% e 5,75%, e 16 dos 18 participantes visualizam pelo menos um aumento ainda este ano.
O que confunde analistas é por que pausar neste momento há praticamente consenso dentre os integrantes do FOMC que a economia está aquecida e há necessidade de aumentar mais os juros ainda em 2023. Durante a entrevista coletiva, o presidente do Fed, Jerome Powell, buscou argumentar que, embora o Comitê acredite que o nível de juros precisará ser maior, o balanço de riscos está mais equilibrado (a comparação entre os riscos de um excesso inflacionário e de uma recessão econômica) e há benefícios em coletar mais informações por um período de tempo mais longo antes de se decidir por um novo reajuste. Mesmo assim, Powell não quis se comprometer com uma intenção de se elevar os juros em julho, afirmando, apenas, que essa decisão dependerá dos dados coletados até lá. Dessa forma, as apostas majoritárias no mercado futuro de juros continuaram prevendo apenas mais um reajuste de 0,25 p.p. em 2023, e não 0,50 p.p. como aponta a mediana das projeções do Federal Reserve.
Esta semana haverá diversas autoridades do Federal Reserve que falarão ao público, e é possível que elas busquem não apenas fornecer maior contexto a respeito da trajetória futura dos juros, como também reafirmar o compromisso do Banco Central de que o aperto monetário continuará, embora a um ritmo mais espaçado, o que pode influenciar o valor da divisa. Estão programados para se pronunciarem nesta semana o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, a membra do Conselho de Governadores do Fed, Lisa Cook, o membro do Conselho de Governadores do Fed, Philip Jefferson, o presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, o presidente do Fed de New York, John Williams, o presidente do Fed de Chicago, Austan Goolsbee, a presidenta do Fed de Cleveland, Loretta Mester, o membro do Conselho de Governadores do Fed, Christopher Waller, a membra do Conselho de Governadores do Fed, Michelle Bowman, o presidente do Fed de Richmond, Tom Barkin, e o presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic.
Impacto esperado no USDBRL: baixista
O relator do projeto de lei do novo marco fiscal no Senado Federal (PLP 93/2023), senador Omar Aziz (PSD-AM), afirmou, na semana passada, que acredita que a proposta deve ser aprovada em definitivo ao longo desta semana no Congresso Nacional. Ele declarou que quer apresentar seu relatório e votá-lo na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado na terça-feira (20) e levá-lo para apreciação do Plenário no mesmo dia. Há um acordo com o presidente da Câmara dos Deputados, deputado Arthur Lira (PP-AL), para que o texto aprovado no Senado seja votado na Câmara no dia seguinte, quarta-feira (21). Embora o projeto já tenha sido aprovado na Câmara, Aziz deve propor alterações ao texto, como a remoção do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica) e do Fundo Constitucional do Distrito Federal do cálculo do limite de gastos e uma alteração ao período utilizado para corrigir as despesas públicas pela inflação (de dezembro a novembro ao invés de julho a junho). A aprovação do arcabouço fiscal pelo Legislativo deve ampliar o otimismo de investidores com ativos brasileiros ao contribuir para a estabilização das despesas e do endividamento público, favorecendo a atração de investimentos e, assim, fortalecendo o real.
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