Trajetória dos juros americanos O dólar negociado no mercado interbancário operava em alta na manhã desta "super quarta", refletindo aguardo por comunicados de banco centrais dos Estados Unidos e Brasil. Para a decisão do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) do Federal Reserve, há um consenso de que a taxa de juros da autarquia deve ser mantida no intervalo entre 5,25% e 5,50%, contudo, os agentes esperam pelo comunicado do comitê e pela coletiva de imprensa do presidente do Fed, Jerome Powell, em busca de novas sinalizações acerca da trajetória dos juros no país durante os próximos meses. Após Powell afirmar em dezembro que os membros do FOMC não previam mais altas para a taxa básica do Federal Reserve, o otimismo dos operadores foi impulsionado, de modo que a maior parte das apostas do mercado passou a antecipar o início do ciclo de cortes da autoridade monetária na decisão de 20 de março. No entanto, após a divulgação de uma série de dados econômicos mais fortes que o previsto pelas medianas das estimativas para o mês de dezembro e 4º trimestre nos Estados Unidos — como foi para a criação de empregos, Índice de Preços ao Consumidor (CPI), vendas do varejo, produção industrial e Produto Interno Bruto (PIB) — e falas com tom cauteloso de autoridades do Fed, a percepção de riscos inflacionários relacionados ao nível de atividade econômica do país foi ampliada e os investidores recalibraram suas expectativas. Desse modo, os agentes internalizaram expectativas mais cautelosas e alteraram suas projeções para 2024, prevendo, agora, que o começo do afrouxamento monetário deve ocorrer na decisão de 1 de maio, além de anteciparem cinco cortes de juros no ano, em vez de sete. Nesse sentido, os operadores aguardam pelas falas de Jerome Powell após a divulgação da decisão do comitê esperando novas pistas de qual vai ser a postura adotada pelo FOMC durante as próximas reuniões e quais são as condições necessárias para o começo do ciclo de cortes do Fed.
Decisão do Copom Adicionalmente, os investidores aguardam também pela decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil, para a qual deve ser mantido o ritmo de cortes de 0,50 ponto percentual da taxa Selic. Apesar de haver um forte consenso acerca da decisão de hoje (31) entre os analistas, que se dá devido às sinalizações do comitê em seus comunicados afirmando que planejava continuar com reduções de mesma magnitude nas reuniões seguintes, desde o último comunicado de decisão do Copom aumentou-se a percepção de riscos na economia brasileira, com maiores dúvidas acerca do equilíbrio fiscal do Brasil e avanço da inflação de serviços, o que afeta as expectativas dos agentes para o índice de preços no longo prazo. Assim, os operadores de mercado aguardam pelo comunicado do comitê a fim de entender se tais questões afetam o balanço de riscos da instituição e se alteram a trajetória prevista para os juros no país. Dessa forma, com a perspectiva de continuidade do aperto monetário nos Estados Unidos e expectativas de continuidade do afrouxamento monetário no Brasil, o diferencial dos juros entre os dois países é aumentado, de modo que o real se enfraquece frente ao dólar com o investimento na renda fixa americana tornando-se mais atrativo.