- Dados econômicos na China e na área do euro devem reforçar a percepção de desaceleração em ambas as economias, podendo prejudicar o desempenho de ativos arriscados, como ações, commodities e moedas de países emergentes, como o real.
- Copom deve cortar a taxa básica de juros (Selic) e reconhecer um ambiente macroeconômico mais robusto, podendo diminuir a percepção de riscos associados a ativos brasileiros e atrair mais investimentos, fortalecendo o real.
- Dados econômicos nos EUA podem reforçar a percepção de que a atividade econômica e o mercado de trabalho no país permanecem em suave desaceleração, consolidando as expectativas de que o ciclo de altas de juros pelo Fed já se encerrou, enfraquecendo o dólar.
- Retorno das atividades do Congresso Nacional permite a análise de pautas econômicas importantes para o governo federal, como o arcabouço fiscal e o Orçamento de 2024, podendo contribuir para o fortalecimento do real.
Resumo da semana passada
O dólar negociado no mercado interbancário encerrou a semana em queda, encerrando a sessão desta sexta-feira (28) cotado a R$ 4,732, recuo semanal de 1,0%, mensal de 1,2% e anual de 10,4%. Já o dollar index fechou o pregão desta sexta cotado a 101,4 pontos, variação de +0,6% na semana, -1,2% no mês e -1,8% no ano. O mercado de divisas repercutiu a decisão de política monetária dos bancos centrais dos Estados Unidos, União Europeia e Japão, a melhora na avaliação do crédito soberano brasileiro pela agência de classificação de riscos Fitch e o crescimento maior que o esperado para o Produto Interno Bruto (PIB) americano.
Impacto esperado no USDBRL: altista
O foco da atenção dos investidores nesta semana deve ser a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (BC). Há praticamente um consenso entre analistas de que o Comitê iniciará um ciclo de cortes à taxa básica de juros (Selic) em sua decisão, nesta quarta-feira.
Na semana passada, a elevação da nota de crédito de risco soberano brasileiro pela agência de classificação de risco Fitch de BB- para BB elevou as apostas entre investidores de que a autoridade monetária irá promover uma redução de -0,50 p.p. aos juros básicos. De fato, a decisão da Fitch reforça a percepção de que o desempenho macroeconômico e as perspectivas fiscais para o país superam as previsões iniciais de analistas e dão suporte a uma flexibilização da política monetária. Indicadores de percepção de risco de ativos brasileiros, como o spread de Credit Default Swaps ou a taxa de financiamento de títulos do governo federal, estão em queda consistente. Contudo, dado o tom duro do comunicado da última decisão do Copom, que sequer mencionava a possibilidade de reduções futuras para a Selic, e a menção de que a inflexão se daria com um “processo parcimonioso” na ata da mesma decisão, parece mais provável que a redução será de apenas 0,25 p.p. de forma a manter coerência com a postura excessivamente cautelosa do Comitê até então.
Impacto esperado no USDBRL: baixista
Em uma semana carregada de indicadores econômicos relevantes, investidores devem dar destaque ao Índice de Gerentes de Compras (PMI), divulgado pelo instituto ISM, e ao Relatório da Situação de Emprego, ambos referentes ao mês de julho. O PMI deve manter sua tendência de contração na atividade industrial americana, contrabalançada por leituras mais favoráveis para o setor de serviços. No mercado de trabalho, a expectativa é de que a criação de novos postos de trabalho se desacelere suavemente, com saldo líquido positivo menor em relação ao mês de junho, reforçando a interpretação de que as empresas ainda possuem uma demanda elevada por trabalhadores e afastando a possibilidade de uma recessão no curto prazo.
Impacto esperado no USDBRL: altista
Nesta semana, a divulgação de dados econômicos para a China e para a Europa podem prejudicar o desempenho de ativos arriscados, como commodities e moedas de países emergentes. Na China, a publicação do Índice de Gerente de Compras (PMI) industrial e de serviços deve reforçar a percepção de que a recuperação econômica do país está abaixo do esperado. Na União Europeia, a primeira prévia para o Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre deve mostrar um crescimento modesto, ampliando temores de que uma recessão econômica possa ocorrer no continente ainda este ano. Por fim, o Banco da Inglaterra deve elevar sua taxa referencial de juros na quinta-feira (03), aumentando a demanda por divisas de economias avançadas, particularmente a libra.
Impacto esperado no USDBRL: baixista
Em agosto, o Congresso Nacional retorna de seu “recesso informal” e deve colocar a pauta econômica em foco. Na Câmara dos Deputados, a prioridade é a análise dos destaques feito pelo Senado ao texto do projeto de lei do arcabouço fiscal (PLP 93/23), que poderá, então, seguir para sanção presidencial. Após a aprovação do arcabouço, deputados e senadores pretendem avançar na votação do projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) ao mesmo tempo em que discutem a elaboração da Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2024. Embora a LDO oriente a LOA, a ausência de uma definição a respeito do arcabouço impediu sua votação até o fim do primeiro semestre legislativo, em 17 de julho, conforme determina a Constituição Federal. Adicionalmente, o Senado Federal irá iniciar a tramitação da Proposta de Emenda à Constituição da reforma tributária (PEC 45/19) e do projeto de lei do voto de desempate no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – Carf (PL 2384/23), com expectativa de aprovação durante o segundo semestre.
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