Panorama Semanal de Câmbio

Panorama de câmbio: principais eventos da semana
 
Leonel Oliveira Mattos
Alan Lima
Vitor Andrioli
Dólar deve refletir ata do Copom e inflação para Brasil e Estados Unidos
Fatores altistas
  • Ata do Copom pode falhar em amenizar problemas de credibilidade e uma percepção de divergência passadas na decisão da semana passada, piorando as expectativas futuras dos agentes e enfraquecendo o real.
Fatores baixistas
  • Ata do Copom pode amenizar problemas de credibilidade e uma percepção de divergência passadas na decisão da semana passada e contribuir para uma estabilização das expectativas futuras dos agentes, fortalecendo o real.
  • A inflação ao consumidor nos EUA pode permanecer em suave desaceleração, consolidando as expectativas de que o ciclo de altas de juros pelo Fed já se encerrou, enfraquecendo o dólar.
  • Dados econômicos no Brasil podem reforçar a percepção de que a atividade econômica se mantém melhor que o esperado e a inflação continua moderando, favorecendo uma leitura otimista dos ativos brasileiros e fortalecendo o real.
 

Resumo da semana passada

O dólar negociado no mercado interbancário encerrou a semana em alta, encerrando a sessão desta sexta-feira (04) cotado a R$ 4,875, variação de +3,0% na semana, +3,1% no mês e de -7,7% no ano. Já o dollar index fechou o pregão desta sexta cotado a 101,9 pontos, ganho semanal de 0,5% mensal de 0,2%, porém recuo anual de 1,4%. O mercado de divisas repercutiu a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que causou forte desvalorização do real em meio a expectativa de redução dos juros no Brasil. Adicionalmente, dados econômicos fracos na Europa e na China contribuíram para ganhos semanais da moeda americana no exterior.

Dólar comercial (US$/R$) e Dollar Index (pontos)
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Fonte: StoneX cmdtyView. Elaboração: StoneX
 
O MAIS IMPORTANTE: Ata do Copom

Impacto esperado no USDBRL: incerto

O foco da atenção dos investidores nesta semana deve ser a ata da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (BC). Na última semana, decisão do Copom de reduzir a taxa básica de juros (Selic) de 13,75% a.a. para 13,25% a.a. bem como de sinalizar um novo reajuste de mesma magnitude para a reunião de setembro provocou um intenso enfraquecimento do real, que foi atribuído por alguns a uma falta de credibilidade da postura do Comitê.

Inicialmente, chamou a atenção de analistas o placar tão apertado para a decisão, com cinco votos a favor de um corte na Selic de 0,50 p.p. e quatro votos a favor de um corte de 0,25 p.p., com o voto de desempate dado pelo presidente da instituição, Roberto Campos Neto. Por outro lado, houve consenso entre os integrantes do Comitê para sinalizar a intenção de nova redução de 0,50 p.p. em setembro caso a conjuntura evolua conforme as projeções. A ata traz riscos tanto para um fortalecimento como para um enfraquecimento do real a depender de como esta divisão seja explanada, quais argumentos foram considerados por cada grupo de votos e como isto impacta na leitura da trajetória da inflação e dos juros pelo Comitê.

Outro questionamento frequente esta semana foi a mudança de postura entre junho, quando o comunicado do Copom sequer mencionou a possibilidade de redução de juros e a ata mencionou apenas a possibilidade de um “processo parcimonioso” de flexibilização, e agosto, quando seus integrantes optaram pelo ritmo mais acelerado em sua diminuição. Da mesma forma, a ausência de menções à política fiscal no balanço de riscos inflacionários pela primeira vez desde 2017 também chamou a atenção de analistas. A ata pode contribuir significativamente para uma comunicação mais eficiente e transparente sobre o processo decisório do Copom e como agentes de mercado devem antecipar futuras análises e decisões.

Inflação para os Estados Unidos

Impacto esperado no USDBRL: baixista

A divulgação do Índice de Preços ao Consumidor (CPI) de julho deve influenciar a leitura dos demais dados macroeconômicos durante todo o mês de agosto. As projeções de analistas apontam para uma leitura moderada pelo terceiro mês consecutivo tanto no índice geral como em seu núcleo (que exclui os voláteis componentes de alimentação e energia), com uma expectativa mediana de alta mensal de 0,2% para ambos – o que representaria uma taxa anualizada inferior a 2%, meta buscada pelo Federal Reserve. Caso estas previsões se confirmem, o dado deve reforçar a interpretação de que a pressão inflacionária no país está amenizando e que o ciclo de alta de juros do Fed deve ter terminado, o que pode enfraquecer a moeda americana.

 

Dados econômicos para o Brasil

Impacto esperado no USDBRL: baixista

Investidores acompanharão, também, a divulgação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de julho, que deve vir próximo de zero pelo segundo mês consecutivo, reforçando a percepção de que a pressão de preços no Brasil está moderando e há espaço para a flexibilização monetária pelo Banco Central. Adicionalmente, será divulgado o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) de junho, que deve apresentar leve crescimento após uma retração inesperada em maio.

 

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TABELA DE INDICADORES ECONÔMICOS
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Fontes: Banco Central do Brasil; B3; IBGE; Fipe; FGV; MDIC; IPEA e StoneX cmdtyView.
Tags relacionadas: Moedas

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