Panorama Semanal de Câmbio

Panorama de câmbio: principais eventos da semana

 
Leonel Oliveira Mattos
Lucca Bezzon
Vitor Andrioli
Dólar deve refletir ata do Copom, Relatório Trimestral de Inflação, IPCA-15 e PCE americano
  • Fatores baixistas
  • Índice PCE de maio deve apresentar a menor alta mensal desde novembro, contribuindo para aumentar apostas de cortes de juros pelo Fed e enfraquecer o dólar globalmente.
  • Fatores altistas
  • Ata do Copom, Relatório Trimestral de Inflação e estatísticas fiscais para maio devem contribuir para o questionamento da credibilidade das políticas econômicas brasileiras, mantendo as exigências de prêmio de risco por investidores elevadas e contribuir para um enfraquecimento do real.
  •  IPCA-15 mais alto em junho deve manter elevadas as expectativas inflacionárias para o Brasil e contribuir para um enfraquecimento do real.

Resumo da semana passada

A semana foi marcada, mais uma vez, pela percepção elevada de riscos fiscais no Brasil, penalizando os ativos brasileiros. Nem mesmo uma decisão unânime e mais firme do Comitê de Política Monetária foi suficiente para amenizar o cenário de desconfiança de investidores.

O dólar negociado no mercado interbancário terminou a semana em alta, encerrando a sessão desta sexta-feira (21) cotado a R$ 5,441, alta semanal de 1,1%, mensal de 3,6% e anual de 12,1%. Já o dollar index fechou o pregão desta sexta cotado a 105,8 pontos, variação de +0,2% na semana, +1,1% no mês e +4,4% no ano.

Dólar comercial (US$/R$) e Dollar Index (pontos)

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Fonte: StoneX cmdtyView. Elaboração: StoneX.

 

O MAIS IMPORTANTE: Credibilidade das políticas econômicas brasileiras

Impacto esperado no USDBRL: altista

A condução das políticas fiscal e monetária no Brasil, e sua credibilidade junto a investidores, deve ser o foco principal dos agentes durante a semana. Nos últimos dois meses, o desempenho negativo dos ativos brasileiros esteve mais associado a fatores domésticos do que externos, e há dúvidas sobre a possibilidade de um alívio na exigência dos prêmios de riscos por investidores sem medidas concretas do governo federal que amenizem os temores fiscais, o que deve manter o real enfraquecido nesta semana. Após uma decisão unânime e mais firme do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), o boletim Focus da segunda-feira (24) deve revelar se o Copom foi suficiente para deter a tendência recente de piora para as previsões das variáveis macroeconômicas brasileiras. Na terça-feira (25), a ata da decisão do Copom pode complementar a leitura dos operadores do mercado financeiro sobre a reunião, informando se temas como uma mudança no balanço de riscos inflacionários da instituição ou sobre uma possível alta para a taxa básica de juros (Selic) foi debatida. Na quarta-feira (26), o Conselho Monetário Nacional (CMN) se reúne para deliberar, como todo mês de junho, sobre as metas de inflação no Brasil. No último dia 07, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou a jornalistas que o decreto que regulamenta a meta de inflação contínua (ao invés de um objetivo ao fim de cada ano) seria publicado ainda em junho, possivelmente antes da reunião do CMN, e que seria mantido o valor de 3% acumulados em 12 meses. Na quinta-feira (27), o Banco Central divulgará seu Relatório Trimestral de Inflação, a publicação mais completa da instituição de análise do ambiente macroeconômico nacional e com projeções para as principais variáveis para os próximos anos. A decisão será seguida de entrevista coletiva do presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, e do diretor de política econômica, Diogo Guillen. Por fim, na sexta-feira (28), o BC informará as estatísticas fiscais para o mês de maio, em um contexto de desempenho levemente pior que o antecipado para receitas e despesas no ano e de elevada percepção de riscos fiscais para o país.

 

IPCA-15 de junho

Impacto esperado no USDBRL: altista

Adicionalmente, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informará, nesta quarta-feira (26), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) de junho, que deve repetir uma alta ao redor de 0,45%, tal como em maio. Após dois meses de leituras brandas, o IPCA voltou a se acelerar em maio e gerou receios entre integrantes do Banco Central de que o mercado de trabalho mais aquecido está elevando a pressão sobre os índices de preços. Assim, caso a estimativa de junho se confirme, as expectativas inflacionárias devem se manter em elevação e contribuir para uma postura cautelosa de investidores, enfraquecendo o real.

 

PCE de maio nos EUA

Impacto esperado no USDBRL: baixista

O foco dos investidores globais deve se manter sobre as autoridades monetárias das principais economias e o ritmo desigual para o processo de corte de juros entre eles. Nas últimas semanas, os bancos centrais da Europa, Suíça e Canadá reduziram sua taxa básica de juros, enquanto o Federal Reserve (Fed) e o Banco da Inglaterra mantiveram seus juros estáveis. Nos Estados Unidos, após leituras bastante benignas tanto para o Índice de Preços ao Consumidor (CPI) e ao Produtor (PPI) de maio, analistas também esperam uma desaceleração expressiva para o Índice de Preços de Despesas de Consumo Pessoal (PCE), métrica utilizada pelo Federal Reserve para acompanhar inflação ao consumidor. A mediana das estimativas aponta para um crescimento de 0,1% em maio tanto no indicador cheio como em seu núcleo, que exclui os voláteis componentes de alimentação e energia, ante alta de 0,3% e 0,2%, respectivamente, no mês de abril. O dado deve ser influenciado por uma queda de preços em alguns itens voláteis, como passagens aéreas e custos de serviços legais e financeiros. A sequência de números favoráveis para a conjuntura econômica americana em maio recuperou parcialmente as apostas de investidores em cortes de juros pelo Fed, antevendo reduções de 0,25 p.p. nas decisões de setembro, dezembro, janeiro e abril. Assim, se as previsões para o PCE se confirmarem, essas apostas devem ser reforçadas e contribuir para um enfraquecimento generalizado do dólar frente a outras moedas.

 

Taxa Ptax de fim de mês

Impacto esperado no USDBRL: indefinido

Após uma desvalorização acumulada de 7,7% desde abril, a taxa de câmbio do real deve se manter volátil e sob estresse na última semana do mês. Na sexta-feira (28), o volume de negócios e a volatilidade devem ser mais elevados dentro das janelas de horários utilizadas pelo BC para o cálculo da taxa Ptax de fim de mês, ou seja, entre 10h00min e 13h10min. A Ptax é uma referência divulgada diariamente pelo BC e seu valor de fim de mês é muito utilizado em contratos de câmbio e derivativos. Desta forma, os operadores do mercado intensificam suas operações durante estes intervalos, disputando a sua definição.

 

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TABELA DE INDICADORES ECONÔMICOS

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Fontes: Banco Central do Brasil; B3; IBGE; Fipe; FGV; MDIC; IPEA e StoneX cmdtyView.
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