O par real/dólar subiu de maneira consistente ao longo desta quinta-feira (03), encerrando a sessão negociado a R$ 4,900, alta de 2,0% em relação ao fechamento de quarta-feira. Já o dollar index terminou o pregão cotado a 102,5 pontos, variação de -0,1% ante à véspera. O mercado de divisas repercutiu à decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), que reduziu a taxa básica de juros (Selic) em 0,50 p.p. e sinalizou um corte de mesma magnitude para a decisão de setembro, diminuindo o diferencial de ganhos oferecido pelo Brasil em relação a outras economias.
Corte da taxa Selic O dólar negociado no mercado interbancário encerrou a sessão de hoje em forte alta, valorizando 2,0% frente ao real. A moeda brasileira apresentou o pior desempenho global das divisas de uma cesta de 33 divisas emergentes relevantes. O principal fator para este enfraquecimento da moeda brasileira foi a decisão de corte dos juros pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. Da mesma forma que a expectativa dos investidores para a reunião se dividia entre uma redução de 0,25 p.p. e 0,50 p.p., os membros do Comitê divergiram em 5 votos a quatro, com o voto de minerva para a decisão de reduzir a taxa básica da autarquia em 50 pontos-base dado pelo presidente da instituição, Roberto Campos Neto. Adicionalmente, o Copom sinalizou “de forma unânime” a intenção de uma diminuição de mesma magnitude para a próxima decisão, em setembro. Embora a evolução da conjuntura macroeconômica recente ampare um corte mais robusto da taxa Selic, com a inflação apresentando trajetória descendente nos últimos meses, tal decisão impacta negativamente o diferencial de juros do país, com títulos do Tesouro passando a render menos e tornando-se menos atrativo para investidores estrangeiros. Assim, há uma expectativa menor de entrada de divisas no futuro, o que gera um efeito altista no câmbio.
Desaceleração da atividade Contribuiu para o enfraquecimento do real, também, a divulgação do Índice de Gerente de Compras (PMI) consolidado do Brasil, o qual indicou desaceleração da atividade econômica do país em julho. Tanto o indicador para serviços como o composto, que inclui também os dados da indústria, apresentaram queda no último mês. Para o setor de serviços, houve uma desaceleração para 50,2 pontos, contra 53,3 em junho, de modo que continuou acima da marca de 50 pontos, isto é, indicando expansão do setor, mas a um ritmo menor devido ao recuo da demanda. Por sua vez, o PMI industrial, divulgado na última terça (01), apresentou avanço de 46,6 em junho para 47,8 no último mês, o maior patamar para o índice em cinco meses, embora ainda sinalize retração da indústria. De acordo com a S&P Global, responsável pelo cálculo do indicador, o desempenho da indústria foi limitado pela contração da consumo no país, que ocorreu sob o contexto do aperto monetário implementado pelo Banco Central. Desse modo, o PMI composto recuou de 51,5 para 49,6 no último mês e passou a indicar desaquecimento da economia, se tratando do primeiro resultado abaixo do nível neutro de 50 pontos desde fevereiro. Nesse sentido, a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de encerrar o ciclo de altas do Banco Central e reduzir a taxa básica da autarquia em 0,50 ponto percentual pode dar fôlego à demanda brasileira e ajudar o real a ganhar força frente a outras divisas.
Mercado de moedas No cenário externo, o dollar index terminou o pregão cotado a 102,5 pontos, variação de -0,1% ante à véspera. Moedas pares do real, como o peso chileno, o peso colombiano, o peso mexicano, o rand sul-africano, a rúpia indiana e o rublo russo também se desvalorizaram em relação à divisa americana, e o Índice de Moedas Emergentes do J.P. Morgan terminou a sessão cotado a 48,007 pontos, recuo de 0,4% em relação ao fechamento de quarta-feira.
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