- CPI de agosto nos EUA deve se acelerar moderadamente, reforçando a percepção de que o Federal Reserve manterá um discurso mais firme de vigilância contra a inflação e sustentará os juros mais altos por mais tempo, fortalecendo o dólar.
- Dados econômicos na China e na Europa devem sugerir desaceleração dessas economias e podem diminuir o apetite por riscos de investidores estrangeiros, enfraquecendo o real.
- IPCA de agosto no Brasil deve se acelerar moderadamente, sugerindo que o espaço para cortes de juros pelo Banco Central pode ser menor que o inicialmente estimado e diminuir as expectativas para a queda do diferencial de juros pelo país, contribuindo para a atração de investimentos financeiros e fortalecendo o real.
Resumo da semana passada
O dólar negociado no mercado interbancário terminou a semana em forte alta, encerrando a sessão desta sexta-feira (08) cotado a R$ 4,982, variação de +0,8% na semana, +0,6% no mês e -5,6% no ano. Já o dollar index fechou o pregão desta sexta em alta pela oitava semana consecutiva, cotado a 105,0 pontos, ganho semanal de 0,8%, mensal de 1,4% e anual de 1,7%. O mercado de divisas repercutiu o ambiente externo de preocupação com a situação econômica da China e da Europa e de elevação dos juros americanos após dados de atividade econômica divulgados ao longo da semana reforçarem o contraste do desempenho entre estes países.
Impacto esperado no USDBRL: altista
O foco da atenção dos investidores nesta semana deve ser a divulgação do Índice de Preços ao Consumidor (CPI) americano de agosto. Entre maio e julho, uma moderação sensível na inflação americana acompanhada de dados fortes para emprego e crescimento econômico reforçou expectativas de que o país possa realizar um “pouso suave”, isto é, um processo de estabilização de preços sem que haja uma desaceleração expressiva na atividade econômica e no mercado de trabalho. Nessa análise, o Federal Reserve não precisaria elevar mais os juros básicos do país, que se encontram na faixa entre 5,25% e 5,50% ao ano, porém seria necessário mantê-los em um patamar elevado por um longo período, à medida que se confirma que o processo de desinflação ocorre como o esperado. Assim, nas últimas semanas, os rendimentos dos títulos do Tesouro americano (Treasuries) continuaram avançando, particularmente nos prazos de vencimentos mais longos.
O CPI de agosto deve, a um só tempo, reforçar a leitura do “pouso suave” e trazer um ponto de atenção. Por um lado, a expectativa mediana para o crescimento do “núcleo” do indicador, que exclui os voláteis componentes de alimentação e bebidas, é de apenas 0,2% no mês, o que representaria uma alta anual de aproximadamente 2,4%, confirmando uma interpretação de moderação dos preços. Por outro lado, o índice geral deve crescer 0,6% no mês em função da elevação dos preços de derivados de petróleo, em particular de combustíveis, alertando para o risco de novos focos inflacionários ao longo do processo e que o Federal Reserve deve adotar uma postura cautelosa e vigilante, evitando uma flexibilização prematura de seu aperto monetário.
Impacto esperado no USDBRL: baixista
Nesta semana, também, será divulgado o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que deve se acelerar de 0,12% em julho para algo próximo de 0,3% em agosto por conta dos efeitos do último reajuste de preços de combustíveis, além da alta nos custos de energia elétrica e carros novos. Na divulgação de meio de mês (IPCA-15), uma leitura levemente acima do esperado para os preços ao consumidor teve efeito baixista para o câmbio por frear as apostas mais ousadas de cortes para a taxa básica de juros (Selic), reduzindo, consequentemente, o ritmo de queda do diferencial de juros brasileiro em relação a outras economias e contribuindo para a atração de investimentos em ativos de renda fixa. Dado o ambiente recente de aversão a ativos arriscados, por conta de temores com o crescimento econômico na China e na Europa, e de elevação nos rendimentos dos títulos americanos, uma leve aceleração do IPCA pode reforçar a leitura de que o espaço para o corte de juros pelo Banco Central está se reduzindo e, dessa forma, auxiliar no fortalecimento do real.
Impacto esperado no USDBRL: indefinido
Na quinta-feira (14), o Banco Central Europeu (BCE) divulgará a sua decisão de política monetária em meio dúvidas sobre qual a melhor trajetória para os juros na área do euro. Em torno de 40% das apostas no mercado futuro de juros acredita em um reajuste de 0,25 p.p., enquanto cerca de 60% apostam na manutenção dos juros no nível atual, de 3,75% a.a. O banco central enfrenta um difícil impasse. Por um lado, o patamar atual da inflação ainda é muito elevado, embora tenha declinado nos últimos meses, e diversas autoridades reforçaram a intenção de manter o ciclo de aperto monetário a fim de garantir que os preços retornem à meta do BCE. Contudo, diversos indicadores de atividade econômica sugerem que o bloco de moeda unificada deva enfrentar uma recessão econômica ainda este ano, e novas altas de juros podem agravar esta desaceleração. Portanto, torna-se difícil antecipar a decisão da autoridade monetária e sua recepção pelos agentes financeiros pode ser mista.
Impacto esperado no USDBRL: altista
Mais uma vez, os dados divulgados ao longo da semana reforçaram a percepção de que a recuperação econômica na China após seu período de tolerância zero contra a Covid-19 ocorre abaixo do antecipado por analistas. Nesta semana, a leitura para a produção industrial, investimento em ativos fixos e vendas do varejo, todos referentes a agosto, devem seguir a mesma tendência. Adicionalmente, o Banco Central da China anuncia decisão para suas taxas básicas de empréstimos, as quais devem se manter inalteradas – os juros referenciais de um ano foram reduzidos em 0,10 p.p. em 21 de agosto, sendo improvável novo corte.
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