Panorama Semanal de Câmbio

Panorama de câmbio: principais eventos da semana
 
Leonel Oliveira Mattos
Alan Lima
Vitor Andrioli
Dólar deve refletir dados de inflação e de vendas do varejo americano e negociações do governo com o Congresso
Fatores altistas
  • Índice de Preços ao Consumidor (CPI) nos EUA deve manter tendência de moderação suave em janeiro, reforçando a percepção de que o Federal Reserve só deve cortar sua taxa básica de juros a partir de maio e fortalecendo o dólar.
  • Vendas do varejo americano em janeiro pode ressaltar a percepção de uma economia aquecida e reforçar interpretações de que o Federal Reserve será cauteloso para realizar seu ciclo de cortes de juros neste ano, favorecendo o diferencial de juros americano e fortalecendo o dólar.
  • Negociações entre Executivo e Legislativo para retomar avanço da pauta econômica pode envolver adiamento das medidas de reoneração da folha de pagamento, podendo piorar as perspectivas fiscais para 2024 e elevando a percepção de riscos fiscais de ativos brasileiros, enfraquecendo o real.
Fatores baixistas

 

 

Resumo da semana passada

A semana foi marcada pela divulgação de dados aquecidos para o setor de serviços nos EUA, que reforçou a perspectiva de que o ciclo de cortes de juros pelo Federal Reserve se iniciará mais tarde, em maio ou até mesmo em junho. No Brasil, a ata da última decisão do Copom consolidou as perspectivas de cortes de 0,50 p.p. à taxa básica de juros (Selic), ainda que a inflação de serviços possa estar um pouco acima do esperado pelo Comitê.

O dólar negociado no mercado interbancário terminou a semana em leve baixa, encerrando a sessão desta sexta-feira (09) cotado a R$ 4,960, variação de -0,1% na semana, +0,4% no mês e +2,2% no ano. Já o dollar index fechou o pregão desta sexta em alta pela sexta semana consecutiva, cotado a 104,0 pontos, ganho semanal de 0,2%, mensal de 0,9% e anual de 2,9%.

Dólar comercial (US$/R$) e Dollar Index (pontos)
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Fonte: StoneX cmdtyView. Elaboração: StoneX
 

O MAIS IMPORTANTE: Inflação nos EUA

Impacto esperado no USDBRL: altista

Se, por um lado, os dados para a atividade produtiva e para o mercado de trabalho estão superando as estimativas de analistas e sinalizam para uma economia americana aquecida, por outro, os dados inflacionários têm se mantido relativamente benignos até o momento e indicado uma tendência de moderação gradual dos preços. De fato, na última decisão de política monetária, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, afirmou que o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) não esperava leituras inflacionárias melhores para iniciar um ciclo de cortes de juros, e, sim, apenas que a moderação atual se confirme por mais alguns meses a fim de elevar a confiança do Comitê na estabilização de preços. Dessa forma, para o Índice de Preços ao Consumidor (CPI) de janeiro, é esperado um resultado bastante similar ao de dezembro, com uma alta de 0,2% no indicador cheio e de 0,3% em seu núcleo, que exclui os voláteis componentes de energia e alimentação. Já o crescimento acumulado em 12 meses passaria de 3,4% em dezembro para 3,1% no índice cheio e de 3,9% para 3,7% no mesmo período para o núcleo. Caso estas projeções se confirmem, elas devem reforçar a percepção de que o Federal Reserve ainda manterá seus juros estáveis em março e só iniciará um ciclo de cortes de juros a partir de maio.

 

Vendas do varejo nos EUA

Impacto esperado no USDBRL: altista

As vendas do varejo devem perder ritmo após a forte alta de dezembro, puxada pelas vendas relacionadas às festividades de final de ano, mas deve se manter em expansão e sinalizar que o consumo pessoal nos EUA se mantém aquecido. Espera-se que o crescimento das vendas passe de 0,6% em dezembro para 0,3% em janeiro, enquanto o “núcleo” das vendas, que exclui categorias mais voláteis, como automóveis, materiais de construção e combustíveis, deve passar de 0,4% em dezembro para 0,2% em janeiro.

 

Atritos entre o Planalto e o Congresso

Impacto esperado no USDBRL: altista

Após o intenso desgaste provocado pelas iniciativas do Executivo junto ao Legislativo durante o recesso parlamentar, como a edição da Medida Provisória (MP) que propunha a reoneração da folha de pagamentos e o veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a emendas parlamentares de comissão, a semana foi marcada por conflitos, trocas de farpas públicas e reuniões canceladas. Em busca de um acordo, na última sexta-feira (09), o presidente Lula se reuniu com o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), e combinou que a articulação política deixará de ser conduzida pelo ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e passará para as mãos do ministro da Casa Civil, Rui Costa. Adicionalmente, o Ministério da Fazenda negocia com o Congresso mudanças no alcance e no prazo da reoneração da folha de pagamentos, buscando um meio-termo e, possivelmente, até a retirada da MP e com o envio, em seu lugar, de um Projeto de Lei em caráter de urgência, com prazo de 45 dias para sua análise, com os novos termos negociados, o que permite maior poder de negociação aos congressistas em comparação a uma MP.

 

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TABELA DE INDICADORES ECONÔMICOS
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Fontes: Banco Central do Brasil; B3; IBGE; Fipe; FGV; MDIC; IPEA e StoneX cmdtyView.
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