- Fatores baixistas
- Expectativa de “mudança fiscal radical” da Alemanha eleva as perspectivas de crescimento do país e favorece o desempenho do euro, o que tende a enfraquecer o dólar indiretamente.
- Fatores altistas
- Decisão de juros e novas projeções do FOMC devem reforçar uma percepção de que o Federal Reserve será cauteloso em seu ciclo de cortes de juros, o que favorece a rentabilidade de títulos denominados em dólar e contribui para o fortalecimento global da moeda.
- Decisão de juros do Copom pode indicar ritmo mais lento de altas para a taxa básica de juros (Selic), prejudicando a atração de investimentos estrangeiros e enfraquecendo o real.
- Apresentação da proposta de isenção do Imposto de Renda e possibilidade de votação do Orçamento de 2025 podem resultar em maiores exigências de prêmio de risco pelos investidores, contribuindo para um enfraquecimento do real.
Resumo da semana passada
A semana foi marcada pela volatilidade nos mercados financeiros globais em em meio a preocupações com o crescimento econômico americano e a temores de que as tarifas de importação impostas pelos EUA possam prejudicar o dinamismo do país.
A taxa de câmbio do real terminou a sessão desta sexta-feira (14) cotada a 5,7451, recuo semanal de 0,8%, mensal de 2,9% e anual de 7,0%. Já o dollar index fechou o pregão desta sexta cotado a 103,7 pontos, variação de -0,1% na semana, de -3,6% no mês e de -4,1% no ano.
Dólar comercial (US$/R$) e Dollar Index (pontos)
Fonte: StoneX cmdtyView. Elaboração: StoneX.
O MAIS IMPORTANTE: Decisão de juros do FOMC
Impacto esperado no USDBRL: altista
Há praticamente consenso que o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) do Federal Reserve (Fed) deve manter sua taxa básica de juros inalterada no intervalo entre 4,25% e 4,50% a.a. O Comitê deve ressaltar uma postura cautelosa e paciente em seu comunicado, em linha com comentários recentes do presidente do Fed, Jerome Powell, defendendo que a instituição não deve ter pressa para cortar juros enquanto permanecer um cenário de incerteza e volatilidade sobre as condições econômicas. Nesse sentido, o FOMC deve argumentar que precisa de mais tempo para avaliar a evolução das variáveis macroeconômicas americanas, como emprego, inflação e atividade produtiva, e para obter maior clareza sobre os possíveis impactos de medidas propostas pelo governo federal, como a aplicação de barreiras tarifárias ou a demissão em massa de funcionários públicos.
De toda forma, o balanço de riscos enfrentado pelo Federal Reserve parece mais adverso do que o observado em janeiro, ou seja, tanto os riscos de uma inflação mais persistente como os riscos de uma desaceleração do mercado de trabalho parecem ter se elevado. Isto, por sua vez, aumenta a importância das Projeções Econômicas Sumarizadas, que acompanharão a decisão do FOMC desta semana e informa as estimativas do Comitê para crescimento, desemprego, inflação e juros entre 2025 e 2027, em particular do gráfico de dispersão de pontos (“dot plot”) para a taxa de juros, que mostra como os integrantes do FOMC antecipam a evolução dessa taxa. Embora a maior parte das apostas no mercado futuro antecipe três cortes de juros em 2025, é provável que o dot plot reduza sua mediana de dois cortes para apenas um este ano. Dessa forma, a decisão do FOMC pode diminuir as apostas de investidores para a queda dos juros americanos, o que tende a valorizar o dólar globalmente.
EUA: Histórico e expectativa para a taxa de juros – atualizado em 14 de março de 2025
Fonte: CME FedWatch Tool. Elaboração: StoneX. Refere-se à aposta com maior probabilidade no mercado futuro de juros na data indicada.
Decisão de juros do Copom
Impacto esperado no USDBRL: altista
Há elevado consenso de que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) deve elevar a taxa básica de juros (Selic) pela quinta vez consecutiva, de 13,25% a.a. para 14,25%, porém há dúvidas se o Comitê incluirá sinalização futura (“foward guidance”) em seu comunicado. Embora indicadores recentes tenham apresentado uma piora do quadro inflacionário brasileiro, o que mantém um pessimismo sobre as expectativas de inflação e tende a pressionar o Copom a adotar um ciclo mais rígido de altas da Selic, eles também apontaram para uma desaceleração da atividade econômica, o que pode estimular o Copom a ser mais cauteloso na condução da política monetária. A projeção mediana do Boletim Focus antecipa mais duas altas após a decisão desta semana, de 0,50 p.p. em maio e de 0,25 p.p. em junho. A possibilidade de desaceleração do ritmo de altas da Selic nos próximos meses, por sua vez, pode prejudicar a perspectiva de rentabilidade dos títulos denominados em reais e dificultar a atração de capitais estrangeiros, enfraquecendo o real.
Receios fiscais no Brasil
Impacto esperado no USDBRL: altista
O Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que anunciará nesta terça-feira (18), o projeto de ampliação da isenção do Imposto de Renda (IR) para pessoas físicas para rendimentos mensais de até R$ 5 mil. Convém ressaltar que, em novembro de 2024, quando a equipe econômica do governo divulgou o projeto de forma inesperada pela primeira vez, a iniciativa repercutiu negativamente entre os investidores, aprofundando a percepção de que o Palácio do Planalto demonstrava pouca urgência e baixa disposição política para promover ajustes estruturais nos gastos públicos. À época, em um contexto de forte crise de credibilidade da condução da política fiscal, tal anúncio aumentou de maneira expressiva a volatilidade dos ativos domésticos e exerceu pressão desfavorável tanto sobre a taxa de câmbio do real quanto sobre a curva de juros futuros (DI). Ainda que Lula reiteradamente enfatize o compromisso de sua equipe econômica com a solidez das contas públicas e reforce que o projeto busca alternativas de receitas para compensar suas perdas, há uma preocupação entre investidores de que essas intenções não se materializem. Nesse sentido, convém destacar que o relator do Projeto de Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2025, senador Angelo Coronel (PSD-BA), afirmou que Comissão Mista de Orçamento pretende votar o projeto nesta quarta-feira (19) e levada ao Plenário na sequência. Dessa forma, a apresentação do projeto de isenção do IR e a possibilidade de votação do Orçamento de 2025 pode resultar em maior percepção de riscos fiscais para ativos brasileiros, o que tende a enfraquecer o real.
Expansão fiscal na Alemanha
Impacto esperado no USDBRL: baixista
Esta semana, o futuro Chanceler da Alemanha, Friedrich Merz, chegou a um acordo com o Partido Verde para aprovar no Legislativo alemão uma “mudança radical” nas regras fiscais do país, viabilizando a emissão de € 500 bilhões em títulos de dívida pública para investir em infraestrutura e expandir as forças armadas alemãs. O bloco liderado pelo partido conservador CDU, que foi o maior vitorioso das eleições parlamentares de fevereiro e é representado por Merz, juntos com os partidos de centro-esquerda SPD, maior perdedor das eleições e representado pelo atual Chanceler alemão, Olaf Scholz, e Verde possui mais de dois terços dos votos nas duas casas parlamentares alemãs na configuração atual, necessário para mudanças constitucionais, porém não atinge essa marca sob o novo Parlamento, que toma posse em 25 de março. Assim, espera-se que o pacote fiscal consiga ser aprovado antes dessa data, com votação provável no Bundestag na terça-feira (18) e no Bundesrat na sexta-feira (21), o que deve estender a tendência recente de fortalecimento do euro e, indiretamente, contribuir para um enfraquecimento da moeda americana.
TABELA DE INDICADORES ECONÔMICOS
Fontes: Banco Central do Brasil; B3; IBGE; Fipe; FGV; MDIC; IPEA e StoneX cmdtyView.
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